sexta-feira, 11 de junho de 2021

O NOVO PRÉDIO DO ATHENEU NORTERIOGRANDENSE

 

         A história da construção do novo prédio do Ateneu Norteriograndense tem inicio em 1944 quando ocorreu o lançamento da pedra fundamental do Instituto de Educação de Natal quando o antigo Ateneu passaria a essa nova denominação.

Aspectos do Atheneu Norteriograndense. Foto: Revista O Cruzeiro, 1954, p.101.

         De acordo com o Diário de Noticias em 03/07/1944 transcorreu o lançamento da pedra fundamental do Instituto de Educação de Natal dentro das comemorações do primeiro aniversário do governo do Interventor Federal, o general Fernandes Dantas (DIÁRIO DE NOTICIAS,04/07/1944,p.5).

         A mesma noticia deu o jornal natalense A Ordem: "Segunda-feira próxima, realizar-se-á a cerimônia do lançamento da pedra fundamental do edifício do Instituto de Educação do Estado, no local onde funciona e a seção feminina do Colégio Estadual no Tirol”.

         A solenidade contaria com a presença de autoridades e de todos quanto quisessem abrilhantá-la com a sua presença. Ainda de acordo com o citado jornal a construção desse edifício constituiria, sem dúvida, um grande melhoramento para a Capital Potiguar (A ORDEM, 01/07/1944,p.1).

         O interventor Federal designou uma comissão constituída pelo professor Severino Bezerra, diretor do Departamento de Educação, Custódio Toscano, inspetor de ensino e o engenheiro Wilson de Oliveira Miranda, para examinar e dar o parecer sobre o anteprojeto da construção do edifício do futuro Instituto de Educação do Estado (A ORDEM,01/09/1944,p.1).

O que seria o Instituto de Educação de Natal

Conforme publicado na Revista da Semana, dia-a-dia vinha se tornando mais angustioso o problema de funcionamento do Colégio Estadual, antigo Ateneu Norteriograndense, principalmente depois da criação dos cursos clássico e cientifico.

Por sua vez a Escola Normal há longos anos funcionava em prédio inadequado, com natural prejuízo no aproveitamento do curso.

Urgia, assim, uma providencia de largo alcance, capaz de modificar a situação existente. Seria então construído um prédio para funcionar o Instituto de Educação que seria formada pela reunião no único edifício do antigo Ateneu e da Escola Normal.

Coube ao general Antonio Fernandes Dantas, então Interventor Federal  no Rio Grande do Norte, tomar a iniciativa dessa providencia, que veio tornar ainda mais sólida a confiança dos potiguares no seu governo.

O projeto

Depois de aprovado o projeto da construção pelos órgãos federais, o governo do Estado empenhou-se em iniciar os trabalhos de levantamento do edifício onde funcionaria o Instituto de Educação, “estabelecimento que irá o ensino não apenas do Rio Grande do Norte, como também do Nordeste”.

De acordo com o programa organizado pelo Departamento de Educação, o Instituto de Educação consistiria de três edifícios, além das instalações destinas a educação física e seria construído num grande terreno cuja superfície era de 21.300m², constituindo de uma quadra isolada, isto é, fazendo frente para quatro ruas no aprazível bairro de Petrópolis.

O edifício principal do conjunto seria destinado ao Colégio Estadual e a Escola de Professores (Escola Normal).

O edifício seria construído em dois pavimentos, sendo construído em alvenaria de tijolo, com estrutura de concreto armado.

         O segundo e terceiro edifícios seriam destinados respectivamente à Escola de Aplicação e ao Jardim de Infância.

         Destacava-se no projeto da construção do Instituto de Educação, as instalações destinadas a educação física, que compreendiam áreas livres, jardins, campos de vôlei, basquete e piscina, e uma ginásio circundado por uma pista de atletismo.

O auditório teria capacidade para 1.200 pessoas, com palco, camarotes, camarins e gabinetes sanitários próprios. Haveria também um refeitório servido por copa e cozinha.

         De acordo com a Revista da Semana via-se assim que o Instituto de Educação de Natal, seria uma obra de vastas proporções e que para sempre assinalaria a passagem do general Antonio Fernandes Dantas no governo do Rio Grande do Norte (REVISTA DA SEMANA, 03/03/1945, p.44).

A demorada construção do prédio do Instituto de Educação de Natal

Em 1946 o jornal A Ordem publicou um artigo de Fernando de Oliveira no qual ele escreveu que o governo do Estado estava muito empenhado na construção do Colégio Estadual. Segundo ele há muitos anos se vinha falando na organização de um Instituto de Educação, tendo ficado, por algum tempo, de lado, a ideia da construção de um prédio para substituir o Ateneu.Nas palavras de Fernando de Oliveira: “agora estamos aplaudindo as inteções dos que querem levar para frente a velha aspiração dos estudantes de Natal que se batem por prédio melhor, com adaptações mais modernas”.

         O velho e tradicional Ateneu Norteriograndense, situado na Av. Junqueira Aires, segundo Fernando de Oliveira, o local do prédio estava intimamente ligado a ideia de Ateneu e iria encerra a sua brilhante carreira ali.

         Fernando de Oliveira augurava que a construção do Colégio Estadual tivesse o seu inicio o mais breve possível e parabenizando os estudantes potiguares que dentro em breve estariam frequentando as aulas num novo prédio de adaptações modernas ( A ORDEM,,20/08/1946,p.2).

         Entretanto, como é tradição em si tratando da construção de grandes e necessárias obras em Natal, a construção do novo prédio do Ateneu não seria nada rápida como pressentia Fernando de Oliveira, pois em 1946, três anos após o lançamento da pedra fundamental, as obras não passavam ainda dos alicerces.

         Em 1947 os debates da Assembleia Legislativa orbitavam em torno dos problemas educacionais do Estado, dentre eles o único Colégio Estadual que ainda não estava devidamente aparelhado para funcionar como estabelecimento de grau secundário. Isto, porque lhe faltava os laboratórios de química, física, os gabinetes especializados de ciência, além da péssima instalação e das pobres condições de espaço do velho prédio aonde vinha funcionando o Colégio.

         Os deputados solicitaram ao governo informações a cerca da construção do prédio do Instituto de Educação (antigo Ateneu) o qual teria uma sede condigna (A ORDEM, 20/08/1947,p.2).

         Em 03/09/1947, dentro das comemorações da Semana da Pátria as autoridades como os deputados estaduais constituintes, jornalistas e grande numero de professores visitaram as 09h00 o local onde estavam sendo realizadas as obras do majestoso edifício do Instituto de Educação, que segundo o jornal A Ordem, era um grande empreendimento que estava sendo levado a bom êxito pela dedicação e capacidade realizadora do professor Severino Bezerra, diretor do Departamento de Educação (A ORDEM, 03/09/1947, p.1).

         Em resposta as informações solicitadas pela Assembleia Constituinte do Estado foi lido em 05/11/1947 um oficio do governador José Augusto Varela, encaminhado ao plenário daquela Casa com informações prestadas pelo diretor do Departamento de Educação, atendo assim ao pedido dos deputados Moacir Duarte e José Xavier da Cunha.

         Nessa informação se dizia que estavam em vias de conclusão os alicerces, que o plano do novo edifício do Instituto de Educação foi de elaboração do engenheiro Quirino Simões, tendo sido devidamente aprovado pelo Ministério de Educação e Saúde, que a planta do edifício era em formato de X, com 1.975 m² de cobertura, que o orçamento aproximado era de 9 milhões de cruzeiros, tendo sido já gastos mais de 500 mil cruzeiros e a construção estava entregue mediante concorrência pública, ao Sr. Joaquim Vitor de Holanda, tendo o Governo do Estado nomeado uma comissão de dois engenheiros e mais o diretor do Departamento de Educação para acompanhar os trabalhos (A ORDEM, 05/11/1947, p.4).

Em 1948 foi assinado pelo Presidente da República um decreto que concedia um auxilio de 10 milhões de cruzeiros ao Estado do Rio Grande do Norte, onde a maior parte desses recursos seriam utilizados no término das obras do grande edifício do Instituto de Educação, iniciadas há muito tempo e que estavam quase que paralisados os trabalhos porque a situação financeira do Estado não permitia o seu prosseguimento.

Em 01/02/1948 foi aprovada pelo congresso emendas concedendo auxílios a diversas instituições do Rio Grande do Norte, destacando-se 2 milhões de cruzeiros para a construção do novo edifício do Instituto de Educação de Natal (DIÁRIO DE NATAL,01/12/1948, p.1).

Escreveu o aluno do 1º ano de Contabilidade do Ateneu, Pedro Américo, que os alunos do Colégio Estadual, tradicional estabelecimento de ensino de Natal, estudava mal acomodada e sem nenhum conforto, urgindo assim, uma séria medida e esta seria a construção do Instituto de Educação, pois a mocidade potiguar precisava de um ambiente sadio para seus estudos, necessitando por isso de maior assistência do Governo do Estado.

Para o referido aluno o Instituto de Educação “será um marco que imortalizará um Governo, pelo bem imenso que trará aos jovens estudiosos da terra de Miguelinho” (A ORDEM, 10/08/1948, p.6).

         Chegado o ano de 1949 foi destinado pelo Governo Federal uma verba de 500 mil cruzeiros destinada as obras do Instituto de Educação paralisadas parcialmente pela falta de recursos para aquele desiderato do povo potiguar ( A ORDEM,12/10/1949,p.4).

         Em 1951 o governador Dix Huit Rosado esperava do Governo Federal a quota de 500 mil cruzeiros destinados as obras do Instituto de Educação de Natal (DIÁRIO DE NATAL,15/09/1951,p.4).

Em 1952 o orçamento para a construção do prédio do Instituto de Educação de Natal já havia se elevado a 10 milhões de cruzeiros e as obras se arrastavam com muito sacrifício desde 1947 (A ORDEM, 22/03/1952, p.1).

A inauguração do Instituto de Educação de Natal

         Exatamente 10 anos depois do lançamento da pedra fundamental do novo prédio do Instituto de Educação de Natal é que foi o mesmo inaugurado em 01/08/1954, também denominado “Gimnasium de Natal” (antigo Atheneu Norteriograndense).

De acordo com o Diário de Pernambuco tratava-se de uma das melhores realizações no plano escolar já levada a efeito no Norte e Nordeste do Brasil por qualquer administração em qualquer tempo.

Ainda de acordo com o referido jornal o ensino público no Rio Grande do Norte, embora dispondo de excelente magistério, tinha a sua eficiência prejudicada pela falta de acomodações. Os cursos pedagógicos, ginasial e colegial funcionavam praticamente em pardieiros incompatíveis com o ambiente pedagógico e acolhida devida a juventude na busca de ensinamentos.

Ao assumir, o governador Silvio Pedroza planejou modificar tão humilhante situação no Estado.De posse da planta da construção, juntou-se aos técnicos e era sabido que foi o mestre de obras do edifício, acompanhando-o do lançamento da pedra fundamental a cobertura e no acabamento interno.

o resultado foi o edifício ser inaugurado com a visão do futuro, para servir às turmas escolares de então e às das épocas vindouras, de acordo com o gradativo crescimento populacional do Rio Grande do Norte.

De acordo com o Diário de Pernambuco, o prédio do Instituto de Educação de Natal estava aparelhado modernamente, tornando-se um estabelecimento modelar e já constituía um ponto turístico inevitável para os visitantes da Capital Potiguar (O POTI, 01/08/1954, p.2).

         Construído num formato inusitado de um imenso X o Instituto de Educação de Natal, destacava-se na paisagem natalense composto por 24 salas de aula com capacidade para atender até 2.000 alunos.




Fotos: Revista O Cruzeiro,1954,p.101.

         A revista O Cruzeiro fez uma descrição do Instituto de Educação de Natal logo após a sua inauguração. De acordo com o jornalista Italo Viola, da citada revista, o Rio Grande do Norte havia sido dotado recentemente de um dos mais modernos estabelecimentos de ensino do País, que era o Instituto de Educação de Natal, onde eram ministrados os cursos secundários, cientifico clássico e normal. Obedecia aos requisitos pedagógicos mais avançados, os alunos que ali estudavam eram cercados da mais perfeita assistência educacional.

O Instituto com sua forma de um imenso X, possuía 24 salas de aula, além de salas especiais para o estudo de desenho, física, química, história, geografia, etc., e mais gabinetes dentário  e médico e anfiteatros.

        Segundo o jornalista Italo Viola no Instituto de Educação de Natal estavam matriculados 2.0000 alunos sendo considerado por quantos o visitavam como o melhor do norte-nordeste do Brasil.

A par da educação do espírito, ali, também se educava o corpo. O governador Silvio Pedroza havia presenteado a mocidade esportiva potiguar com um grandioso Ginásio (agregado ao Instituto) onde 3.000 pessoas, confortavelmente instaladas, poderiam assistir as práticas de basquete, vôlei  e outras competições esportivas. O Ginásio tinha ainda um palco podendo transformar-se a qualquer hora em um magnífico teatro. Para tal construiu-se previamente camarins, jogos de luzes, etc. Na partida de tênis, com que se inaugurou o Ginásio de Natal, o governador Silvio Pedroza (que era ex atleta do Fluminense Futebol Clube do Rio de Janeiro) fez parte da dupla que derrotou a delegação pernambucana. Ao lado deste Ginásio construiu-se em caráter  acelerado, uma piscina que iria completar o conjunto do Instituto de Educação da cidade de Natal (O CRUZEIRO,1954, p.101).

A mudança do nome não agradou aos estudantes

         Ao que tudo indica os estudantes não se sentiam confortáveis com a mudança de nomenclatura de Colégio Estadual Ateneu Norteriograndense para Instituto de Educação de Natal.

         Em 1959 os estudantes retiraram o letreiro da fachada do Colégio Estadual sem a menor comunicação a direção. De acordo com o Diário de Natal a  atitude dos alunos potiguares foi para demonstrar a insatisfação pela permanência do nome “Instituto de Educação” na fachada do prédio, quando sua denominação legal era “Colégio Estadual Ateneu Norteriograndense” (DIÁRIO DE NATAL, 26/11/1959,p.7).O incidente motivou o pedido de demissão do diretor professor Protássio Melo, que depois de procurado pelos alunos para as devidas explicações do protesto, reconsiderou sua decisão e reassumiu a direção do Colégio superando a crise gerada pela retirada do letreiro. É desconhecido por nós quando o letreiro voltou a ser definitivamente “Atheneu Norteriograndense” (com H!).




Governador Silvio Pedroza em frente ao Atheneu. Fotos: Revista O Cruzeiro,1954, p.101.

Efemérides           

A conferência de Gilberto Freire no Ateneu

A visita do autor de Casa Grande & Sezala ao prédio do Ateneu (Instituto de Educação) seria realizada logo após de serem prestadas homenagens ao mesmo pelo Governo, instituições culturais e a sociedade natalense.

         A conferência de Gilberto Freire no Ateneu ocorreu as 20h00 do dia 21/08/1954 no auditório daquele estabelecimento, a convite do Governador Silvio Pisa Pedroza, cujo tema foi “Para além da rotina pedagógica” (O POTI, 21/08/1954, p.6).

A primeira turma concluinte

         A primeira turma concluinte após a inauguração do novo prédio do Instituto de Educação de Natal colou grau em 23/12/1955 denominada “ Turma Governador Silvio Pedroza” dos cursos clássicos e científicos (O POTI,23/12/1955,p.8).

A visita de Assis Chateaubriand

        Em 07/08/1954 visitou o prédio do Instituto de Educação o senador Assis Chateaubriand juntamente com o governador Silvio Pedroza, além de uma comitiva de jornalistas, onde deu suas impressões sobre o Ginásio Silvio Pedrosa (O POTI, 07/08/1954, p.8).


Imagem de satélite mostrando o formato em X do Atheneu Norteriograndense. Foto: Google Earth.


O antigo e o novo prédio do Atheneu.


2 comentários:

  1. Muito bom rememorar a história do Ateneu, onde estudaram meus pais e onde eu mesmo estudei

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  2. Meus avós são de Serra Pelada e Matão, município de Taipu. Fui muito a Taipu para as festas, especialmente da padroeira. Serra pelada família Avelino Barbosa e no Matão família Batista de Souza .

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