Antes de torna-se paróquia a
comunidade de Taipu pertenceu pastoralmente a freguesia de Nossa Senhora da
Conceição de Ceará Mirim.
Primórdios da evangelização
A evangelização na região da cidade de Taipu
deu-se em meados do século XVIII, e atribuída aos frades capuchinhos quando em
1749 vindos da capitania de Pernambuco pregaram missão na região do rio
Ceará-Mirim, onde habitavam algumas tribos indígenas e os primeiros
colonizadores dessa região.
Capelas na região de Taipu
Já no século XIX constam na região
algumas capelas na região de Taipu, onde foram visitadas pelo então bispo de
Olinda e Recife, dom João da Purificação Marques Perdigão, que ao Rio Grande do
Norte, o referido prelado chegou em 1839 e na região de Taipu no mês de
novembro desse ano.
Dos relatos de sua viagem podemos
visualizar fatos relativos a administração dos sacramentos do crisma, o grande
numero de pessoas que vieram ao encontro do bispo além de mencionar as capelas que
foram visitadas, a saber: Taipu do Meio, Riacho Fechado, Várzea dos Bois, Boa
Água, Umari e Ladeira Grande. Todas estas capelas e comunidades pertenciam à
freguesia de Nossa Senhora da Conceição da cidade de Ceará-Mirim.
Relato da visita pastoral de dom João da
Purificação Marques Perdigão
O bispo da diocese de Olinda e
Recife, que à época abrangia as províncias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande
do Norte, empreendeu uma extensa visita pastoral em todo território de sua
diocese.
Do extenso relato da sua viagem em 4
dias de visita pela região de Taipu o
referido bispo anotou em seu diário em novembro de 1839[1]
Dia 8. Sahi da Ladeira Grande pelas 5 horas
da manhan, e cheguei a Taipú do Meio, onde fui hospedado e rogado para ali
permanecer até domingo, certificado de n’este lugar deve concorrer considerável
número de povo para receber o sacramento da confirmação, e satisfeito de
encontrar nas pessoas, que me receberam, muita probidade e religião. De noite crismei
quazi 100 pessoas, assistindo á pratica maior numero de concorrentes [...].
Dia 9. [...] atendendo a longitude de
muitas pessoas, que estavam chegando, e como era mister que todos os crismandos
recebessem a imposição de mãos fui obrigado a principiar a acção do santo
crisma pelas 8 horas da noite, administrando este sacramento a mais de 1.000, terminando
depois da meia noite [...].
Dia 10. Celebrei pelas 8 horas, assistindo considerável numero de povo,
e depois crismei quazi 30 pessoas. Dizendo missa o padre Jozé, algum tempo
depois, também concorreu muitas pessoas, no fim do qual cazou uns noivos com
licença minha, e dispensados os banhos por mui atendíveis motivos. Finalmente
tornei a crismar 30 a 4 pessoas, que moram em grande distancia. De noite
principiei a crismar particularmente pelas 8 horas algumas pessoas, que eviram
de longe [...] como, porém até as 9 chegassem por vezes várias famílias,
crismei mais de 200 pessoas, impondo-lhes 4 vezes as mãos.
Dia 11. Sahi do Taipú pelas 6 horas da manhan acompanhado de alguns
cavalleiros, e descansei no sitio denominado Capella [...] [2].
Os dias que
passou em Taipu foram dedicados a administração dos sacramentos como a crisma,
realizações de casamentos e celebração da missa.
Vislumbra-se que tal visita foi de
grande importância para a população local, pois puderam se aproximar dos
sacramentos e da assistência do bispo que àquela época eram raras uma visita
episcopal além da assistência sacramental. Quanto
à história, foi a primeira vez que um bispo pisou em solo taipuense, fato que
só viria a ocorrer 60 anos depois.
Autorização para a construção da capela
O curioso é que o pedido para se
construir uma capela em Taipu não quando o bispo se encontrava em Taipu mas foi
feita quando este se encontrava em São Gonçalo do Amarante vindo então a
receber a solicitação para se construir um oratório particular e uma capela
publica em Taipu feita por Bernardo José da Costa conforme os relatos da viagem
do prelado.
Dia 28. [...] despachei outros requerimentos, entre os
quaes foram 2 de Bernardo de Taipu do Meio, para este fazer celebrar missa no
oratório que pretende edificar, depois que for visitado e aprovado pelo
reverendo paroco. Tambem lhe concedi licença para erigir uma capella publica
com a clauzula de aprenzentar o respectivo patrimônio, antes de obter nova
permissão para administração dos sacramentos (RHIGB,p.)
Á época as capelas ou igrejas só
podiam ser construídas com permissão do bispo diocesano. Foi necessária a
visita de um pároco para atestar a autorização diocesana para a construção da
capela de Taipu.
O que se pode concluir destes
relatos é que já existia uma devoção a Nossa Senhora do Livramento nesse período,
visto que o solicitante pede autorização para um oratório particular, visto que
para se obter tal autorização o solicitante já deveria ser possuidor da imagem
da qual requeria o oratório, ou seja, a imagem de Nossa Senhora do Livramento,
está imagem, portanto, já se encontrava em altar particular na casa de Bernardo
José da Costa em 1839.Já a capela pública seria construída após a doação do
terreno para tal finalidade. Isso só ocorreu, como veremos mais adiante, em
1861.
Dai se conclui que do pedido para
construção requisitada ao bispo até a doação do terreno para se construir a
capela decorreram-se 22 anos. São desconhecidos os motivos de tão grande
interstício, para o começo da construção da capela de Nossa Senhora do
Livramento. Supomos que as deliberações burocráticas e dificuldade de
comunicação entre a província e a sede do bispado foram os motivos do atraso da
construção.
Considerando a doação do terreno em
1861 e informações que dão conta que a capela demorou 30 anos para ser
concluída, podemos situar o ano de 1891 como sendo o ano de conclusão da
capela.
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