Em respostas a ousadia dos extremistas comunistas a Igreja
Católica de Natal organizou um ato de reparação pública ao atentado dos
comunistas à civilização cristã com uma procissão de penitencia e missa de ação
de graças.
A Confederação Católica masculina e feminina, sob os
auspícios do Bispo Diocesano e presidida pelos vigários da Catedral, Alecrim e
Bom Jesus das Dores da Ribeira, deliberou promover uma grande manifestação
pública de fé em reparação do atentado dos comunistas à civilização cristã e em
ação de graçs a Deus pela vitória da legalidade.
Constaria o desagravo dos católicos de uma procissão de
penitencia com a imagem do Bom Jesus da Dores, no sábado, dia 07/12/1935, as
16h00, saindo o cortejo da igreja da Ribeira, passando pela Catedral e
recolhendo-se à matriz do Alecrim.
No dia seguinte, domingo, dia 08/12/1935, festa da Imaculada
Conceição, haveria as 05h00 da manhã, em frente a igreja de São Pedro, missa
campal, em ação de graças, celebrada pelo Bispo Diocesano, Dom Marcolino
Dantas, falando ao povo nessa ocasião o sábio jesuíta padre Camilo Torrend, que
estava naqueles dias na capital potiguar.
Após a missa voltaria em procissão à igreja da Ribeira a
imagem do Bom Jesus das Dores.
Para que essa parada de fé reunisse maior número de
católicos e fosse um acontecimento extraordinário entre o povo de Natal ficou
estabelecido:
1- intensa propaganda pela Ordem durante a semana;
2-distribuição e afixação de boletins por toda a cidade;
3-Avisos repetidos dos vigários e capelães aos seus fiéis;
4- Insistir cada presidente de associação junto aos
respectivos membros no sentido de nenhum faltar. Trazer o estandarte e
apresentar-se com as insígnias. As irmandades compareceriam sem opa;
5- Chamada pelos sinos de todas as
igrejas as 15h00 do sábado e as 04h00 no domingo;
6- Apelo as repartições, ao comércio,
as fábricas, as oficinas e todos os estabelecimentos de trabalho, a fim de cessarem
as atividades as 15h00 do sábado, e aos que tivessem interesses na feira do
Alecrim a só comparecerem ali, depois de recolhida a procissão, as 07h00 do
domingo.
O itinerário da procissão foi assim
estabelecido: Sábado: Praça José da Penha, a direita, Avenida Nisia Floresta,
Praça Augusto severo, a direita, Avenida Junqueira Aires, Praça 7 de Setembro,
rua Ulisses Caldas, Praça André de Albuquerque, a direita e Padre João Maria,
rua João Pessoa , Avenida Rio Branco, Praças Alberto Gomes e Pedro Américo,
recolhendo-se à igreja de São Pedro.no Domingo: Praça Pedro Américo, Avenida
Rio Branco, recolhendo-se a igreja do Bom Jesus na Ribeira (A ORDEM,
03/12/1935,p.1).
Depois de uma semana de preparação em
que seria vista a boa vontade de todos, realizou-se em 07/12/1935 a imponente
procissão de penitencia promovida pelas forças católicas em desagravo do
atentado comunista à civilização cristã e em ação de graças a Deus pela vitória
da legalidade.
As 16h00 em frente a igreja do Bom Jesus
das Dores na Ribeira, organizou-se o cortejo, com a presença de todos os
sodalícios religiosos com seus estandartes, outras corporações que se
solidarizaram com o movimento e o povo em geral, desejoso de render sua
homenagem a Cristo Rei.
Durante o percurso foram entoados
cânticos e recitado o terço, tendo sido escolhido os seguintes hinos, muito
conhecidos dos fiéis: Queremos Deus, Honrar e Glória Louvor Sempiterno; Perdão
meu Deus, Com Minha Mãe estarei e Salve ó Maria.
Em poder das várias catequistas e na
redação do jornal A Ordem poderiam ser procurados impressos desses hinos.
Cada vigário presidiu a procissão na
circunscrição de sua paróquia, oficiou na cerimônia litúrgica do recolhimento o
Bispo Diocesano.
Atendendo ao apelo da Confederação Católica,
as repartições públicas e o comércio, num gesto digno de aplausos, fecharam as
15h00.
No dia 08/12/1935, festa da Imaculada
Conceição, teve lugar a segunda parte da manifestação católica constante de
missa campal, celebrada pelo Bispo Diocesano, as 05h00 da manhã, em frente a
igreja de São Pedro no Alecrim, falando ao povo nessa ocasião o padre Camilo
Torrend.Após a missa voltou em procissão à igreja da Ribeira a imagem do Bom
Jesus, onde ali houve missa celebrada pelo vigário geral, que presidiu a procissão de retorno.
A missa da madrugada da Catedral e Alecrim não foram celebradas, em
virtude dessa manifestação, mas houve comunhão as 04h30 na matriz do Alecrim e
na igreja de Santo Antonio ( A ORDEM, 07/12/1935, p.1).
De acordo com o jornal A Ordem, que
obviamente fez a cobertura da manifestação, “há muito tempo nossa capital não
assistia demonstração de fé tão grandiosa quanto a que ontem presenciamos”.
Multidão incalculável, composta de
todas as associações religiosas, masculinas e femininas, escoteiros do mar,
alunas do Orfanato João Maria, povo em geral, acorreu à igreja do Bom Jesus, de
onde partiu a procissão, sendo conduzida até o Alecrim a imagem do Bom Jesus
das Dores.A frente seguiam os estandartes de todas as associações.
todas as ruas do itinerários, as
janelas das casas, estavam repletas de fiéis, que em sua maioria se
incorporaram ao grandioso prestito.
Durante todo o trajeto foram entoados
hinos sacros e rezado o terço.
à porta da igreja de São Pedro do
Alecrim acompanhado do monsenhor Alfredo
Pegado encontrava-se o Bispo Diocesano, Dom Marcolino Dantas.
Ao ingressar na igreja a procissão toda
a multidão vibrou em aclamações a Cristo Rei (A ORDEM, 08/12/1935, p.1).
Titulo da chamada do jornal A Ordem da manifestação pública pelo fracasso do golpe comunista em Natal. |
Não foram menos concorridas
nem menos imponentes do que as de sábado as manifestações de fé do povo de
Natal no domingo, em desagravo ao atentado comunista que tentou ensanguentar a
Pátria Brasileira e a Capital potiguar.
Desde muito cedo as ruas se encheram de fiéis em direção a
igreja de São Pedro do Alecrim, onde, as 05h00 da manhã, foi celebrada pelo
Bispo Diocesano, Dom Marcolino Dantas a missa campal.
Antes da missa, as 04h30 houve distribuição da santa
comunhão, tomando parte no banquete eucarístico, número incontável de fiéis.
As 05h00 a vasta praça em frente a igreja do Alecrim
achava-se repleta de fiéis,d ando inicio o bispo a celebração da missa, estando
o altar cercado pelos estandartes das diversas associações católicas.
Após a leitura do evangelho fez-se ouvir o sábio jesuíta Pe.
Camilo Torrend, cujas palavras foram transcritas pelo jornal A Ordem conforme a
seguir.
O
sermão do Pe. Torred
O Pe. Torrend começou seu
sermão dizendo que ali estava o Homens das Dores a Quem todos rendiam homenagem.
Passou a recordar que há 1935 anos a situação do mundo se assemelhava muito ao
estado de coisas atuais. Começou a historiar os costumes da Roma pagã,
devastada por três grandes males: as trevas da inteligência, a falta de caráter
de firmeza na vontade e o pavor nos corações.
Estudou cada um desses males. Disse que as trevas da
inteligência atigiam os maiores intelectuais da época, eles também adoradores
de deuses abjetos, tais como Saturno, devorador dos próprios filhos e Júpiter,
que descreviam com uma vida cheia de escândalos.
Desse desvio da inteligência decorria logicamente a falta de
firmeza na vontade, levando homens e mulheres da época a uma vida
desregrada. Descreveu a posição de patente inferioridade em que era tida a
mulher. Falou na nodoa da escravidão. No direito de vida e morte que os pais tinham
sobre os filhos.
A ausência de caráter nos homens originava por sua vez o
pavor nos corações. Ninguém estava seguro.O patrão receava revolta dos
operários, os operários receavam os rigores do patrão, o marido a denuncia da
mulher, a mulher os castigos do marido, os filhos a morte pelos pais e os pais a
morte pelos filhos. Houve um ano em que se cometeram 5.000 parricídios.
Os próprios imperadores não se sentiam seguros, pois nas
Gálias, em outros pontos, poderiam rebelar-se um regimento, as legiões, para depô-lo
e matá-lo.
E foi assim, no meio de tanta miséria, que surgiu a doutrina
cristã, que veio Jesus Cristo, o maior benfeitor da humanidade, como assim o
chamou, entre aplausos, em plena Academia Francesa de Letras, o escritor René
Bazin.
O cristianismo veio salvar o mundo. Aproximou o patrão do
operário, o abastado do miserável, o pai do filho, dignificou a mulher,
tornando-a a rainha do Lar. Ensinou obediência, o respeito à autoridade.
Hoje volta novamente o Universo a assemelhar-se aos tempos
do paganismo. Uma seita infernal, vinda do extremo oriente, procura conquistar o
mundo. O Pe. Torrend passou a descrever o que queria o comunismo, quais as
consequências. A degradação abjeta a que reduzia a mulher, transformando-a em
joguete das paixões mais baixas. O desrespeito a religião, o ateísmo,
transformado em norma. A desobediência e desprezo aos pais tidos como coisa
louvável. Citou o exemplo do filho comunista que escarrou na cara da própria
mãe, recebendo por isso um prêmio. Relatou o caso de outro filho que negou o
próprio pão a sua velha mãe e dizendo-lhe que não ia perder tempo com ela.
Essas misérias é que o comunismo tentou implantar no Brasil,
que Jesus salvou, por sua bondade, graças ao valor e a energia dos militares e
cidadãos que resistiram ao golpe infernal e também graças as tradições
católicas de nossa pátria, que repudiam a barbárie do comunismo.
Passou o jesuíta a dizer que nós somos um dos maiores povos
da Terra, sem dissensões de classe, sem questão racial, junto formando brancos
e homens de pele escura (sic!), bons hospitaleiros.
Mas se o golpe comunista tivesse triunfado a nossa Pátria
hoje seria uma enorme poça de sangue, um verdadeiro cemitério, nãos e podendo
calcular o número de pessoas que seriam sacrificadas, pois todos os homens de
bem sofreriam. Recordou ainda que na Rússia, nos primeiros dias da revolução
foram massacrados nada menos de 50.000 pessoas pela sanha dos vencedores.
Esclareceu como na vida social embora sejam iguais perante
Deus, pela origem comum, há desigualdades, filhas da própria diversidade de
talento, de habilidade, Recordou o Pe. Torrend que nos próprios animais assim
sucede, como entre as abelhas, onde há uma rainha, há operárias que vão buscar
o pólen e há as que fabricam o mel.
A patrões e operários, ricos e pobres, o cristianismo aponta
o dever da fraternidade e da união, para poderem merecer diante de Deus. Falou
na satisfação que havia no cumprimento do dever, tantas vezes, infelizmente, esquecido.
Voltou-se para a imagem do Bom Jesus das Dores e agradeceu
em nome dos presentes, o favor extraordinário dispensado ao Brasil, ao Rio
Grande do Norte, ao povo de Natal, salvando-o da miséria comunista.
O jesuíta Camilo Torrend que proferiu o sermão na manifestação de desagravo em Natal. |
Na procissão de retorno da imagem do Bom Jesus a igreja da
Ribeira por mais de uma vez se ouviu entusiásticos vivas a Cristo Rei.
Na matriz da Ribeira foi celebrada mais uma missa pelo Mons.
Alfredo Pegado que distribuiu a comunhão aos fiéis.
Natal, desta sorte, soube desagravar o atentado comunista,
dando os seus habitantes uma pública e grandiosa manifestação de Fé e de repudio
ao materialismo grosseiro oferecendo ao Deus ultrajado a reparação que se fazia
necessária.
Que todos meditassem na grandeza da religião, nos deveres
que ela impõem, eram os votos que formulava o jornal A Ordem, os frutos que
desejava fossem colhidos desses dois dias de penitencia, de oração e de gratidão ( A ORDEM, 10/12/1935,p.1).
O
Governo do Estado mandou celebrar missa em ação de graças pela debelarão da
intentona comunista
No dia 15/12/1935 as 07h30
na Praça 7 de Setembro seria celebrada uma missa em ação de graças mandada
celebrar pelo Governo por ter sido jugulado o movimento comunista rebentado no
Rio Grande do Norte.
Seria oficiante desse louvável ato público de reconhecimento
à bondade divina o mons. João da Mata Paiva, presidente da Assembleia
Constituinte Estadual (A ORDEM, 13/12/1935, p.1).
Na Praça 7 de Setembro realizou-se em 15/12/1935 a solene
missa campal, mandada celebrar pelo Governo do Estado, em ação de graças por
haver fracassado a intentona comunista.
Toda a praça esteve repleta de fiéis, notando-se a presença
do Governador do Estado acompanhado de sua casa civil e militar, representantes
da Assembleia, do Poder Judiciário e das
classes armadas.
A missa foi celebrada em altar portátil pelo Mons. João da Mata, que ao Evangelho, proferiu vibrante oração salientando as nossas tradições históricas para provar que o Brasil repelia o comunismo materialista e anticristão. Tocou na cerimônia a banda de música dos Escoteiros do Alecrim. (A ORDEM, 17/12/1935, p.1).
A paróquia de Macaíba celebrou no dia 22/12/1935, também uma
missa campal, as 07h00 da manhã, em ação
de graças pelo triunfo da Lei e da Moral, realizando-se após a missa uma solene
procissão de penitência com a imagem do
glorioso mártir São Sebastião.
Foi oficiante o vigário de Macaíba, o Pe. Pedro Paulino. Macaíba em peso, sem distinção de crenças e cores políticas, aguardava, com ansiedade o supramencionado dia para mais uma demonstração pública de sua inabalável fé em Deus e do seu acendrado amor a Pátria (A ORDEM,19/12/1935,p.2).
Ação
de graças pela pacificação do Estado
A redação do jornal A Ordem
recebeu uma mensagem onde a Superiora e demais Irmãs do Orfanato Pe. João Maria
convidavam as famílias para a missa que em ação de graças pela paz no Estado,
mandavam celebrar no domingo, dia 05/01/1936, as 07h00 na Capela do mesmo
Orfanato (A ORDEM, 28/12/1935, p.1).
Concatenando...
Bons tempos foram aqueles em que a Igreja Católica enfrentava publicamente as investidas dos seus inimigos, notadamente o mais terrível, o comunismo, presentemente os lobos travestidos em peles de cordeiros infestam no seio da Igreja Católica e ai daquele católico que se levanta pra dizer algo, as fogueiras da inquisição são imediatamente acesas sem dó nem piedade.
Em 1936 a Virgem Maria apareceu no sitio Guarda, paróquia de Cimbres, diocese de Pesqueira em Pernambuco a duas jovens de 14 e 15 anos na qual alertou para os perigos que o Brasil corria pelo comunismo. Mesmo após um bem elaborado relatório em que não se constatou erros doutrinários ou falsidade nas visões da videntes (uma das quais se consagrou irmã religiosa) a Igreja Católica dá pouco ou quase nenhuma visibilidade a esta Mariofania em terras brasileiras (será que Maria não pode aparecer no Brasil?) cuja a mensagem foi clara e direta, o grande inimigo do Brasil era (a época da aparição e ainda é hoje) o Comunismo.
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