Um importante serviço de assistência social aos funcionários da Estrada de Ferro Sampaio Correia teve inicio em 1955 quando foi criado pelo Departamento Nacional de Estradas de Ferro-DNEF na Estrada de Ferro Sampaio Correia-EFSC o Posto Volante de Puericultura (O POTI, 07/04/1955, p.1).Constava esse serviço de um vagão adaptado a servir de posto de saúde, nele iam um médico e duas enfermeiras.
A puericultura consiste numa
subespecialidade da pediatria que se preocupa com o acompanhamento integral do
processo de desenvolvimento
infantil. Busca analisar o processo de crescimento, o desenvolvimento
físico e motor, a linguagem, a afetividade e a aprendizagem cognitiva da
criança.Naquela época era geralmente o único meio de acesso a saúde da maioria
das populações por onde a linha da EFSC percorria.O serviço consistia na assistência
médica para as mulheres e filhos de funcionários da EFSC e muitas vezes estendidos
ao público em geral.
Em 23/08/1955 o jornalista Ivanaldo Lopes do jornal O Poti fez uma viagem de conhecimento desse serviço de assistência social da EFSC.Segundo seu relato:
"Mais uma vez uma composição da
Estrada de Ferro Sampaio Correia saiu em visita médica às estações, parada e
casas de turmas da mesma ferrovia levando no seu carro-hospital um médico, um
dentista e três enfermeiras sendo duas moças pertencentes ao serviço social.
De inicio queremos ressaltar o grande
trabalho social da EFSC que tem tido como patrono o Pe. Pedro Luz, sacerdote
que vem desenvolvendo uma atividade à frente do Centro de Assistência e
Cooperação Educativa à Família do Ferroviário-CACEFF digna dos nossos mais
francos louvores.
Havendo sido inaugurada ontem mais uma ampliação
daquele serviço de assistência, a reportagem associada a outras representações
da imprensa natalense acompanharam o comboio até a cidade de Ceará-Mirim em
cujo pequeno percurso podemos notar o enorme beneficio as numerosas famílias de
funcionários lotados pela extensa rede até a estação de Oscar Nelson já em
pleno sertão.
O vagão de assistência leva, como
sempre, no primeiro compartimento o Dr. Arlindo Laurentino da Silva, médico
cuja dedicação e interesse pela causa são admiráveis, as senhoritas Luiza
Arruda de Aquino e Iracema Peregrino da Silva, a primeira enfermeira, a segunda
parteira, ambas diplomadas pela Maternidade Januário Cicco, além de um
enfermeiro para o trabalho de vacinação" ( O POTI, 23/08/1955, p.3).
O gabinete odontológico
O CACEFF inaugurou em 22/08/1955 o
gabinete odontológico a cargo do Dr. Adelmário Cunha, fazendo desaparecer uma
lacuna no serviço social de assistência volante na EFSC.
O jornalista Ivanaldo Lopes do jornal
O Poti acompanhou o carro-hospital até Ceará-Mirim e testemunhou a inauguração
desse serviço de assistência social da EFSC. Segundo ele: “podemos ver o zelo e
a vontade que presidem aquele dedicado cirurgião contando com tudo o que é indispensável
ao seu trabalho.Nas paradas o Dr. Adelmário teve oportunidade de atender grande
número de clientes” ( O POTI, 23/08/1955, p.3).
Como se fazia a assistência
social na EFSC
É o jornalista Ivanaldo Lopes, do
jornal O Poti, quem nos fornece uma noção de como era realizada a assistência
social na EFSC. Segundo ele, logo ao deixar a estação de Natal alguns quilômetros
adiante tinha inicio a atividade do CACEFF, pois já nos subúrbios da cidade se
encontravam casas de turmas parando, obrigatoriamente a composição a fim de
atender a necessidade de gestantes ou no campo da puericultura, finalidade primordiais
da assistência social da EFSC.
No próprio vagão em gabinete
completo, os doentes eram assistidos num trabalho que só se encontrava paralelo
no Estado de São Paulo.
Em
Igapó, Estremoz, Massaranduba e Ceará-Mirim, localidade percorridas pelo
jornalista Ivanaldo Lopes, o mesmo relatou que não faltou trabalho para os
profissionais, notando-se na fisionomia de todos aqueles que compunham a enorme
família ferroviária, a satisfação em verem concretizadas a obra social do
CACEFF, que suprimiu o antigo CAP, instituição para a qual contribuíam os
ferroviários e que apesar do seu sentido assistencial, nenhum beneficio até
aquele momento fez pelos seus associados da Estrada de Ferro Sampaio Correia ( O
POTI, 23/08/1955,p.3).
Os dias de viagem do comboio eram cientificados pelos ferroviários, os quais residentes próximos a estações ou paradas ali mesmo eram atendidos nas suas necessidades médicas. Por exemplo, em Igapó, aguardava o comboio da CACEFF a senhora Oneida Rodrigues Galvão, esposa de um ferroviário, cujo estado pré-natal foi encontrado a exigir cuidados médicos. Ali mesmo, no gabinete do vagão, o Dr. Laurentino examinou-a, medicando-lhe de maneira que pudesse atravessar o seu período de gestação sem maiores apreensões ( O POTI, 23/08/1955,p.3).
O trem com o vagão-hospital fazia viagem a cada mês entre Natal e Oscar Nelson, então a estação terminal da EFSC, realizando os serviços de assistência médica durante 3 dias. De acordo com o jornalista Ivanaldo Lopes o CACEFF atendia também gratuitamente pessoas que não eram do quadro de funcionários da EFSC as quais necessitavam de atendimento ( que não deviam ser poucas naquela época).
Carro-hospital do CACEFF que servia de posto de puericultura na EFSC. |
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