terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A TRAVESSIA PELO MAR ENTRE NATAL E O RIO DE JANEIRO POR CINCO REMADORES POTIGUARES


Já publiquei aqui a fantástica aventura de cinco jovens escoteiros entre 16 e 20 anos que partiram a pé de Natal a São Paulo em 1923. Agora apresentamos a não menos fabulosa aventura de cinco homens, dos quais 4 na faixa dos 40 anos e 1 ancião, saíram numa iole do rio Potengi em Natal até a baia da Guanabara no Rio de Janeiro em 1952 numa aventura de mais de 2.000 milhas náuticas.Os cinco remadores partiram da margem do rio Potengi em Natal em 30/03/1952.Mal se podia acreditar na façanha dos intrépidos navegadores potiguares.
Não era só coragem espantosa, na intrepidez inaudita que estava o heroísmo dessa jornada, disse Humberto Peregrino, jornalista também potiguar que escreveu a matéria sobre a façanha na revista Careta.Para ele era preciso pensar também na capacidade de sacrifício e no esforço físico que despenderam os navegadores  da iole ‘Rio Grande do Norte’ (esse era o nome da embarcação).
Os remadores pousavam quase sempre em praias rústicas, sem recursos, em vez de recepções festivas, tiveram apenas acolhimento simples e pobre de gente humilde.E foi assim durante meses a fio em que se deu a viagem, “não conheceram regalos, mas tão somente provações, fadigas e riscos” escreveu Humberto Peregrino.
Na altura de Sergipe ocorreu um naufrágio onde perderam a iole, que foi partida ao meio, devido aos açoites das vagas do enfurecido.Demoraram ali só o tempo necessário de construir outra embarcação “ e ei-los de novo sobre o mar, avançando para o Rio de Janeiro no mesmo barco exíguo e débil, impulsionado aos golpes ritmados de bons punhos caboclos”, escreveu Humberto Peregrino.“sei que a gente recobra confiança no Brasil quando vê um feito desses” escreveu Humberto Peregrino.

Quem eram os aventureiros?
    A essa altura o distinto leitor deve está fazendo essa pergunta.Clarividente não cometeríamos uma injustiça de não citá-los.Vos apresento então os cinco potiguares que se aventuraram pelo mar numa iole entre Natal e o Rio de Janeiro:
        Ricardo Cruz (idealizador da aventura).
         Luiz Enéas dos Santos.
         Antônio Souza Duarte.
         Oscar Simões.
         Walter Fernandes.
         Foram estes os “heróis da iole Rio Grande do Norte, provam que a raça é forte e o homem valoroso e idealista”. Segundo Humberto Peregrino.
         Ainda segundo Humberto Peregrino era verdade que o Rio de Janeiro não recebeu os heróis  da iole Rio Grande do Norte com a consagração que bem mereciam.Para ele jogadores de futebol ou cantores de rádio (os ídolos da época), costumavam receber ovações delirantes, porque eram autores de feitos que sensibilizavam facilmente o grande número de pessoas.
        Já a façanha dos remadores potiguares não tinha realidade palpável nem sentido para as multidões, cujas ideias, sentimentos e emoções eram predominantemente manipuladas pelo rádio.

                         Partida dos ramadores   do rio Potengi em Natal

                            Ricardo Cruz foi quem teve a ideia da aventura


                                Pessoas ajudando os remadores potiguares

                                Em Conceição da Barra no Espirito Santo



                                          Chegada na praia de Itaúnas

Os cinco remadores aventureiros potiguares 
(4 na faixa dos 40 anos e 1 já ancião)


Quadra de despedida dos remadores composta por Otoniel Menezes





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Fonte do texto e das imagens: Careta, 13/06/1953, p.21-23.

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