A
estrada de ferro Conde d’Eu na província da Paraíba foi inaugurada em
07/09/1883. A respeito do acontecimento registrou o jornal Brazil em edição do
dia 12/09/1883. Conforme se publicou no referido
jornal:
Teve lugar no dia 07 do corrente mês,
aniversário da independência nacional, a inauguração da nossa estrada de ferro
Conde d’Eu. Para isso, foi preciso trabalhar-se ativamente dia e noite na conclusão
de várias obras que ainda não estavam prontas. Houve portanto atropelo nesses
serviços, que todavia, terminaram a tempo, satisfazendo as exigidas condições de
segurança e perfeição. (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3).
A festa, segundo o referido jornal,
esteve aquém do que geralmente se esperava porque nela nãointerveio o elemento
popular, que lhe dá animação e entusiasmo com a viva expansão dos sentimentos
patrióticos, como acontece nas grandes reuniões, e aqui observamos, há três
anos, por ocasião da inauguração dos trabalhos da mesma estrada. (BRAZIL, RJ,
27/09/1883, p.3).
A festa agora foi aristocrática, e, por
conseguinte, grave e fria, metódica e calculada, o que a muitos pareceu impróprio
e desagradou. Além de que, “os convites limitados que se fizeram, foram distribuídos
sem critérios, dando lugar a preterições e omissões odiosas, daí as queixas,
desgostos, reclamações, que abateram o espírito público” (BRAZIL, RJ,
27/09/1883, p.3)..
As 09h00 da manhã, como fora anunciado,
uma girândola deu o sinal da partida do trem inaugurador da estrada, composto
por 5 vagões, conduzindo as principais autoridades, alguns chefes de
repartições, engenheiros estrangeiros e
nacionais, assim da companhia, como dos empreiteiros, e os mais
convidados com suas famílias, muitos dos quais deixaram de comparecer
pessoalmente, transmitindo os cartões de convites a quem bem quisessem.
A estação final da estrada ficava na
povoação de Mulungu, distante da capital 18 léguas, até lá correu o trem e
depois de uma pequena demora regressou ele a capital, aonde chegou as 18h30 da
tarde.
Em seguida dirigiram-se os convidados a
um dos armazéns da estação elegantemente
ornamentado,onde estavam estendida e preparada uma mesa de cerca de 200
talheres, a ali tomaram a refeição de que sentiam instante necessidade, depois
de nove longas horas de abstinência em
passeio sobre trilhos de ferro.Algumas famílias retiraram-se antes disso. Nem
todos os assentos em torno da mesa foram ocupados.
Foram honrosamente lembrados os Srs. Diogo
Velho e o dr. Anísio da Cunha que “direta e eficazmente promoveram a realização
do importante beneficio”. (BRAZIL, RJ,
27/09/1883, p.3).O último brinde foi levantado pelo presidente da província a
Sua Majestade o Imperador, como era de estilo o fazer.As 22h00 recolheram-se todos as suas
casas e assim terminou a festa.
No dia seguinte, dia 08/09/1881, teve
lugar no mesmo armazém, um esplendido jantar oferecido pelo engenheiro chefe
dos empreiteiros da estrada de ferro, James Meldrum, aos operários da mesma
estrada “foi muito concorrido, perfeitamente servido e assistido por todos os
engenheiros, autoridades superiores e pessoas gradas da nossa sociedade, que
para isso haviam sido graciosamente convidadas”. (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3).
Ainda sobre a inauguração da Estrada de
Ferro Conde d’Eu
A
respeito da inauguração da estrada de ferro Conde d’Eu escreveu também o jornal
Paraibano na edição do dia 09/09/1881.Registrou o referido jornal que:
No dia 07 do corrente, as 9 horas da
manhã teve lugar na estação desta capital, depois da benção a locomotiva Isabel (filha do imperador dom Pedro II
e esposa do Conde d’Eu, o homenageado com a denominação da ferrovia) pelo
vigário da freguesia, a inauguração do
trafego da estrada de ferro Conde d’Eu até o distrito de Mulungu.
Na presença do Sr. Presidente da província,
José
Aires do Nascimento, Câmara Municipal, Chefe
de policia, Engenheiro fiscal, Engenheiro chefe da companhia e empresa e outros
engenheiros, distintos cavalheiros, muitas senhoras, cerca de 200 pessoas, “presenciamos
este imponente espetáculo, seguindo todos em dez vagões de 1ª
e 2ª classes até aquele ponto, com música marcial a frente, em vagão preparado
para isto”. (PARAIBANO APUD BRAZIL, 02/10/1883, p.2).
Durante
o trajeto, realizado em mais de 3 horas, sem o menor incidente, “as senhoras e
cavalheiros convidados para esta festa, foram servidos de espírito e bebidas finas,
alem de alguns alimentos ligeiros próprios do passeio”. (PARAIBANO APUD BRAZIL,
02/10/1883, p.2).
Em todas as estações o trem foi
recebido com foguetes, achando-se elas preparadas com arvoredos, ramos,
bandeiras, colocados a capricho, e ao longo dos edifícios.
No Mulungu teve lugar o batimento do
último prego no trilho pelo presidente da província que f oi acompanhado pelos
engenheiros fiscal, da companhia, da empresa, senhoras e diversos cidadãos notáveis.
(PARAIBANO APUD BRAZIL, 02/10/1883, p.2).
Depois de lançado o auto pela câmara
municipal e assinado, expedido telegrama pelo presidente da província ao
ministro da agricultura, regressou o trem a capital onde chegou as 18h00.
Dias
depois escreveu o mesmo jornal que em Mulungu havia muito algodão e açúcar depositados
em armazéns, vindo de diversos pontos, para serem embarcados no trem e
remetidos ao mercado da capital. Os agricultores estavam convencidos de que no
dia seguinte da inauguração da estrada de ferro em diante estaria aberto o
tráfego como era esperado, no entanto, ficou tudo para depois do dia 07/08/1883.
Fonte: Brazil, Rio de Janeiro, 27/09/1881,
p. 3; 02/10/1883, p.2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário