Já
publiquei aqui a fantástica aventura de cinco jovens escoteiros entre 16 e 20
anos que partiram a pé de Natal a São Paulo em 1923. Agora apresentamos a não
menos fabulosa aventura de cinco homens, dos quais 4 na faixa dos 40 anos e 1
ancião, saíram numa iole do rio Potengi em Natal até a baia da Guanabara no Rio
de Janeiro em 1952 numa aventura de mais de 2.000 milhas náuticas.Os cinco
remadores partiram da margem do rio Potengi em Natal em 30/03/1952.Mal se podia
acreditar na façanha dos intrépidos navegadores potiguares.
Não
era só coragem espantosa, na intrepidez inaudita que estava o heroísmo dessa
jornada, disse Humberto Peregrino, jornalista também potiguar que escreveu a
matéria sobre a façanha na revista Careta.Para ele era preciso pensar também na
capacidade de sacrifício e no esforço físico que despenderam os
navegadores da iole ‘Rio Grande do Norte’
(esse era o nome da embarcação).
Os remadores pousavam
quase sempre em praias rústicas, sem recursos, em vez de recepções festivas,
tiveram apenas acolhimento simples e pobre de gente humilde.E foi assim durante
meses a fio em que se deu a viagem, “não conheceram regalos, mas tão somente
provações, fadigas e riscos” escreveu Humberto Peregrino.
Na
altura de Sergipe ocorreu um naufrágio onde perderam a iole, que foi partida ao
meio, devido aos açoites das vagas do enfurecido.Demoraram ali só o tempo
necessário de construir outra embarcação “ e ei-los de novo sobre o mar,
avançando para o Rio de Janeiro no mesmo barco exíguo e débil, impulsionado aos
golpes ritmados de bons punhos caboclos”, escreveu Humberto Peregrino.“sei
que a gente recobra confiança no Brasil quando vê um feito desses” escreveu Humberto
Peregrino.
Quem
eram os aventureiros?
A essa altura o distinto leitor deve
está fazendo essa pergunta.Clarividente não cometeríamos uma injustiça de não
citá-los.Vos apresento então os cinco potiguares que se aventuraram pelo mar
numa iole entre Natal e o Rio de Janeiro:
Ricardo
Cruz (idealizador da aventura).
Luiz
Enéas dos Santos.
Antônio Souza Duarte.
Oscar Simões.
Walter Fernandes.
Foram estes os “heróis da iole Rio
Grande do Norte, provam que a raça é forte e o homem valoroso e idealista”. Segundo
Humberto Peregrino.
Ainda segundo Humberto Peregrino era
verdade que o Rio de Janeiro não recebeu os heróis da iole Rio Grande do Norte com a consagração
que bem mereciam.Para ele jogadores de futebol ou cantores de rádio (os ídolos da
época), costumavam receber ovações delirantes, porque eram autores de feitos
que sensibilizavam facilmente o grande número de pessoas.
Já a façanha dos remadores potiguares
não tinha realidade palpável nem sentido para as multidões, cujas ideias,
sentimentos e emoções eram predominantemente manipuladas pelo rádio.
Partida dos ramadores do rio Potengi em Natal
Ricardo Cruz foi quem teve a ideia da aventura
Em Conceição da Barra no Espirito Santo
Chegada na praia de Itaúnas
Os cinco remadores aventureiros potiguares
(4 na faixa dos 40 anos e 1 já ancião)
Quadra de despedida dos remadores composta por Otoniel Menezes
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Fonte do texto e das imagens:
Careta, 13/06/1953, p.21-23.
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