Prolegômenos
Em 1980 Poço Branco era um jovem município potiguar,
contando apenas 17 anos de emancipação política e administrativa do vizinho
Taipu.
Naquele ano o município
foi destaque numa edição da revista RN Econômico em que o então prefeito José
Francisco de Souza, o "Zé Igapó” fazia uma propaganda de sua gestão.
Tal propaganda hoje serve para reconstruir a memória
histórica e evolução urbana da referida cidade. De antemão o autor do blog se
abstém de pretensões políticas que não é o propósito do blog, mas tão somente trazer
a tona um pouco do passado para se compreender o presente do citado município,
isso inevitavelmente passa pelo campo político.
Vista parcial mostrando as ruas largas da cidade de Poço Branco.Foto: RN Econômico,1980, p.71-72. |
Localização
Conforme o texto da revista citada “Quem estiver no
Posto Fiscal de Igapó e trafegar sessenta quilômetros pela BR 406, fatalmente
encontrará depois do Distrito de Gameleira, uma entrada piçarrada à esquerda. Nessa
entrada, andando-se mais quatro quilômetros chega-se a um município caracterizado
por ruas largas, lembrando Brasília na fase de construção e um clima ameno. É
Poço Branco. Cidade interiorana com uma população estimada em 17 mil habitantes”.
A administração de "Zé Igapó”
O município estava sendo administrado pelo Prefeito José
Francisco de Souza, o "Zé Igapó” e segundo a referida revista “galgando os
degraus do desenvolvimento, graças à atual administração”.
Defrontando-se com as diversas dificuldades que eram
peculiares a qualquer administração municipal interiorana, o Prefeito de Poço
Branco, cujo mandato iniciou-se no dia 31/01/1977 ao longo desses quase três
anos, conseguiu para sua cidade, uma razoável infraestrutura educacional para
os níveis do 1º grau; satisfatório atendimento médico (inclusive urgência) à
população e ainda, elegendo prioridades, há poucos dias iniciou o calçamento a paralelepípedo
em algumas ruas.
Não ficando só por aí. Poço Branco desde 1978 teve o
privilégio em não considerar-se
um município "ilhado" sem receber ou transmitir informações: possuía a partir de então um Posto Telefônico da TELERN.
Posto da TELERN " liga Poço Branco com todo o Brasil".Foto: RN Econômico, 1980,p.71-72. |
A cidade
Um poeta
inegavelmente a classificaria como "cidade de clima das montanhas";
um Engenheiro paisagístico a poria no rol "das cidades tecnicamente bem
tracejadas, em face ao esquadrejamento e divisão de suas ruas"; e um
Jornalista a escreveria como a fusão das citadas sugestões.
Poço Branco, com
seus 17 anos de existência era uma cidade com uma população estimada em 17 mil habitantes[1]; possuía 1.317 casas e
mais de 500 em construção. Era bem servida de energia elétrica; possuía Posto
de Saúde com atendimento médico de urgência; ligava-se, por meio telefônico com
todo o Brasil, e por fim possuía também a Barragem Engenheiro José Batista do
Rego Pereira, com 1 milhão 137 mil metros cúbicos de água represada, a qual
brevemente irrigaria o Vale do Ceará-Mirim[2].
Dentre as várias obras construídas na gestão do Prefeito
José Francisco, segundo publicado na revista RN Econômico estava em posição de
destaque a Escola Estadual Estudante José Francisco Filho, edificada em
modernas instalações numa área de 10 mil m², abrigando a época em torno de 600
alunos do 1º grau nos turnos matutino, intermediário, vespertino e noturno.
Escola Estudante José Francisco Filho, uma das maiores obras de Zé Igapó segundo a revista Rn Econômico. Foto: RN Econômico, 1980,p.71-72. |
A construção representou um investimento na ordem de Cr$
1 milhão e 300 mil. Paralela à citada obra, também foram construídas mais três
estabelecimentos escolares, todos do 1º grau, garantindo assim a educação às
crianças
na faixa etária de 7 aos 14 anos.
Adiantou o Prefeito "Zé Igapó" que os vários
estabelecimentos de Poço Branco tanto a nível de direção como de docência eram integrados por concluintes ou
licenciados em Pedagogia. Isso significava dizer que os alunos são instruídos
por alguém que na realidade tem condições técnicas
para o magistério.
Conforme recentes contatos mantidos entre a
Prefeitura de Poço Branco e o Secretário da Educação do Estado, Luiz Eduardo Carneiro, dentro em breve a cidade passaria a
contar com rede escolar do 2º grau. A iniciativa evitaria o deslocamento de
estudantes em caminhão até João Câmara, percorrendo diariamente uma distância
de 22 km.
Escola de 1º Grau Maria de Lourdes Costa.Foto: RN Econômico,1980,p.71;72. |
Na opinião de "Zé Igapó" a medida contribuiria para diminuição das despesas da Prefeitura, bem como a comodidade dos estudantes.
Atendimento
de urgência
Como se sabia, sessenta ou setenta km de
distância percorridos para se socorrer a um acidentado comprometeriam o estado
de saúde do doente. Mas essa rotina era cumprida pela população de Poço Branco,
que se deslocava até Natal para atendimento médico, segundo a revista RN
Econômico isso era coisa do passado, pois a Prefeitura já contava com um
serviço de atendimento médico de urgência.
A Unidade funciona na Maternidade Virgínia
de Carvalho, que concentrava todos os serviços relacionados com a saúde. São
dois médicos, além do pessoal de apoio, que se revezavam durante o expediente
de 24 horas por dia.
O Dr. Francisco de Assis da Silva, especialista
em Cirurgia e Proctologia, era um dos médicos da Maternidade Virgínia de
Carvalho e falou a respeito do atendimento naquela unidade. "dispomos do atendimento
de urgência para pequenas cirurgias, ou mesmo "preparar" o
traumatizado para um centro médico mais especializado; temos também
material ortopédico, como exemplo imobilização de fraturas. Mas o forte dos
atendimentos é a prescrição para dores em geral".
Fechando o cerco em atendimentos médicos, a
Prefeitura havia recentemente adquirido um consultório dentário que seria
instalado em compartimento já reservado na Maternidade.
O atendimento à população será prestado
mediante um Convênio celebrado com o INAMPS.
Prestação De
Contas
A entrevista fornecida por "Zé Igapó" data do dia 12/071980. Nesse dia,
o Prefeito recebeu RN/Econômico em seu gabinete, e "metido num monte de
papéis" esbravejou: "estou agora mesmo atualizando minha papelada
para prestar contas ao Tribunal de Contas da União. Está tudo em dia e espero
somente a visita dos fiscais".
A expressão de contentamento transparecida pelo Prefeito
deixou bem clara sua despreocupação. Afirmou ele que "tudo estava no seu devido
lugar não estava devendo a ninguém e com o crédito aberto pelos costumeiros
credores".
Ao que se levava a crer, Poço Branco estava situada
sobre uma enorme rocha
granítica. Em vários pontos da cidade despontam pedaços dessa pedra. Então,
observando essa peculiaridade,"Zé Igapó" pretende agora calçar sua
cidade, iniciando os serviços com mil m², incrementando assim o calçamento já existente.
Obras de calçamento da cidade de Poço Branco. Foto: RN Econômico,1980,p.71;72. |
Quem, eleita por prioridades, foi designada para receber
os mil metros de
calçamento granítico, foi a rua Nóbrega & Machado. Essa Avenida, considerada
uma das principais da cidade, teve seus serviços iniciados na segunda quinzena
daquele mês de julho de 1980.
Concluída a obra, conforme garante José Francisco, na
medida do possível calçaria mais outras ruas. Aproveitando ser o município
possuidor de uma verdadeira mina granítica.
O prefeito 'Zé Igapó" segundo a revista RN Econômico " com as contas da Prefeitura em dia" .Foto: RN Econômico, 1980, p.71-72. |
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Fonte:
RN Econômico, julho/1980,p.70-72.
[1]
Talvez a população geral do município e não só da cidade.
[2] O projeto
de irrigação do vale do Ceará-Mirim não foi satisfatoriamente executado pelo
DNOCS.A barragem, no entanto, serviu para conter as cheias do referido rio.
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