quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

SOBRE A INAUGURAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO CONDE D’EU



A estrada de ferro Conde d’Eu na província da Paraíba foi inaugurada em 07/09/1883. A respeito do acontecimento registrou o jornal Brazil em edição do dia 12/09/1883. Conforme se publicou no referido jornal:
     Teve lugar no dia 07 do corrente mês, aniversário da independência nacional, a inauguração da nossa estrada de ferro Conde d’Eu. Para isso, foi preciso trabalhar-se ativamente dia e noite na conclusão de várias obras que ainda não estavam prontas. Houve portanto atropelo nesses serviços, que todavia, terminaram a tempo, satisfazendo as exigidas condições de segurança e perfeição. (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3).
      A festa, segundo o referido jornal, esteve aquém do que geralmente se esperava porque nela nãointerveio o elemento popular, que lhe dá animação e entusiasmo com a viva expansão dos sentimentos patrióticos, como acontece nas grandes reuniões, e aqui observamos, há três anos, por ocasião da inauguração dos trabalhos da mesma estrada. (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3).
         A festa agora foi aristocrática, e, por conseguinte, grave e fria, metódica e calculada, o que a muitos pareceu impróprio e desagradou. Além de que, “os convites limitados que se fizeram, foram distribuídos sem critérios, dando lugar a preterições e omissões odiosas, daí as queixas, desgostos, reclamações, que abateram o espírito público” (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3)..
      As 09h00 da manhã, como fora anunciado, uma girândola deu o sinal da partida do trem inaugurador da estrada, composto por 5 vagões, conduzindo as principais autoridades, alguns chefes de repartições, engenheiros estrangeiros e  nacionais, assim da companhia, como dos empreiteiros, e os mais convidados com suas famílias, muitos dos quais deixaram de comparecer pessoalmente, transmitindo os cartões de convites a quem bem quisessem.
      A estação final da estrada ficava na povoação de Mulungu, distante da capital 18 léguas, até lá correu o trem e depois de uma pequena demora regressou ele a capital, aonde chegou as 18h30 da tarde.
      Em seguida dirigiram-se os convidados a um dos armazéns da estação  elegantemente ornamentado,onde estavam estendida e preparada uma mesa de cerca de 200 talheres, a ali tomaram a refeição de que sentiam instante necessidade, depois de nove longas horas de abstinência  em passeio sobre trilhos de ferro.Algumas famílias retiraram-se antes disso. Nem todos os assentos em torno da mesa foram ocupados.
     Foram honrosamente lembrados os Srs. Diogo Velho e o dr. Anísio da Cunha que “direta e eficazmente promoveram a realização  do importante beneficio”. (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3).O último brinde foi levantado pelo presidente da província a Sua Majestade o Imperador, como era de estilo o fazer.As 22h00 recolheram-se todos as suas casas e assim terminou a festa.
      No dia seguinte, dia 08/09/1881, teve lugar no mesmo armazém, um esplendido jantar oferecido pelo engenheiro chefe dos empreiteiros da estrada de ferro, James Meldrum, aos operários da mesma estrada “foi muito concorrido, perfeitamente servido e assistido por todos os engenheiros, autoridades superiores e pessoas gradas da nossa sociedade, que para isso haviam sido graciosamente convidadas”. (BRAZIL, RJ, 27/09/1883, p.3).

Ainda sobre a inauguração da Estrada de Ferro Conde d’Eu
A respeito da inauguração da estrada de ferro Conde d’Eu escreveu também o jornal Paraibano na edição do dia 09/09/1881.Registrou o referido jornal que:
       No dia 07 do corrente, as 9 horas da manhã teve lugar na estação desta capital, depois da benção a locomotiva Isabel (filha do imperador dom Pedro II e esposa do Conde d’Eu, o homenageado com a denominação da ferrovia) pelo vigário da freguesia, a inauguração  do trafego da estrada de ferro Conde d’Eu até o distrito de Mulungu.
      Na presença do Sr. Presidente da província, José Aires do Nascimento,  Câmara Municipal, Chefe de policia, Engenheiro fiscal, Engenheiro chefe da companhia e empresa e outros engenheiros, distintos cavalheiros, muitas senhoras, cerca de 200 pessoas, “presenciamos este imponente espetáculo, seguindo todos em dez vagões de 1ª e 2ª classes até aquele ponto, com música marcial a frente, em vagão preparado para isto”. (PARAIBANO APUD BRAZIL, 02/10/1883, p.2).
      Durante o trajeto, realizado em mais de 3 horas, sem o menor incidente, “as senhoras e cavalheiros convidados para esta festa, foram servidos de espírito e bebidas finas, alem de alguns alimentos ligeiros próprios do passeio”. (PARAIBANO APUD BRAZIL, 02/10/1883, p.2).
      Em todas as estações o trem foi recebido com foguetes, achando-se elas preparadas com arvoredos, ramos, bandeiras, colocados a capricho, e ao longo dos edifícios.
    No Mulungu teve lugar o batimento do último prego no trilho pelo presidente da província que f oi acompanhado pelos engenheiros fiscal, da companhia, da empresa, senhoras e diversos cidadãos notáveis. (PARAIBANO APUD BRAZIL, 02/10/1883, p.2).
      Depois de lançado o auto pela câmara municipal e assinado, expedido telegrama pelo presidente da província ao ministro da agricultura, regressou o trem a capital onde chegou as 18h00. 
     Dias depois escreveu o mesmo jornal que em Mulungu havia muito algodão e açúcar depositados em armazéns, vindo de diversos pontos, para serem embarcados no trem e remetidos ao mercado da capital. Os agricultores estavam convencidos de que no dia seguinte da inauguração da estrada de ferro em diante estaria aberto o tráfego como era esperado, no entanto, ficou tudo para depois do dia 07/08/1883.

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Fonte: Brazil, Rio de Janeiro, 27/09/1881, p. 3; 02/10/1883, p.2.

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