quinta-feira, 17 de junho de 2021

SOBRE O MUNICÍPIO DE PARAZINHO #8

 

PARAZINHO E OS ABALOS SÍSMICOS

  

         Em 1973 a cidade de Parazinho foi palco de constantes abalos sísmicos notados pela população havia cerca de três meses, conforme disse o prefeito Jaime Boa da Câmara ao jornal Diário de Natal.

         Um dos maiores “estrondos” ocorreu em 02/05/1973 as 12h30 quando, segundo relatos coletado pelo jornal Diário de Natal, todas as casas da pequena cidade foram abaladas. As pessoas notaram que tudo se mexia com os estrondos e ficaram apavoradas, chegando a dizer que era o fim do mundo.

         Os abalos foram sentidos também em cidades próximas como Pedra Grande, Touros e parte do município de João Câmara.

         Segundo o prefeito de Parazinho, a população já pressentiam os abalos sísmicos, que segundo os moradores, de acordo com a temperatura as pessoas poderiam prever a ocorrência de abalos ou não. Quando o vento estava parado e a temperatura muito quente, os abalos eram notados em todo o município.

         O município de Parazinho a época constava de 2.700 habitantes. A constituição dos terrenos é de rocha calcária, onde a mudança de temperatura e ocorrência de fortes chuvas poderiam provocar os estrondos, pois esse tipo de terreno está sujeito a acomodações do solo. Mas a população não acreditava nessa explicação  e já algumas pessoas estavam querendo vender seus terrenos onde eram plantados algodão e sisal, para sair do município.

Aspectos de Parazinho em 1973

                                              Fonte: DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1973, p.3.       

 

         O prefeito Jaime Boa da Câmara disse ao jornal Diário de Natal que estava numa situação difícil, diante da população que não entendia as razões dos abalos sísmicos e suas consequências e apelava para o Governo Estadual ou Federal para tranquilizar a população em relação ao assunto (DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1973, p.3).

         Em 23/07/1973 ocorreu novo tremor de terra em Parazinho sentido as 10h27 da manhã e que teria rachado a torre da capela, segundo noticiou o jornal O Estado de São Paulo em 25/07/1973, já de acordo com o Diário de Natal o abalos teria ocorrido as 11h00 daquele dia.A estação sismológica de Natal registrou naquele dia 8 tremores ocorridos em Parazinho, sendo o maior ocorrido as 10h27 com intensidade de 3.0 na Escala Richeter (O POTI,14/12/1986, p.7).

         Mais de 10 pessoas já havia deixado o município de Parazinho, em consequência de fortes abalos sísmicos ocorridos durante a noite de 23/07/1973 quando o chão tremeu fortemente, as telhas rangeram nos telhados e as prateleiras balançaram bruscamente com as garrafas batendo umas nas outras.

         Embora o fenômeno tenha sido percebido em Natal, por volta de 18h20, com grande intensidade, tudo indicava que os maiores abalos foram registrados em João Câmara, Parazinho e Pedra Preta. Em João Câmara, o secretário municipal, Francisco Freire, afirmou que o estrondo for ao maior já ouvido ali.

         Em Parazinho a situação estava se agravando a cada instante, com sucessivos fortes estrondos. Na noite de 23/07/1973 por volta das 18h20, as famílias abandonaram suas casas e correram para o meio da rua assustadas com o barulho parecido como um trovão “que tomava conta de tudo e as telhas rangendo como se fossem cair”.

         O prefeito Jaime Boa da Câmara, estava bastante preocupado com os abalos, pois mais de 10 pessoas já havia deixado a cidade de Parazinho apavoradas com os abalos que estavam ocorrendo, partindo rumo a Natal e o litoral do estado.”Durante toda a noite ninguém conseguiu dormir.Foram mais de trinta estrondos”, disse o prefeito.

          Mesmo que nenhuma casa tenha desabado na cidade, em consequência dos abalos, informou o prefeito de Parazinho que estava sabendo do desabamento de duas casas na Fazenda Santa Luzia, a 6 km de Parazinho. Na manhã de 23/07/1973, várias pessoas procuram a prefeitura pedindo condução, porque não queriam mais permanecer na cidade e faltou energia na cidade de Pedra Preta. Em Parazinho algumas casas afastadas do centro da cidade chegaram a apresentar rachaduras nas paredes.

         Segundo observou o prefeito de Parazinho, os estrondos vinham acontecendo nos dias de muito calor. As 11h00 da manhã de 23/07/1973 um estrondo voltou a ser ouvido ao longe, em direção do litoral e a terra tremeu novamente. ”Quando o tempo está frio, não há estrondo nem tremor. Mas quando o tempo está muito quente é certeza a terra treme”, observou o prefeito.

         O prefeito Jaime Boa da Câmara havia dito ao jornal Diário de Natal que nunca tinha visto coisa igual. Segundo ele: “passou a noite toda estremecendo.

Começava dando um estrondo como um trovão, para as bandas do mar e ia passando pela cidade como um eco. Logo depois a gente começava a sentir tudo tremendo”. Para os moradores de Parazinho do domingo para  a segunda-feira foi a pior noite.

Os estrondos ocorreram constantemente, chegando a provocar pânico em algumas mulheres que correram para o meio da rua gritando e as crianças que choravam sem entender o que estava acontecendo.”É um estrondo grande e um tremor debaixo dos pés da gente” comentou o prefeito.

Na opinião do estudioso Joel Dantas, que esteve juntamente com a reportagem do Diário de Natal em Parazinho ouvindo os moradores, o fenômeno parecia ser a falta de acomodação de rochas sedimentares embora a continuidade dos estrondos e tremores sejam um fator estranho. O tremor, segundo os agricultores, ocorriam de baixo para cima, ou seja em sentido vertical.              

         De acordo com Joel Dantas, no caso de abalos fortes as pessoas deveriam sair de dentro de suas casas, principalmente quando as paredes estivessem apresentando rachaduras, mesmo de muito tempo. Não considerava ele o fenômeno de grande gravidade, mas insistia em aconselhar a realização de um estudo mais profundo, que pudesse determinar a causa principal dos abalos em Parazinho.

         Sugeria ainda Joel Dantas que no momento dos abalos a chave geral da cidade fosse desligada imediatamente, bem como a chave de cada casa mesmo que entre um poste e outro existisse um espaço de tolerância para os fios, seria recomendável que no memento do abalo, a pessoa desligasse a chave e se possível fosse desligada também a chave geral de Natal.

         Em Parazinho, o prefeito afirmou ao jornal Diário de Natal que estava com vontade de pedir ajuda ao Governo para tranquilizar a população. ”O povo está querendo deixara a cidade e se fosse prefeito deixaria também” finalizou Jaime Boa da Câmara (DIÁRIO DE NATAL, 24/07/1973, p.3).

Nenhum comentário:

Postar um comentário