Depois
de viver quase 30 anos como nômades, sem uma casa certa onde se fixar,
instalados em sobrelojas ou em fundos de prédios nem sempre cedidos de bom grado,
os vereadores de Natal teriam, enfim, uma nova e definitiva sede em 1975.
Uma longa trajetória
Desde
1948, época da redemocratização do país, o legislativo natalense já ocupou oito
sedes, a maior parte, por favor, de outros órgãos. A situação sempre deixou os vereadores
como que humilhados, mas nunca lhes conseguiu arrefecer a crença de que um dia
se instalariam condignamente.
Naquele
ano a Câmara funcionava em prédio alugado à Assembleia Estadual (atualmente
Assembleia Legislativa) onde hoje está instalado o Tribunal de Contas. Em
seguida foi para o Salão Nobre do Teatro Alberto Maranhão, cedido, obviamente, por
uma curta temporada. Dali para o Edifício Quinho, na Avenida Duque de Caxias, a
mudança se deu apenas enquanto terminou um e começou outro período legislativo.
Num salão da antiga Casa Bancária Norteriograndense (rua Frei Miguelinho, na
Ribeira) ela funcionou até se transferir para o 1.° andar do Banco do Rio
Grande do Norte, na avenida Tavares de Lira, onde não ficou por muito tempo e
novamente retornou ao Teatro Alberto Maranhão onde foi cedido acomodações não mais
no Salão Nobre e sim na parte dos fundos do teatro.
Por um período até certo ponto longo, comparado com os
demais, os vereadores se reuniram no local onde funcionava o curso de balé do TAM, para logo
depois saírem para o 2.° andar do Edifício Campiello, do então escritório da
Algodoeira São Miguel, na Av. Duque de
Caxias. Dali, subiram para a Cidade
Alta, se instalando no prédio da praça André de Albuquerque, aonde haviam
estado também os deputados. E de onde saíram, para o amplo prédio da rua
Jundiaí.
A Nova Câmara
Ao então presidente da Câmara, vereador Érico de Souza Hackradt, pode-se tranquilamente ser computada a maior parcela de empenho para que o prédio da antiga Escola de Serviço Social fosse adquirido à Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN para que, depois de reformado e adaptado, servisse de sede própria ao legislativo municipal.
Para que os entendimentos chegassem a bom termo, houve também a colaboração decidida do Prefeito Jorge Ivan Cascudo Rodrigues e o cumprimento da palavra do Reitor Genário Alves da Fonseca.
Câmara Municipal do Natal
Foto: RN Econômico, 1975. |
A nova Sede da Câmara Municipal do Natal ocorreu a partir do instante em que a Escola de Serviço Social se transferiu para o Campus Universitário.
Inicialmente, foi firmado um contrato de aluguel mas, o presidente da Câmara Êrico de Souza Hackradt, já se estava tratando do processo de compra definitiva.
Numa área de 2.000 m² de construção, a sede própria do
poder legislativo municipal se instalava no mesmo dia em que o vereador Êrico de
Souza Hackradt entrega o cargo de presidente ao seu sucessor.
A adaptação do prédio, que ficou no valor de cerca de
Cr$ 1,5 milhão (incluindo mobiliário e decoração), sendo feita pela Construtora
Cimob. Nos dois pavimentos em forma de V, a nova Câmara teria salas e ambientes
para abrigar: gabinete do presidente, chefia de gabinete, gabinetes para o 1 °
e o 2.° vice-presidentes, gabinetes para o 1.° e 2.° secretários, salas de
reunião para a ARENA e para o MDB (os dois únicos partidos políticos no Brasil
a época), sala de estar para os vereadores, salão de recepção, sala de
imprensa, biblioteca gabinetes para as lideranças, sala das comissões técnicas,
almoxarifado, arquivo, laboratório fotográfico, pequeno ambulatório, plenário, centra
telefônica, consultoria jurídica, duas cantinas, uma lanchonete e casa para administrador.
Palácio Padre Miguelinho
O novo prédio da Câmara foi denominado "Palácio
Padre Miguelinho", designação que teve o aval do historiador Luiz da
Câmara Cascudo que sobre a escolha do nome ele se dirigiu ao presidente da
Câmara, em carta datada de 29/01/1975, nos seguintes termos:
Envio minha plena concordância para o nome do Padre
Miguelinho ser dado ao Palácio da Câmara Municipal. Natalense da Ribeira, no final
da rua que tem seu nome, filho de natalense, de família sempre notada e
participante da movimentação social e política, tornou-se, por seu sacrifício,
uma égide histórica, serena e consciente na impressionante conduta, inesquecível
e suprema na dignidade do Dever.
Homem de cultura, professor de Retórica no Seminário de
Olinda, orador de aplauso e renome, Secretário do Governo Republicano em 1817, o exemplo é imperecível
e comovedor na tranquilidade das afirmativas, diante do Tribunal, convencido
que sua vida não fora inútil e menos o
destemor perdido nas folhas do processo criminal.
Todos esses valores, sublimados e supremos ao Morto,
devem constituir
lembrança
serena na quotidianidade normal da nossa conduta, na dignidade
consagradora
das atitudes ante os problemas da coletividade, levados ao plenário da Câmara
Municipal de sua, de nossa Cidade. Não vamos comparar cada vereador ao PADRE MIGUELINHO,
mas não esqueça cada vereador do homem e da vida do padrinho nominal de sua sede.
A Câmara em 1975
Ao ser instalada a nova sede da Câmara Municipal do
Natal a mesma estava composta por 21 vereadores (11 do MDB e 10 da ARENA) sendo
eles: Antônio Cortez, Bernardo Gama, Clovis Varela, Osvaldo Garcia, Érico
Hackradt, Gilberto Rodrigues, José Barbosa, João Lucena, Lourival Bezerra, Lourenço
Gonçalves, Paulo Herôncio (MDB); Antonio Félix, Armando Viana, Antônio Godeiro,
Carlos Alberto Moreira Dantas, Elesbão de Macedo, José Lourenço, José Pinto Freire,
Luiz Sérgio Medeiros, Olímpio Procópio e Sílvio Abrantes.
Fonte: Revista RN Econômico, 1975.
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