A história da construção do novo prédio do Ateneu
Norteriograndense tem inicio em 1944 quando ocorreu o lançamento da pedra fundamental
do Instituto de Educação de Natal quando o antigo Ateneu passaria a essa nova
denominação.
Aspectos do Atheneu Norteriograndense. Foto: Revista O Cruzeiro, 1954, p.101. |
De acordo com o Diário de Noticias em 03/07/1944 transcorreu
o lançamento da pedra fundamental do Instituto de Educação de Natal dentro das
comemorações do primeiro aniversário do governo do Interventor Federal, o
general Fernandes Dantas (DIÁRIO DE NOTICIAS,04/07/1944,p.5).
A mesma noticia deu o jornal natalense A Ordem: "Segunda-feira próxima, realizar-se-á a cerimônia do lançamento da pedra
fundamental do edifício do Instituto de Educação do Estado, no local onde
funciona e a seção feminina do Colégio Estadual no Tirol”.
A solenidade contaria com a presença de autoridades e de
todos quanto quisessem abrilhantá-la com a sua presença. Ainda de acordo com o
citado jornal a construção desse edifício constituiria, sem dúvida, um grande
melhoramento para a Capital Potiguar (A ORDEM, 01/07/1944,p.1).
O interventor Federal designou uma comissão constituída pelo
professor Severino Bezerra, diretor do Departamento de Educação, Custódio
Toscano, inspetor de ensino e o engenheiro Wilson de Oliveira Miranda, para examinar
e dar o parecer sobre o anteprojeto da construção do edifício do futuro
Instituto de Educação do Estado (A ORDEM,01/09/1944,p.1).
O
que seria o Instituto de Educação de Natal
Conforme
publicado na Revista da Semana, dia-a-dia vinha se tornando mais angustioso o
problema de funcionamento do Colégio Estadual, antigo Ateneu Norteriograndense,
principalmente depois da criação dos cursos clássico e cientifico.
Por
sua vez a Escola Normal há longos anos funcionava em prédio inadequado, com
natural prejuízo no aproveitamento do curso.
Urgia,
assim, uma providencia de largo alcance, capaz de modificar a situação existente.
Seria então construído um prédio para funcionar o Instituto de Educação que
seria formada pela reunião no único edifício do antigo Ateneu e da Escola
Normal.
Coube
ao general Antonio Fernandes Dantas, então Interventor Federal no Rio Grande do Norte, tomar a iniciativa
dessa providencia, que veio tornar ainda mais sólida a confiança dos potiguares
no seu governo.
O
projeto
Depois
de aprovado o projeto da construção pelos órgãos federais, o governo do Estado
empenhou-se em iniciar os trabalhos de levantamento do edifício onde funcionaria
o Instituto de Educação, “estabelecimento que irá o ensino não apenas do Rio
Grande do Norte, como também do Nordeste”.
De
acordo com o programa organizado pelo Departamento de Educação, o Instituto de
Educação consistiria de três edifícios, além das instalações destinas a
educação física e seria construído num grande terreno cuja superfície era de
21.300m², constituindo de uma quadra isolada, isto é, fazendo frente para
quatro ruas no aprazível bairro de Petrópolis.
O edifício
principal do conjunto seria destinado ao Colégio Estadual e a Escola de
Professores (Escola Normal).
O
edifício seria construído em dois pavimentos, sendo construído em alvenaria de
tijolo, com estrutura de concreto armado.
O segundo e terceiro edifícios seriam
destinados respectivamente à Escola de Aplicação e ao Jardim de Infância.
Destacava-se no projeto da construção do Instituto de
Educação, as instalações destinadas a educação física, que compreendiam áreas livres,
jardins, campos de vôlei, basquete e piscina, e uma ginásio circundado por uma
pista de atletismo.
O
auditório teria capacidade para 1.200 pessoas, com palco, camarotes, camarins e
gabinetes sanitários próprios. Haveria também um refeitório servido por copa e
cozinha.
De acordo com a
Revista da Semana via-se assim que o Instituto de Educação de Natal, seria uma
obra de vastas proporções e que para sempre assinalaria a passagem do general
Antonio Fernandes Dantas no governo do Rio Grande do Norte (REVISTA
DA SEMANA, 03/03/1945, p.44).
A
demorada construção do prédio do Instituto de Educação de Natal
Em
1946 o jornal A Ordem publicou um artigo de Fernando de Oliveira no qual ele
escreveu que o governo do Estado estava muito empenhado na construção do
Colégio Estadual. Segundo ele há muitos anos se vinha falando na organização de
um Instituto de Educação, tendo ficado, por algum tempo, de lado, a ideia da
construção de um prédio para substituir o Ateneu.Nas palavras de Fernando de
Oliveira: “agora estamos aplaudindo as inteções dos que querem levar para
frente a velha aspiração dos estudantes de Natal que se batem por prédio melhor,
com adaptações mais modernas”.
O velho e tradicional Ateneu
Norteriograndense, situado na Av. Junqueira Aires, segundo Fernando de
Oliveira, o local do prédio estava intimamente ligado a ideia de Ateneu e iria
encerra a sua brilhante carreira ali.
Fernando de Oliveira augurava que a
construção do Colégio Estadual tivesse o seu inicio o mais breve possível e
parabenizando os estudantes potiguares que dentro em breve estariam
frequentando as aulas num novo prédio de adaptações modernas ( A ORDEM,,20/08/1946,p.2).
Entretanto, como é tradição em si
tratando da construção de grandes e necessárias obras em Natal, a construção do
novo prédio do Ateneu não seria nada rápida como pressentia Fernando de
Oliveira, pois em 1946, três anos após o lançamento da pedra fundamental, as
obras não passavam ainda dos alicerces.
Em 1947 os debates da Assembleia Legislativa
orbitavam em torno dos problemas educacionais do Estado, dentre eles o único
Colégio Estadual que ainda não estava devidamente aparelhado para funcionar
como estabelecimento de grau secundário. Isto, porque lhe faltava os
laboratórios de química, física, os gabinetes especializados de ciência, além
da péssima instalação e das pobres condições de espaço do velho prédio aonde
vinha funcionando o Colégio.
Os deputados solicitaram ao governo informações
a cerca da construção do prédio do Instituto de Educação (antigo Ateneu) o qual
teria uma sede condigna (A
ORDEM, 20/08/1947,p.2).
Em
03/09/1947, dentro das comemorações da Semana da Pátria as autoridades como os
deputados estaduais constituintes, jornalistas e grande numero de professores
visitaram as 09h00 o local onde estavam sendo realizadas as obras do majestoso
edifício do Instituto de Educação, que segundo o jornal A Ordem, era um grande
empreendimento que estava sendo levado a bom êxito pela dedicação e capacidade
realizadora do professor Severino Bezerra, diretor do Departamento de Educação
(A
ORDEM, 03/09/1947, p.1).
Em resposta as informações solicitadas
pela Assembleia Constituinte do Estado foi lido em 05/11/1947 um oficio do
governador José Augusto Varela, encaminhado ao plenário daquela Casa com
informações prestadas pelo diretor do Departamento de Educação, atendo assim ao
pedido dos deputados Moacir Duarte e José Xavier da Cunha.
Nessa informação se dizia que estavam
em vias de conclusão os alicerces, que o plano do novo edifício do Instituto de
Educação foi de elaboração do engenheiro Quirino Simões, tendo sido devidamente
aprovado pelo Ministério de Educação e Saúde, que a planta do edifício era em
formato de X, com 1.975 m² de cobertura, que o orçamento aproximado era de 9
milhões de cruzeiros, tendo sido já gastos mais de 500 mil cruzeiros e a
construção estava entregue mediante concorrência pública, ao Sr. Joaquim Vitor
de Holanda, tendo o Governo do Estado nomeado uma comissão de dois engenheiros
e mais o diretor do Departamento de Educação para acompanhar os trabalhos (A
ORDEM, 05/11/1947, p.4).
Em
1948 foi assinado pelo Presidente da República um decreto que concedia um
auxilio de 10 milhões de cruzeiros ao Estado do Rio Grande do Norte, onde a
maior parte desses recursos seriam utilizados no término das obras do grande edifício
do Instituto de Educação, iniciadas há muito tempo e que estavam quase que
paralisados os trabalhos porque a situação financeira do Estado não permitia o
seu prosseguimento.
Em
01/02/1948 foi aprovada pelo congresso emendas concedendo auxílios a diversas
instituições do Rio Grande do Norte, destacando-se 2 milhões de cruzeiros para
a construção do novo edifício do Instituto de Educação de Natal (DIÁRIO DE
NATAL,01/12/1948, p.1).
Escreveu
o aluno do 1º ano de Contabilidade do Ateneu, Pedro Américo, que os alunos do
Colégio Estadual, tradicional estabelecimento de ensino de Natal, estudava mal
acomodada e sem nenhum conforto, urgindo assim, uma séria medida e esta seria a
construção do Instituto de Educação, pois a mocidade potiguar precisava de um
ambiente sadio para seus estudos, necessitando por isso de maior assistência do
Governo do Estado.
Para
o referido aluno o Instituto de Educação “será um marco que imortalizará um
Governo, pelo bem imenso que trará aos jovens estudiosos da terra de Miguelinho”
(A ORDEM, 10/08/1948, p.6).
Chegado o ano de 1949 foi destinado pelo Governo Federal uma verba de 500 mil cruzeiros destinada as obras do Instituto de Educação paralisadas parcialmente pela falta de recursos para aquele desiderato do povo potiguar ( A ORDEM,12/10/1949,p.4).
Em 1951 o governador Dix Huit Rosado esperava do Governo
Federal a quota de 500 mil cruzeiros destinados as obras do Instituto de
Educação de Natal (DIÁRIO DE NATAL,15/09/1951,p.4).
Em
1952 o orçamento para a construção do prédio do Instituto de Educação de Natal
já havia se elevado a 10 milhões de cruzeiros e as obras se arrastavam com
muito sacrifício desde 1947 (A ORDEM, 22/03/1952, p.1).
A
inauguração do Instituto de Educação de Natal
Exatamente 10 anos depois
do lançamento da pedra fundamental do novo prédio do Instituto de Educação de
Natal é que foi o mesmo inaugurado em 01/08/1954, também denominado “Gimnasium
de Natal” (antigo Atheneu Norteriograndense).
De
acordo com o Diário de Pernambuco tratava-se de uma das melhores realizações no
plano escolar já levada a efeito no Norte e Nordeste do Brasil por qualquer
administração em qualquer tempo.
Ainda
de acordo com o referido jornal o ensino público no Rio Grande do Norte, embora
dispondo de excelente magistério, tinha a sua eficiência prejudicada pela falta
de acomodações. Os cursos pedagógicos, ginasial e colegial funcionavam
praticamente em pardieiros incompatíveis com o ambiente pedagógico e acolhida
devida a juventude na busca de ensinamentos.
Ao
assumir, o governador Silvio Pedroza planejou modificar tão humilhante situação
no Estado.De posse da planta da construção, juntou-se aos técnicos e era sabido
que foi o mestre de obras do edifício, acompanhando-o do lançamento da pedra
fundamental a cobertura e no acabamento interno.
o
resultado foi o edifício ser inaugurado com a visão do futuro, para servir às
turmas escolares de então e às das épocas vindouras, de acordo com o gradativo
crescimento populacional do Rio Grande do Norte.
De
acordo com o Diário de Pernambuco, o prédio do Instituto de Educação de Natal
estava aparelhado modernamente, tornando-se um estabelecimento modelar e já constituía
um ponto turístico inevitável para os visitantes da Capital Potiguar (O POTI, 01/08/1954,
p.2).
Construído num formato inusitado de um imenso X o Instituto
de Educação de Natal, destacava-se na paisagem natalense composto por 24 salas
de aula com capacidade para atender até 2.000 alunos.
Fotos: Revista O Cruzeiro,1954,p.101. |
A revista O Cruzeiro fez uma descrição do Instituto de Educação
de Natal logo após a sua inauguração. De acordo com o jornalista Italo Viola,
da citada revista, o Rio Grande do Norte havia sido dotado recentemente de um
dos mais modernos estabelecimentos de ensino do País, que era o Instituto de
Educação de Natal, onde eram ministrados os cursos secundários, cientifico
clássico e normal. Obedecia aos requisitos pedagógicos mais avançados, os alunos
que ali estudavam eram cercados da mais perfeita assistência educacional.
O
Instituto com sua forma de um imenso X, possuía 24 salas de aula, além de salas
especiais para o estudo de desenho, física, química, história, geografia, etc.,
e mais gabinetes dentário e médico e anfiteatros.
Segundo o jornalista Italo Viola no Instituto de Educação de Natal estavam matriculados 2.0000 alunos sendo considerado por quantos o visitavam como o melhor do norte-nordeste do Brasil.
A
par da educação do espírito, ali, também se educava o corpo. O governador
Silvio Pedroza havia presenteado a mocidade esportiva potiguar com um grandioso
Ginásio (agregado ao Instituto) onde 3.000 pessoas, confortavelmente
instaladas, poderiam assistir as práticas de basquete, vôlei e outras competições esportivas. O Ginásio
tinha ainda um palco podendo transformar-se a qualquer hora em um magnífico teatro. Para
tal construiu-se previamente camarins, jogos de luzes, etc. Na partida de tênis,
com que se inaugurou o Ginásio de Natal, o governador Silvio Pedroza (que era
ex atleta do Fluminense Futebol Clube do Rio de Janeiro) fez parte da dupla que
derrotou a delegação pernambucana. Ao lado deste Ginásio construiu-se em caráter
acelerado, uma piscina que iria
completar o conjunto do Instituto de Educação da cidade de Natal (O CRUZEIRO,1954,
p.101).
A
mudança do nome não agradou aos estudantes
Ao que tudo indica os
estudantes não se sentiam confortáveis com a mudança de nomenclatura de Colégio
Estadual Ateneu Norteriograndense para Instituto de Educação de Natal.
Em 1959 os estudantes
retiraram o letreiro da fachada do Colégio Estadual sem a menor comunicação a
direção. De acordo com o Diário de Natal a atitude dos alunos potiguares foi para
demonstrar a insatisfação pela permanência do nome “Instituto de Educação” na
fachada do prédio, quando sua denominação legal era “Colégio Estadual Ateneu
Norteriograndense” (DIÁRIO DE NATAL, 26/11/1959,p.7).O incidente motivou o
pedido de demissão do diretor professor Protássio Melo, que depois de procurado
pelos alunos para as devidas explicações do protesto, reconsiderou sua decisão
e reassumiu a direção do Colégio superando a crise gerada pela retirada do
letreiro. É desconhecido por nós quando o letreiro voltou a ser definitivamente “Atheneu
Norteriograndense” (com H!).
Governador Silvio Pedroza em frente ao Atheneu. Fotos: Revista O Cruzeiro,1954, p.101. |
Efemérides
A conferência de Gilberto Freire no
Ateneu
A
visita do autor de Casa Grande & Sezala ao prédio do Ateneu (Instituto de
Educação) seria realizada logo após de serem prestadas homenagens ao mesmo
pelo Governo, instituições culturais e a sociedade natalense.
A conferência de Gilberto Freire no
Ateneu ocorreu as 20h00 do dia 21/08/1954 no auditório daquele estabelecimento,
a convite do Governador Silvio Pisa Pedroza, cujo tema foi “Para além da rotina
pedagógica” (O POTI, 21/08/1954, p.6).
A
primeira turma concluinte
A primeira turma concluinte
após a inauguração do novo prédio do Instituto de Educação de Natal colou grau
em 23/12/1955 denominada “ Turma Governador Silvio Pedroza” dos cursos clássicos
e científicos (O POTI,23/12/1955,p.8).
A
visita de Assis Chateaubriand
Em 07/08/1954 visitou o prédio do Instituto de Educação o
senador Assis Chateaubriand juntamente com o governador Silvio Pedroza, além de
uma comitiva de jornalistas, onde deu suas impressões sobre o Ginásio Silvio
Pedrosa (O POTI, 07/08/1954, p.8).
Imagem de satélite mostrando o formato em X do Atheneu Norteriograndense. Foto: Google Earth. |
O antigo e o novo prédio do Atheneu. |
Muito bom rememorar a história do Ateneu, onde estudaram meus pais e onde eu mesmo estudei
ResponderExcluirMeus avós são de Serra Pelada e Matão, município de Taipu. Fui muito a Taipu para as festas, especialmente da padroeira. Serra pelada família Avelino Barbosa e no Matão família Batista de Souza .
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