A Diocese de Caicó foi instalada no dia 26/07/1940 no encerramento da festa de Santana, padroeira da cidade e segundo
o jornal A Ordem, constituiu nota de profunda significação na festa de Caicó, a
instalação solene da nova Diocese do Seridó, com a leitura da bula Pontifícia
que criou no Rio Grande do Norte mais uma circunscrição eclesiástica. E é do
referido jornal que extraímos o relato a seguir da instalação da Diocese de
Caicó que se constitui de verdadeira fonte para conhecimento da história
daquele bispado.
A
solenidade se revestiu de muito brilhantismo. As 09h00 do domingo, antes da
missa solene da festa de Santana, o clero e as autoridades civis deram entrada
na Catedral, em cujo átrio estava postada a banda de música local.
Na
nave central da igreja, realizou-se, então a magna sessão. Assentaram-se a mesa
o monsenhor Paulo Heroncio de Melo, representante do Bispo de Natal e
Administrador Apostólico da Diocese de Caicó, o dr. Joaquim Inácio de Carvalho,
representante do Interventor Federal, o prefeito do município, Sr. Inácio de
Medeiros Dias, pe. Walfredo Gurgel, vigário da Catedral,Sr. Dinarte Mariz,
cônego Amâncio Ramalho, vigário de Parelhas, pe. Ambrósio Silva, vigário do
Acari, pe. Expedito Medeiros, vigário de Jardim do Seridó e os prefeitos dos municípios
do Seridó e demais autoridades federais, estaduais e municipais.
O
mons. Paulo Herôncio abriu a sessão e convidou a assistência para ficar de pé,
pedindo que se respondesse a saudação louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo,
depois do que declarou, em nome do Sr. Bispo de Natal, instalada a nova
Diocese.A assembleia rompeu uma salva de palmas.
O
Pe. Walfredo Gurgel leu então, o texto latino da bula Pontifícia. O Pe.
Ambrosio Silva fez a leitura da tradução, em língua vernácula, das letras pontifícias.
O
Pe. Walfredo Gurgel discursou com muito entusiasmo e com muita emoção, dizendo do júbilo do povo
de Caicó naquele memorável dia, tendo palavras de elogio e de respeito par a
com o Sumo Pontífice e para como Sr. Bispo de Natal.
Em saudação a Dom Marcolino Dantas,
discursou com muito brilhantismo e com elevados conceitos o prefeito de Caicó, Inácio
de Medeiros Dias.
Antes de encerrar a sessão, o mons.
Paulo Herôncio agradeceu as justas referencias feitas ao Sr. Bispo de Natal,
cujo nome estava ligado a Diocese de Caicó.Teve palavras de gratidão para com
todos os que trabalharam pela realização da grande ideia, homenageando os
sacerdotes na pessoa do pe. Walfredo Gurgel, os poderes públicos,
particularmente a Assembleia Estadual que votou a doação de 100:000$000 em apólices
para o patrimônio da Diocese, e o senhor Juvenal Lamartine, então governador do
Estado, que sancionou o decreto, na pessoa do dr. Joaquim Inácio de Carvalho,
representante, na solenidade do Interventor Federal, e na época daquela doação
vice-presidente do Estado e presidente da Assembleia; os leigos, na pessoa do Sr.
Dinarte Mariz.Finalizando o discurso, o representante do Sr. Bispo convidou a
todos a ficarem de joelhos aos pés de Jesus Cristo, que lhe confiava o
pastoreio do rebanho do Seridó.
O
cônego Amâncio Ramalho lavrou a ata da
sessão, a qual depois de lida e aprovada foi assinada pelos presentes. Seguiu-se
a missa solene.
A missa solene
Foi
oficiante o padre Ambrosio Silva, como diácono e subdiácono o cônego Amâncio
Ramalho e o Padre Wafredo Gurgel, serviu de mestre de cerimônias o padre
Expedito Medeiros. Ao Evangelho pregou o mons. Paulo Herôncio.Pela schola
cantorum do Colégio Santa Teresinha foi executada a Missa Bordesius.
A grande procissão
As
10h00 organizou-se o grande prestito religioso, no qual formaram as Irmandades
e associações paroquiais.Em artísticos andores, viam-se as imagens da
Padroeira, de São Joaquim, de Nossa Senhora do Carmo e de São Bento.Ao recolher-se
a procissão, o povo recebeu a benção do S.Sacramento.
Após
a benção, o Pe. Walfredo Gurgel leu telegramas de congratulações por motivos da
instalação da Diocese, enviados pelo bispo de Natal, pelo mons. Alfredo Pegado,
Vigário Geral, pelo mon. Celso Cicco, vigário de Ceará-Mirim e pelo Sr. Vivaldo
Pereira, elemento de destaque das forças católicas de Currais Novos.
A
multidão que acompanhou a procissão de Santana foi calculada em 8.000 pessoas.
Fonte:
A Ordem, 31/07/1940, p.1.
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