PARAZINHO
E OS ABALOS SÍSMICOS
Em
1973 a cidade de Parazinho foi palco de constantes abalos sísmicos notados pela
população havia cerca de três meses, conforme disse o prefeito Jaime Boa da
Câmara ao jornal Diário de Natal.
Um
dos maiores “estrondos” ocorreu em 02/05/1973 as 12h30 quando, segundo relatos
coletado pelo jornal Diário de Natal, todas as casas da pequena cidade foram abaladas.
As pessoas notaram que tudo se mexia com os estrondos e ficaram apavoradas,
chegando a dizer que era o fim do mundo.
Os
abalos foram sentidos também em cidades próximas como Pedra Grande, Touros e
parte do município de João Câmara.
Segundo
o prefeito de Parazinho, a população já pressentiam os abalos sísmicos, que
segundo os moradores, de acordo com a temperatura as pessoas poderiam prever a
ocorrência de abalos ou não. Quando o vento estava parado e a temperatura muito
quente, os abalos eram notados em todo o município.
O município de Parazinho a época constava de 2.700 habitantes. A constituição dos terrenos é de rocha calcária, onde a mudança de temperatura e ocorrência de fortes chuvas poderiam provocar os estrondos, pois esse tipo de terreno está sujeito a acomodações do solo. Mas a população não acreditava nessa explicação e já algumas pessoas estavam querendo vender seus terrenos onde eram plantados algodão e sisal, para sair do município.
Aspectos de Parazinho em 1973
Fonte:
DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1973, p.3.
O
prefeito Jaime Boa da Câmara disse ao jornal Diário de Natal que estava numa
situação difícil, diante da população que não entendia as razões dos abalos
sísmicos e suas consequências e apelava para o Governo Estadual ou Federal para
tranquilizar a população em relação ao assunto (DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1973, p.3).
Em 23/07/1973 ocorreu novo tremor de
terra em Parazinho sentido as 10h27 da manhã e que teria rachado a torre da
capela, segundo noticiou o jornal O Estado de São Paulo em 25/07/1973, já de
acordo com o Diário de Natal o abalos teria ocorrido as 11h00 daquele dia.A
estação sismológica de Natal registrou naquele dia 8 tremores ocorridos em
Parazinho, sendo o maior ocorrido as 10h27 com intensidade de 3.0 na Escala
Richeter (O POTI,14/12/1986, p.7).
Mais de 10 pessoas já havia deixado o
município de Parazinho, em consequência de fortes abalos sísmicos ocorridos
durante a noite de 23/07/1973 quando o chão tremeu fortemente, as telhas
rangeram nos telhados e as prateleiras balançaram bruscamente com as garrafas
batendo umas nas outras.
Embora o fenômeno tenha sido percebido
em Natal, por volta de 18h20, com grande intensidade, tudo indicava que os
maiores abalos foram registrados em João Câmara, Parazinho e Pedra Preta. Em
João Câmara, o secretário municipal, Francisco Freire, afirmou que o estrondo
for ao maior já ouvido ali.
Em Parazinho a situação estava se
agravando a cada instante, com sucessivos fortes estrondos. Na noite de
23/07/1973 por volta das 18h20, as famílias abandonaram suas casas e correram
para o meio da rua assustadas com o barulho parecido como um trovão “que tomava
conta de tudo e as telhas rangendo como se fossem cair”.
O prefeito Jaime Boa da Câmara, estava
bastante preocupado com os abalos, pois mais de 10 pessoas já havia deixado a
cidade de Parazinho apavoradas com os abalos que estavam ocorrendo, partindo
rumo a Natal e o litoral do estado.”Durante toda a noite ninguém conseguiu
dormir.Foram mais de trinta estrondos”, disse o prefeito.
Mesmo que nenhuma casa tenha desabado na
cidade, em consequência dos abalos, informou o prefeito de Parazinho que estava
sabendo do desabamento de duas casas na Fazenda Santa Luzia, a 6 km de Parazinho.
Na manhã de 23/07/1973, várias pessoas procuram a prefeitura pedindo condução,
porque não queriam mais permanecer na cidade e faltou energia na cidade de Pedra
Preta. Em Parazinho algumas casas afastadas do centro da cidade chegaram a
apresentar rachaduras nas paredes.
Segundo observou o prefeito de
Parazinho, os estrondos vinham acontecendo nos dias de muito calor. As 11h00 da
manhã de 23/07/1973 um estrondo voltou a ser ouvido ao longe, em direção do
litoral e a terra tremeu novamente. ”Quando o tempo está frio, não há estrondo
nem tremor. Mas quando o tempo está muito quente é certeza a terra treme”,
observou o prefeito.
O prefeito Jaime Boa da Câmara havia
dito ao jornal Diário de Natal que nunca tinha visto coisa igual. Segundo ele:
“passou a noite toda estremecendo.
Começava dando um estrondo como um trovão,
para as bandas do mar e ia passando pela cidade como um eco. Logo depois a
gente começava a sentir tudo tremendo”. Para os moradores de Parazinho do
domingo para a segunda-feira foi a pior
noite.
Os estrondos ocorreram constantemente,
chegando a provocar pânico em algumas mulheres que correram para o meio da rua
gritando e as crianças que choravam sem entender o que estava acontecendo.”É um
estrondo grande e um tremor debaixo dos pés da gente” comentou o prefeito.
Na opinião do estudioso Joel Dantas, que
esteve juntamente com a reportagem do Diário de Natal em Parazinho ouvindo os
moradores, o fenômeno parecia ser a falta de acomodação de rochas sedimentares
embora a continuidade dos estrondos e tremores sejam um fator estranho. O
tremor, segundo os agricultores, ocorriam de baixo para cima, ou seja em
sentido vertical.
De acordo com Joel Dantas, no caso de
abalos fortes as pessoas deveriam sair de dentro de suas casas, principalmente
quando as paredes estivessem apresentando rachaduras, mesmo de muito tempo. Não
considerava ele o fenômeno de grande gravidade, mas insistia em aconselhar a
realização de um estudo mais profundo, que pudesse determinar a causa principal
dos abalos em Parazinho.
Sugeria ainda Joel Dantas que no
momento dos abalos a chave geral da cidade fosse desligada imediatamente, bem
como a chave de cada casa mesmo que entre um poste e outro existisse um espaço
de tolerância para os fios, seria recomendável que no memento do abalo, a
pessoa desligasse a chave e se possível fosse desligada também a chave geral de
Natal.
Em
Parazinho, o prefeito afirmou ao jornal Diário de Natal que estava com vontade
de pedir ajuda ao Governo para tranquilizar a população. ”O povo está querendo
deixara a cidade e se fosse prefeito deixaria também” finalizou Jaime Boa da
Câmara (DIÁRIO DE NATAL, 24/07/1973, p.3).
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