O
caso ocorrido na pequena cidade de Vila Flor, situada a 10 km de Canguaretama e
90 km de Natal, é digno daqueles roteiros de filme que misturam suspense,
mistérios e drama.
Trata-se
do fato da população que estava revoltada com o sumiço misterioso das 3
imagens de santos da igreja local,
inclusive a da padroeira Nossa Senhora
do Desterro.
As outras imagens roubadas foram as de
Nossa Senhora do Rosário e São Joaquim, tendo os ladrões deixado o templo
praticamente vazio, o que levou a população a tomar a decisão de conjunta de
ninguém trabalhar para forçar a tomada de providencias enérgicas das
autoridades competentes.
A medida levou o prefeito, Cristovão
Fagundes a distribuir uma nota oficial repudiando o roubo e apelando no sentido
de que o crime fosse reparado, a fim de ser preservado o sentimento de
religiosidade que estreitava a comunidade inteira, abençoando e conduzindo-a
aos seus caminhos de progresso e de paz.
Também o Sr. Osvaldo de Souza,
representante do Patrimônio Histórico no Rio Grande do Norte informou que as
imagens não estavam tombadas, sendo que apenas a antiga Casa da Câmara e Cadeia pertenciam ao IPHAN, disse
ainda que o roubo das imagens era uma constatação de negligência do
próprio povo de Vila Flor, como também
do vigário de Canguaretama, a quem pertencia a capela, que era cuidada por uma
moradora da localidade.
Disse também que se imagens fossem do
século XVIII e no estilo barroco, deviam valer uma fortuna (naquela época os
ladrões de imagens sacras constituíam verdadeiras quadrilhas especializadas em
furtar santos de valor histórico inestimáveis e conhecedoras dos valores das
peças roubadas).
A movimentação em Vila Flor
O repicar de sinos foi o primeiro ato
dos protestos da população, que estava disposta mobilizar todas as forças para
recuperar as imagens centenárias. Depois foi realizada reuniões, enquanto
vários telegramas eram expedidos a todas as autoridades do Rio Grande do Norte
solicitando providências.
A baixo Dom Nivaldo Monte (ao centro de terno) e o padre Pedro a direita.O arcebispo metropolitano de Natal foi a Vila Flor tentar acalmar os ânimos da população mas só encontrou um clima de hostilidade para com o padre Pedro acusado pelo roubo das imagens junto com a freira alemã.Ao fundo a igreja de Vila Flor do século VXIII de onde as imagens foram roubadas.
Em Vila Flor compareceram imediatamente
o arcebispo de Natal, Dom Nivaldo Monte e o tenente Belmiro de Medeiros,
delegado da DIRFD e o próprio padre José Pedro, este estava sendo acusado pelo
povo de ter participado doa to criminoso que provocou a movimentação fora do
comum no pacato vilarejo de Vila Flor.
Uma grande multidão de homens, mulheres
e crianças se concentravam em frente a igreja do século XVII chegando mesmo a
ameaçar o vigário José Pedro , a quem
foram dirigidas palavras hostis por alguns mais revoltados, “esse padre só não apanha
porque veio em companhia do bispo” dizia o povo.
Consciência tranquila
O padre José Pedro, de 35 anos, que
estava sendo acusado juntamente com a freira alemã Ana Elizabeth Lenzie, de 40
anos, pelo roubo das imagens, afirmava por sua vez que a verdade haveria de
surgir, para então o povo de Vila Flor
verificar como foi ingrato para com ele, porém o padre afirmava que não desejava o mal aqueles
moradores pois o importante era perdoar sempre.
Ele dizia ainda que o arcebispo iria
tomar as providências e durante muito tempo de frequentar a igreja de Vila Flor
quase como um castigo, pois o povo de teria que se deslocar até Canguaretama
para assistir atos religiosos e dizia ainda que estava com a consciência
tranquila.
Também a freira declarava ser um
absurdo e não tinha nada a dizer sobre as acusações infundas e maldosas.
Um dos fatores que fez a população de
Vila Flor acreditar que a missionária alemã estivesse envolvida no
desaparecimento das imagens foi que ela, em visita a igreja, se entusiasmou
muito com a beleza dos santos, examinando-os detalhadamente e revelando que
eram de grande valor artístico.
Comentava-se
ainda que o padre José Pedro estaria
conivente com a freira.Também na madrugada do roubo foi ouvido barulho de Volks
nas proximidades da igreja sendo que a
freira realmente possuía um automóvel da mesma marca, por sua vez o Sr. João
Felinto, suplente do delegado afirmava ter sido apenas a freira a autora
material ou intelectual da imagens.Corroborava para essa afirmação do delegado
o fato de que há alguns dias antes ela esteve na cidade em companhia de um
senhor de barba e os dois ficaram entusiasmados com as imagens.
O roubo foi percebido quando a zeladora
Lindalva de Oliveira abriu a igreja a pedido de uma mulher que desejava pagar
uma promessa. O alarme foi dado e mais 80 homens queria caminhar até a cidade
de Canguaretama,onde morava o padre e a catequista acusados para vasculhar as casas dos dois.Com muito esforço, no
entanto, o prefeito conseguiu demover dessa intenção.
Em Vila Flor o clima era de tensão e revolta
que aumentava a medida que se aproximava a data da festa da Padroeira no dia 12
de fevereiro, pois as imagens foram roubadas quando o município se preparava
para o acontecimento cujos os planos foram mudados.
E o pior é que já se tinha um clima de
guerra santa entre a população de Vila Flor e Canguaretama, pois o povo desta
cidade estaria disposto a levar o padre José Pedro até a primeira arrumado para
rezar uma missa, afirmando que o vigário não seria molestado.Mas o povo de Vila
Flor garantia por sua vez, que se os moradores de Canguaretama realmente
fizessem essa provocação seriam
recebidos com pancadaria.
Ante a eminência de surgir um atrito de
graves consequências entre as populações
das duas cidades, o tenente Belmiro Medeiros da DRPR deslocou-se novamente para
a região,onde procurou sanar os ânimos
dos exaltados e conseguir uma solução pacifica para o impasse.Para
tanto, ele prometia que as diligencias seriam realizadas com rigor.
Mas no semblante de cada um dos
moradores de Vila Flor notava-se a profunda tristeza de que todos estavam
tomados, querendo as imagens de volta, pois acreditavam que era a própria
segurança da localidade e que sem elas haveria seca, miséria e sofrimento.
O clima era tenso naqueles dias de
janeiro e fevereiro de 1972 na pacata Vila Flor, que havia renascido das cinzas
depois de ter sido suprimida como município e permanecer mais de um século como
distrito de Canguaretama. Seus pouco mais de 2.000 habitantes a época viram de repente
suas vidas transformadas bruscamente pelo sumiço das imagens e colocar a cidade
nas primeiras páginas dos jornais locais e nacionais.
Epilogo
Epilogo
As imagens nunca foram recuperadas.O caso jamais foi solucionado.O padre José Pedro da Silva algum tempo depois deixou o sacerdócio, casou e exerceu o cargo de secretário de educação em Macaíba.A irmã retornou a Alemanha.
O roteiro do filme já está feito, basta
alguém querer produzi-lo.
Pra quem não conhece a história do roubo dos santos da igreja Nossa Senhora do Desterro em vila flor além de revoltante a história é emocionante.
ResponderExcluirN conheço a história
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