Os
primeiros anos da década de 1950 podem ser considerados o auge na história da
Estrada de Ferro de Mossoró cujos os trilhos partiam do litoral em Areia Branca
adentrando a zona oeste do estado até chegar em Souza-PB em pouco mais de 300
km de extensão.
Segundo o publicado no jornal
Diário de Natal em 1952 o sistema ferroviário de Mossoró estava dia a dia assumindo proporções
entusiasmadoras graças ao valiosos serviços prestados pela Estrada de Ferro
Mossoró-Souza, organização que entrelaçava cada vez mais as relações de
negócios e amizade entre as populações norteriograndenses e paraibanas, valendo
como poderoso elemento propulsor da grandeza econômica daquela região que há
muito tempo reclamava melhores e mais eficientes transportes de sua
produção.Foi o auge daquela ferrovia a década de 1950, depois disso viria o
apogeu e consequente decadência.
Fruto do trabalho persistente de
uma plêiade de homens devotados ao engradecimento da terra comum, aquela
importante ferrovia desfrutava naquele ano de 1952 a posição destacada prevista
pelos seus ardorosos idealizadores e realizadores.
É
de conhecimento de todos a historia e a tenacidade de quantos trabalharam pela
concretização desse melhoramento sonhado por Ulrich Graff, um estrangeiro que
viveu durante longos anos experimentando os mesmos sacrifícios nas penosas
jornadas que exigiam deslocamentos na zona oeste e mais contato com outros
estados para o intercambio comercial.
Em
1870 foram dados os primeiros passos a fundação da Estrada de Ferro de Mossoró,
mas que somente em 1912 o farmacêutico Jeronimo Rasado deu inicio aos trabalhos
que contrato, para 3 anos depois ser efetivado o tráfego quando a primeira
composição ligando Porto Franco a Mossoró chegaria aquela cidade.Esse trecho
foi construído pela firma Albuquerque&Cia.Desde então o Coronel Vicente
Carlos de Saboia Filho assumiu a direção da ferrovia, devotando grande esforço
no sentido de proporcionar o melhor meio de condução a gente mossoroense.
Em
01/05/1927 os trilhos já haviam se estendido até São Sebastião (atual Dix Sept
Rosado) em 30/09/1929 estava feita a ligação desta com Caraúbas, em 30/09/1936
foi a vez do trecho Caraúbas-Patu e em 30/09/1937 o trecho de Patu a Almino
Afonso foi inaugurado e finalmente em 29/12/1951 foi inaugurado o trecho final
da Estrada de Ferro Mossoró-Souza tendo sido inaugurado o trecho até aquele
município paraibano em solenidade que contou com a presença de altas
autoridades politicas e administrativas nacionais, ocasião em que foi mais uma
vez reverenciada a memória dos precursores e enaltecida a capacidade de
trabalho e amor a terra nordestina do tenente coronel Agenor Suzine Ribeiro,
que exercia a função de diretor da referida ferrovia desde 1946.
Melhoramentos em 1950
Em
1950 foi adquirida uma locomotiva tipo Consolidation, um guindaste com
capacidade para 12 toneladas e grande parte de um pedido de 1.000 toneladas de
trilhos. Estavam ainda sendo esperado mais 3 locomotivas da marca Tom Kell e
dos motores das duas automotrizes que seriam remetidos na primeira quinzena de
abril daquele ano.
A estação de Alexandria, o último ponto
de contato da EFMS seria inaugurado no mês de maio devendo o ato ser presidido
pelo ministro da viação.
A estação de Santa Cruz, já em solo
paraibano deveria ser inaugurada em junho, numa demonstração de que os trilhos
da ferrovia mossoroense pouco a pouco iam libertando a região do pesadelo da
falta de transporte. (DIÁRIO DE NATAL, 21/03/1950, p.1).
Importantes realizações em 1951
No ano de 1951 assinalou uma fase
de grandes realizações para EFMS. Entretanto, um acontecimento importante merece
destaque.Foi a conclusão do assentamento dos trilhos com a chegada dos mesmos
na cidade de Souza-PB, ponto terminal da ferrovia.
Concretizava-se
assim uma velha aspiração dos mossoroenses, que viam nessa ligação mais uma
possibilidade de aumento da capacidade de produção daquele empório controlador
e distribuidor que era Mossoró.
Outros
melhoramentos, porém, se fizeram notar naquela ferrovia como a construção de
novas casas de turma que substituíram as casas anti-higiênica, sem nenhum
requisito de conforto.
Reaparelhamento das oficinas
As
oficinas da EFMS foram ampliadas com a conclusão de um galpão onde
provisoriamente estava funcionando o
almoxarifado.Paralelamente foi atacado a questão do reaparelhamento das
oficinas.Máquinas modernas e econômicas vieram substituir e reforçar as
existentes.Assim foi que foram adquiridas em 1951 uma balança com capacidade de
50 toneladas, para pesar vagões, um torno vertical, um elevador eletrico, uma
maquina de dobrar chapas.
Naturalmente
ainda eram modestas as instalações mecânicas tendo da EFMS, principalmente tendo em vista as
suas necessidades cada vez maiores com o acrescimo do trecho em tráfego.Estava
programado para o ano de 1952 a compra de novas máquinas operatrizes com o qual
só teriam a lucrar os que se serviam da EFMS como meio de transporte.
Conclusão da variante entre Mossoró e Dix Sept Rosado
Foi
concluída em 1951 uma variante de 4 km nas proximidades da estação de
Governador Dix-Sept Rosado o que veio a melhorar sensivelmente a capacidade de
tração no trecho Mossoró-Dix-Sept Rosado, que era justamente o trecho mais
trafegado.
Melhoramentos em 1952
Naquele
ano de 1952 os trens corriam normalmente pelo ramal, transportando milhares de
toneladas de cargas e passageiros, unificando no mesmo sentimento de trabalho
pelo progresso da região os norteriograndenses e paraibanos regojizados com o
grande melhoramento.
Em
1952 era diretor da EFMS o jovem engenheiro Rômulo Freire Pinto, em entrevista
ao Diário de Natal, disse ele a respeito do papel desempenhado pela EFMS: “como
todos sabemos, de um modo geral, o Nordeste carece de boas estradas por onde
escoar sua produção.Quem já teve oportunidade de viajr pelos nossos sertões,
principalmente durante o período de chuvas, pode perfeitamente aquilatar como
estamos pobres de meios de transporte.Afora as estradas construídas pelo
Governo Federal (alias pessimamente conservadas) não temos quase oportunidade de
constatar a existência de estradas construídas pelos poderes estaduais”.
No
caso particular do Rio Grande do Norte, o problema assumia aspecto verdadeiramente
angustiantes.Nestas condições, podia-se fazer perfeitamente uma ideia do papel
desempenhado pela EFMS numa zona onde o único meio de transporte era
constituído pelos seus trilhos.
Uma das duas automotrizes adquiridas pela EFMS em 1952. Fonte:Diário de Natal, 15/03/1952, p.11. |
Galpões das oficinas da EFMS. Fonte:Diário de Natal, 15/03/1952, p.11. |
Estação de Alexandria recentemente inaugurada na extremidade da linha da EFMS. Fonte:Diário de Natal, 15/03/1952, p.11. |
A situação do material rodante
A situação da EFMS do ponto de
vista do material de tração e de transporte era bastante critica segundo o
diretor da mesma.E o problema assumia aspectos verdadeiramente angustiantes uma
vez que as dotações da EFMS eram muito pequenas.Para o ano de 1952 foi previsto
uma dotação de C$ 7.849.000,00.Em vista da deficiência que existia nos vários setores
da EFMS, pouco ou quase nada se poderia fazer para atenuar a situação.
Não só o material rodante
precisava ser subistuido. Embora a EFMS tivesse recebido algumas locomotivas, a
sua situaçaõ era bastantes séria a este respeito.todas as máquinas de que
dispunha estava há mais de 40 anos de uso.Por isso se podia fazer uma ideia do
enorme esforço que se estava dispendendo para atender com razoável eficiência os
transportes solicitados.Mas só os que tinham contrato direto com as coisas da
EFMS é que faziam uma ideia exata do trabalho tenaz, persistente dispendido
para que a EFMS cumprisse a sua verdadeira finalidade.
Substituição de trilhos gastos
Outro problema que estava
merecendo a atenção especial da administração da EFMS era a substituição em larga
escala dos trilhos e dormentes gastos nos trechos mais trafegados.
Volume de produtos transportados
No
tocante ao transporte efetuado em 1951 o engenheiro Rômulo Rubens Freire Pinto
apresentou diversos mapas contendo os dados estatísticos principais.Em primeiro
lugar estava o gesso cujo transporte foi de 57.000 toneladas, seguido do sal
com 9.000 toneladas, vindo depois o algodão com aproximadamente 2.000
toneladas.
Outros
produtos transportados pela EFMS eram açúcar, arroz,aguardente, café, farinha
de trigo, milho, gasolina, farinha de mandioca, cera de carnaúba,sabão, feijão,
frutas, etc.
Em
1952 estava previsto um aumento substancial no transporte de mercadorias com a
inclusão do trecho recém concluído e entregue ao tráfego (DIÁRIO
DE NATAL, 15/03/1952, p.11).
Fonte:
DIÁRIO DE NATAL, 1948, 1950,1952.
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