quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Antecedentes históricos da religiosidade católica em Taipu


            Antes de torna-se paróquia a comunidade de Taipu pertenceu pastoralmente a freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Ceará Mirim.

Primórdios da evangelização
             A evangelização na região da cidade de Taipu deu-se em meados do século XVIII, e atribuída aos frades capuchinhos quando em 1749 vindos da capitania de Pernambuco pregaram missão na região do rio Ceará-Mirim, onde habitavam algumas tribos indígenas e os primeiros colonizadores dessa região.
Capelas na região de Taipu
            Já no século XIX constam na região algumas capelas na região de Taipu, onde foram visitadas pelo então bispo de Olinda e Recife, dom João da Purificação Marques Perdigão, que ao Rio Grande do Norte, o referido prelado chegou em 1839 e na região de Taipu no mês de novembro desse ano.
            Dos relatos de sua viagem podemos visualizar fatos relativos a administração dos sacramentos do crisma, o grande numero de pessoas que vieram ao encontro do bispo além de mencionar as capelas que foram visitadas, a saber: Taipu do Meio, Riacho Fechado, Várzea dos Bois, Boa Água, Umari e Ladeira Grande. Todas estas capelas e comunidades pertenciam à freguesia de Nossa Senhora da Conceição da cidade de Ceará-Mirim.

Relato da visita pastoral de dom João da Purificação Marques Perdigão
           
            O bispo da diocese de Olinda e Recife, que à época abrangia as províncias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, empreendeu uma extensa visita pastoral em todo território de sua diocese.
            Do extenso relato da sua viagem em 4 dias de visita  pela região de Taipu o referido bispo anotou em seu diário em novembro de 1839[1]
Dia 8. Sahi da Ladeira Grande pelas 5 horas da manhan, e cheguei a Taipú do Meio, onde fui hospedado e rogado para ali permanecer até domingo, certificado de n’este lugar deve concorrer considerável número de povo para receber o sacramento da confirmação, e satisfeito de encontrar nas pessoas, que me receberam, muita probidade e religião. De noite crismei quazi 100 pessoas, assistindo á pratica maior numero de concorrentes [...].
Dia 9. [...] atendendo a longitude de muitas pessoas, que estavam chegando, e como era mister que todos os crismandos recebessem a imposição de mãos fui obrigado a principiar a acção do santo crisma pelas 8 horas da noite, administrando este sacramento a mais de 1.000, terminando depois da meia noite [...].
Dia 10. Celebrei pelas 8 horas, assistindo considerável numero de povo, e depois crismei quazi 30 pessoas. Dizendo missa o padre Jozé, algum tempo depois, também concorreu muitas pessoas, no fim do qual cazou uns noivos com licença minha, e dispensados os banhos por mui atendíveis motivos. Finalmente tornei a crismar 30 a 4 pessoas, que moram em grande distancia. De noite principiei a crismar particularmente pelas 8 horas algumas pessoas, que eviram de longe [...] como, porém até as 9 chegassem por vezes várias famílias, crismei mais de 200 pessoas, impondo-lhes 4 vezes as mãos.
Dia 11. Sahi do Taipú pelas 6 horas da manhan acompanhado de alguns cavalleiros, e descansei no sitio denominado Capella [...] [2].
            Os dias que passou em Taipu foram dedicados a administração dos sacramentos como a crisma, realizações de casamentos e celebração da missa.
            Vislumbra-se que tal visita foi de grande importância para a população local, pois puderam se aproximar dos sacramentos e da assistência do bispo que àquela época eram raras uma visita episcopal além da assistência sacramental. Quanto à história, foi a primeira vez que um bispo pisou em solo taipuense, fato que só viria a ocorrer 60 anos depois.


  “Satisfeito de encontrar nas pessoas, que me receberam, muita probidade e religião”. Dom João da purificação Marques Perdigão, bispo de Olinda e Recife. Foto: www.jjcordel-pe.blogspot.com.

Autorização para a construção da capela
            O curioso é que o pedido para se construir uma capela em Taipu não quando o bispo se encontrava em Taipu mas foi feita quando este se encontrava em São Gonçalo do Amarante vindo então a receber a solicitação para se construir um oratório particular e uma capela publica em Taipu feita por Bernardo José da Costa conforme os relatos da viagem do prelado.
Dia 28. [...] despachei outros requerimentos, entre os quaes foram 2 de Bernardo de Taipu do Meio, para este fazer celebrar missa no oratório que pretende edificar, depois que for visitado e aprovado pelo reverendo paroco. Tambem lhe concedi licença para erigir uma capella publica com a clauzula de aprenzentar o respectivo patrimônio, antes de obter nova permissão para administração dos sacramentos (RHIGB,p.)

            Á época as capelas ou igrejas só podiam ser construídas com permissão do bispo diocesano. Foi necessária a visita de um pároco para atestar a autorização diocesana para a construção da capela de Taipu.
            O que se pode concluir destes relatos é que já existia uma devoção a Nossa Senhora do Livramento nesse período, visto que o solicitante pede autorização para um oratório particular, visto que para se obter tal autorização o solicitante já deveria ser possuidor da imagem da qual requeria o oratório, ou seja, a imagem de Nossa Senhora do Livramento, está imagem, portanto, já se encontrava em altar particular na casa de Bernardo José da Costa em 1839.Já a capela pública seria construída após a doação do terreno para tal finalidade. Isso só ocorreu, como veremos mais adiante, em 1861.
            Dai se conclui que do pedido para construção requisitada ao bispo até a doação do terreno para se construir a capela decorreram-se 22 anos. São desconhecidos os motivos de tão grande interstício, para o começo da construção da capela de Nossa Senhora do Livramento. Supomos que as deliberações burocráticas e dificuldade de comunicação entre a província e a sede do bispado foram os motivos do atraso da construção.
            Considerando a doação do terreno em 1861 e informações que dão conta que a capela demorou 30 anos para ser concluída, podemos situar o ano de 1891 como sendo o ano de conclusão da capela.



[1] Ao transcrever as anotações do relato do bispo, o autor preferiu por deixar tal como foi escrito, ou seja, com a ortografia usual da época.
[2] Revista do instituto histórico e geográfico do Brasileiro. Tomo LV. Rio de Janeiro: Companhia Typographica do Brasil.1892. Disponível em PDF.

Nenhum comentário:

Postar um comentário