domingo, 9 de junho de 2019

O PRIMEIRO BISPO DE CAICÓ



         
        O primeiro bispo da Diocese de Caicó foi Dom José de Medeiros Delgado (28/07/1905-09/03/1988).A seguir apanhados históricos sobre sua nomeação para o bispado do Seridó.
        Em março 1940 a Santa Sé criara a Diocese de Caicó, antiga aspiração dos católicos da região do Seridó potiguar.Foi uma noticia acolhida festivamente em todo o Estado.
      Um ano depois chegava a noticia ainda mais auspiciosa, que foi a nomeação do primeiro bispo para aquela Diocese.
         A Santa Sé escolheu para o elevado posto o monsenhor José de Medeiros Delgado, vigário de Campina Grande.
         O nome do monsenhor Delgado era conhecido em todo o nordeste pela sua cultura, sua piedade e grande zelo apostólico, que o animou a grandes empreendimentos.

Telegrama que comunica a nomeação do prelado caicoense
O Bispo Diocesano de Natal recebeu o seguinte telegrama do Sr. Núncio Apostólico:
PETRÓPOLIS, 18-Exmo Bispo Natal. Monsenhor Delgado, Vigário de Campina Grande, nomeado Bispo de Caicó. Núncio Apostólico.Mons. José Delgado fez os seus estudos na Universidade Gregoriana, em Roma, conta 34 anos de idade e nasceu no município de Pombal.Felicitamos os católico da nova Diocese pelo Bispo que vai ter e tornamos extensivas essas felicitações ao Exmo Sr. Bispo D. Marcolino Dantas,pelo êxito alcançado em prol da criação daquele Bispado.(A ORDEM,18/03/1940,p.1).

A sagração episcopal
  A sagração episcopal ocorreu em 29/06/1941 na catedral de Nossa Senhora das Neves em João Pesoa-PB, tendo sido presidida pelo arcebispo da Paraiba dom Moises coelho, sendo consagrantes Dom Marcolino Dantas, bispo de Natal, Dom Jaime Câmara, bispo de Mossoró, Dom João da Mata, Bispo de Cajazeiras, que havia sido naquela data removido para Manaus-AM.
         Entre os paraninfos estava o interventor federal no Rio Grande do Norte, Rafael Fernandes, especialmente convidado pelo prelado caicoense.
         Cerimônia de sagração ocorreu as 06h00 da manhã. Ao meio-dia foi oferecido pelo Arcebispo um banquete aos bispos presentes a solenidade.A noite foi entoado o Te Deum, com sermão de D. Mario Vilas-Boas, bispo de Garanhuns-PE.

Dados biográficos
Dom José de Medeiros Delgado nasceu em Malta, a época distrito de Pombal, atualmente município paraibano, em 28/07/1905. Foram seus pais Manoel Delgado e Francisca de Medeiros Delgado.
Fez seus primeiros estudos em Serra Negra, no vizinho Rio Grande do Norte, e depois em Malta, no seu estado natal.
Fez o curso preparatório e filosófico no seminário da Paraiba e o curso de teologia na Universidade Gregoriana em Roma.
Ordenou-se na cidade de João Pessoa em 02/06/1929, recebendo o presbiterato das mãos de arcebispo da Paraíba, dom Adauto de Miranda Henriques.
Foi nomeado coadjutor da paróquia de Bananeiras e depois coadjutor de Campina Grande.
A 02/02/1931 foi nomeado Vigário da igreja matriz de Campina Grande, cargo que a Santa Sé o escolheu par ao sólio de Caicó, contava 34 anos.


                                  Dom José Delgado


Carta pastoral e o simbolismo litúrgico das armas episcopais de Dom José Delgado
As armas episcopais de Dom José Delgado fala na linguagem heráldica e simbólica da liturgia do batismo, ponto inicial da vida cristã.Em sua primeira carta pastoral saudando o clero e diocesanos, Dom Delgado traçou seu programa de ação nos três capítulos: Vida cristã, paróquia e ação católica.
A vida cristã era o principal objetivo do seu futuro apostalado; ou melhor,era a continuação do seu antigo apostolado paroquial.A vida cristã, base da vida espiritual, alicerce de todo edifício religioso, fundamento de toda vida moral está em contraposição a vida paganizada que assustadoramente se infiltrava na família e na sociedade moderna.
O ponto de vista primário de Dom José Delgado era cristianizar a família, sanar a sociedade, restaurar tudo em Cristo “Instaurare omnia in Christo”, para isto utilizando-se da ação católica e principalmente de um clero santo e bem formado.A ação católica era a cooperação dos leigos no apostolado hierárquico da Igreja e agiria em funções da vida cristã independentemente da hierarquia eclesiástica. “nada sabemos da diocese e de suas possibilidades, mas enquanto os fatos não nos disserem outra coisa, julgamos que não há um recanto da terra, onde houver párocos e fiéis em que não se possa e não se deva fundar a Ação Católica”, disse Dom José Delgado.
Ainda discorreu o prelado caicoense longamente sobre a Ação Católica e a vida cristã, ordenando aos párocos que em três domingos seguidos a tarde antes da benção fosse lida a sua carta pastoral com a explicação da parte referente a paróquia.
A paróquia na expressão de Dom Delgado era uma parcela mimosa da diocese dentro do grande rebanho do Senhor.Desejava o novo bispo ver em cada paróquia dois um mais sacerdotes “Cremos não ser possível elevar uma diocese sem olhar nela o clero, máxime o paroquial, elevando o patrimônio paroquial para sustento de dois ou mais sacerdotes na paróquia”, disse.Ademais que o sacerdote deve ser pobre.“nosso primeiro cuidado como bispo será promover com os párocos a criação de um ambiente de espiritualidade mais intensa e mais viva na paróquia para a elevação de tudo, sem excetuar o próprio pároco.Bem sabemos como a ausência desse clima faz mal ao sacerdote”.

O escudo episcopal
Como a vida cristã era iniciada no Batismo, no simbolismo da liturgia deste foi inspirado o escudo episcopal de D. José Delgado.

Explicação do brasão de Dom José Delgado
As ondas representam a água da fonte batismal também fonte da vida cristã espiritual. A letra psi grega tem a forma de uma pomba voltada verticalmente para baixo, símbolo do Espírito Santo cujos dons se recebem no Batismo, fonte do renascimento espiritual conforme o dialogo de Jesus e Nicodemos, e ensino e a prática da Igreja.Depois, na benção da pia batismal no sábado de aleluia tomam-se três velas em forma da letra psi representando o Espírito Santo; daí vem o uso da letra grega na liturgia da Igreja.
Completava o escudo o atual e expressivo dístico: “Ita Pater Sim” (Sim, Pai), extraído do evangelho de Mateus 11, 26, recordando de maneira incisiva e prática o problema capital da vida Cristã, a obediência. A obediência cria, conserva e desenvolve a Vida Cristã. (A ORDEM, 28/06/1941,p.1).

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