quinta-feira, 27 de junho de 2019

POÇO BRANCO EM 1980



Prolegômenos
Em 1980 Poço Branco era um jovem município potiguar, contando apenas 17 anos de emancipação política e administrativa do vizinho Taipu.
 Naquele ano o município foi destaque numa edição da revista RN Econômico em que o então prefeito José Francisco de Souza, o "Zé Igapó” fazia uma propaganda de sua gestão.
Tal propaganda hoje serve para reconstruir a memória histórica e evolução urbana da referida cidade. De antemão o autor do blog se abstém de pretensões políticas que não é o propósito do blog, mas tão somente trazer a tona um pouco do passado para se compreender o presente do citado município, isso inevitavelmente passa pelo campo político.
Vista parcial mostrando as ruas largas da cidade de Poço Branco.Foto: RN Econômico,1980, p.71-72.


Localização
Conforme o texto da revista citada “Quem estiver no Posto Fiscal de Igapó e trafegar sessenta quilômetros pela BR 406, fatalmente encontrará depois do Distrito de Gameleira, uma entrada piçarrada à esquerda. Nessa entrada, andando-se mais quatro quilômetros chega-se a um município caracterizado por ruas largas, lembrando Brasília na fase de construção e um clima ameno. É Poço Branco. Cidade interiorana com uma população estimada em 17 mil habitantes”.

A administração de "Zé Igapó”
O município estava sendo administrado pelo Prefeito José Francisco de Souza, o "Zé Igapó” e segundo a referida revista “galgando os degraus do desenvolvimento, graças à atual administração”.
Defrontando-se com as diversas dificuldades que eram peculiares a qualquer administração municipal interiorana, o Prefeito de Poço Branco, cujo mandato iniciou-se no dia 31/01/1977 ao longo desses quase três anos, conseguiu para sua cidade, uma razoável infraestrutura educacional para os níveis do 1º grau; satisfatório atendimento médico (inclusive urgência) à população e ainda, elegendo prioridades, há poucos dias iniciou o calçamento a paralelepípedo em algumas ruas.
Não ficando só por aí. Poço Branco desde 1978 teve o privilégio em não considerar-se um município "ilhado" sem receber ou transmitir informações: possuía a partir de então um Posto Telefônico da TELERN.

 Posto da TELERN " liga Poço Branco com todo o Brasil".Foto: RN Econômico, 1980,p.71-72.
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A cidade
 Um poeta inegavelmente a classificaria como "cidade de clima das montanhas"; um Engenheiro paisagístico a poria no rol "das cidades tecnicamente bem tracejadas, em face ao esquadrejamento e divisão de suas ruas"; e um Jornalista a escreveria como a fusão das citadas sugestões.
 Poço Branco, com seus 17 anos de existência era uma cidade com uma população estimada em 17 mil habitantes[1]; possuía 1.317 casas e mais de 500 em construção. Era bem servida de energia elétrica; possuía Posto de Saúde com atendimento médico de urgência; ligava-se, por meio telefônico com todo o Brasil, e por fim possuía também a Barragem Engenheiro José Batista do Rego Pereira, com 1 milhão 137 mil metros cúbicos de água represada, a qual brevemente irrigaria o Vale do Ceará-Mirim[2].
Dentre as várias obras construídas na gestão do Prefeito José Francisco, segundo publicado na revista RN Econômico estava em posição de destaque a Escola Estadual Estudante José Francisco Filho, edificada em modernas instalações numa área de 10 mil m², abrigando a época em torno de 600 alunos do 1º grau nos turnos matutino, intermediário, vespertino e noturno.

Escola Estudante José Francisco Filho, uma das maiores obras de Zé Igapó segundo a revista Rn Econômico.
Foto: RN Econômico, 1980,p.71-72.

A construção representou um investimento na ordem de Cr$ 1 milhão e 300 mil. Paralela à citada obra, também foram construídas mais três estabelecimentos escolares, todos do 1º grau, garantindo assim a educação às
crianças na faixa etária de 7 aos 14 anos.
Adiantou o Prefeito "Zé Igapó" que os vários estabelecimentos de Poço Branco tanto a nível de direção como de docência  eram integrados por concluintes ou licenciados em Pedagogia. Isso significava dizer que os alunos são instruídos por alguém que na realidade tem condições técnicas para o magistério.
Conforme recentes contatos mantidos entre a Prefeitura de Poço Branco e o Secretário da Educação do Estado, Luiz Eduardo Carneiro, dentro em breve a cidade passaria a contar com rede escolar do 2º grau. A iniciativa evitaria o deslocamento de estudantes em caminhão até João Câmara, percorrendo diariamente uma distância de 22 km.

Escola de 1º Grau Maria de Lourdes Costa.Foto: RN Econômico,1980,p.71;72.

     Na opinião de "Zé Igapó" a medida contribuiria para diminuição 
das despesas da Prefeitura, bem como a comodidade dos estudantes.

Atendimento de urgência
Como se sabia, sessenta ou setenta km de distância percorridos para se socorrer a um acidentado comprometeriam o estado de saúde do doente. Mas essa rotina era cumprida pela população de Poço Branco, que se deslocava até Natal para atendimento médico, segundo a revista RN Econômico isso era coisa do passado, pois a Prefeitura já contava com um serviço de atendimento médico de urgência.
A Unidade funciona na Maternidade Virgínia de Carvalho, que concentrava todos os serviços relacionados com a saúde. São dois médicos, além do pessoal de apoio, que se revezavam durante o expediente de 24 horas por dia.
O Dr. Francisco de Assis da Silva, especialista em Cirurgia e Proctologia, era um dos médicos da Maternidade Virgínia de Carvalho e falou a respeito do atendimento naquela unidade. "dispomos do atendimento de urgência para pequenas cirurgias, ou mesmo "preparar" o traumatizado para um centro médico mais especializado; temos também material ortopédico, como exemplo imobilização de fraturas. Mas o forte dos atendimentos é a prescrição para dores em geral".
Fechando o cerco em atendimentos médicos, a Prefeitura havia recentemente adquirido um consultório dentário que seria instalado em compartimento já reservado na Maternidade.
O atendimento à população será prestado mediante um Convênio celebrado com o INAMPS.

Prestação De Contas
A entrevista fornecida por "Zé Igapó" data do dia 12/071980. Nesse dia, o Prefeito recebeu RN/Econômico em seu gabinete, e "metido num monte de papéis" esbravejou: "estou agora mesmo atualizando minha papelada para prestar contas ao Tribunal de Contas da União. Está tudo em dia e espero somente a visita dos fiscais".
A expressão de contentamento transparecida pelo Prefeito deixou bem clara sua despreocupação. Afirmou ele que "tudo estava no seu devido lugar não estava devendo a ninguém e com o crédito aberto pelos costumeiros credores".
Ao que se levava a crer, Poço Branco estava situada sobre uma enorme rocha granítica. Em vários pontos da cidade despontam pedaços dessa pedra. Então, observando essa peculiaridade,"Zé Igapó" pretende agora calçar sua cidade, iniciando os serviços com mil m², incrementando assim o calçamento já existente.


Obras de calçamento da cidade de Poço Branco. Foto: RN Econômico,1980,p.71;72.

Quem, eleita por prioridades, foi designada para receber os mil metros de calçamento granítico, foi a rua Nóbrega & Machado. Essa Avenida, considerada uma das principais da cidade, teve seus serviços iniciados na segunda quinzena daquele  mês de julho de 1980.
Concluída a obra, conforme garante José Francisco, na medida do possível calçaria mais outras ruas. Aproveitando ser o município possuidor de uma verdadeira mina granítica.

O prefeito 'Zé Igapó" segundo a revista RN Econômico " com as contas da Prefeitura em dia"
.Foto: RN Econômico, 1980, p.71-72.

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Fonte: RN Econômico, julho/1980,p.70-72.


[1] Talvez a população geral do município e não só da cidade.
[2] O projeto de irrigação do vale do Ceará-Mirim não foi satisfatoriamente executado pelo DNOCS.A barragem, no entanto, serviu para conter as cheias do referido rio.

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