O
palácio episcopal é a residência do bispo/arcebispo de uma
diocese/arquidiocese. Em Natal a residência episcopal se localiza na rua Santo
Antonio em frente a igreja de mesmo nome na Cidade Alta, nunca foi considerado
um palácio episcopal.Foi um casarão adquirido quando se preparavam as
diligencias para a criação do Bispado de Natal que fora criado em 29/12/1909.Ali
os bispos passaram a residir e até hoje assim permanecem.
Ao que nos consta os 3 primeiros bispos
de Natal não fizeram questão da modesta residência destinada a suas altas
dignidades episcopais, pois as prioridades da nascente Diocese natalense eram
outras mais urgentes.Foi com dom Marcolino Dantas, 4º bispo de Natal que a
ideia chegou a ser ventilada porém nunca executada.
Dom Marcolino o fez não pela
presunção de poder, mas pelo surto progressista que se refletia sobretudo nas construções
modernistas que surgiam dia após dia na capital potiguar, a cidade parecia que
saia da letargia e tomava impulso para o desenvolvimento socioeconômico e
cultural.
Por isso Dom Marcolino tencionava
construir o Palácio Episcopal para dota a Cidade do Natal de mais um
melhoramento arquitetônico para embelezar ainda mais a capital potiguar.
Em 24/12/1930 o
suplemento do jornal A Noite publicou que em Natal “a risonha cidade potiguar terá, dentro em
breve, o seu grande e suntuoso palácio do Bispado, com suas linhas de um
atraente modernismo, que o arquiteto
Mario Maranhão traçou no belo projeto que temos diante dos olhos” (A NOITE,24/12/1930,p.2).Tratava-se
da imagem a baixo da maquete do referido palácio episcopal.
Palácio Episcopal de Natal
Foto: A Noite,24/12/1930,p.2. |
O mesmo projeto do Palácio Episcopal de Natal de autoria do arquiteto Mario Maranhão seria apresentado na exposição anual do salão da Escola de Belas Artes a maquete em 1933.
Segundo o jornal Diário Carioca
(25/08/1933, p.12) a maquete foi elogiada como um trabalho de valor onde seu
autor com rara originalidade, conseguiu caracterizar, em estilo moderno, um verdadeiro
Palácio de Bispo.
Ainda de acordo com o mesmo jornal o
projeto de Mario Maranhão para o Palácio Episcopal de Natal constava de 3
copos, todos tendo como motivo arquitetônico a cruz, sendo que nos corpos
laterais ela foi disposta de modo a abrigar as varandas, dando a impressão de
acolhimento, simbolizando dessa forma a proteção divina.A concepção não podia
ser mais feliz, dizia o referido jornal.
Palácio Episcopal de Natal
Foto: Diário Carioca, 25/08/1933, p.12. |
Se Dom Marcolino Dantas conseguisse
levar a bom termo aquela obra, poderia se orgulhar de haver legado à Natal um
verdadeiro monumento de arte moderna e o arquiteto Mario Maranhão teria, também,
aumentado a série de serviços prestados ao Rio Grande do Norte pela sua
tradicional família.
O bispo de Natal adquiriu a maquete
para expô-la na capital potiguar, a fim de que quanto antes, o povo tivesse a
noção concreta do valor do majestoso monumento católico, a qual daria em
miniatura a nítida impressão do palácio que seria mais um marco de evolução em
todos os sentidos na terra potiguar.
Já o Correio da Manhã dizia que o
arquiteto Mario Maranhão apresentava muito bem com o projeto do Palácio
Episcopal de Natal com a apresentação da maquete em gesso e as respectivas
plantas do primeiro e segundo pavimentos.
O corpo central do edifício era de ângulo,
formado por enorme massa sóbria em forma de cruz, aparecendo ao centro em
vitral o símbolo católico para ser iluminado a noite.O aspecto do conjunto
agradava muito e dava bem a impressão fisionômica de um palácio religioso.O
projeto de Mario Maranhão recebeu medalha de prata na exposição do salão da
Escola de Belas Artes.
Mario Maranhão
Foto: Diário Carioca, 25/08/1933, p.12.
Em
1936 foi adquirido um terreno que seria destinado a construção do palácio dos
bispos de Natal na rua Jundiaí no bairro do Petrópolis em Natal.
Em 1944 o jornal A Ordem dizia: “parece
ironia chamar-se Paço ao velho casarão em que mora o Bispo de Natal”.
Ainda de acordo com mesmo jornal Eloi
de Souza havia escrito dias antes no jornal A república sobre a residencia do
prelado natalense o qual merecia ser divulgado e pedia providências. Elói de
Souza disse o que viu e o que sentiu, disse o jornal A Ordem.
Elói de Souza ressaltou a pobreza da
casa, a modéstia franciscana em que vivia Dom Marcolino Dantas, o bispo que
cuidava dos outros, esquecia de si mesmo, que organizou dioceses para os outros
bispos e ficou na humildade do seu bispado, contente pelo bem que fez e
satisfeito com o nada que lhe restou.
Se Dom Marcolino sentia-se bem com a modesta
casa em que morava, “nós, porém, não nos podemos sentir assim”, dizia A Ordem.A
Diocese de Natal precisava de uma residência para o seu bispo.
Segundo o referido jornal foi
organizada uma comissão pelo Vigário Geral do Bispado, mons. João da Matal e na
qual faziam parte o vigário da catedral, os provedores das irmandades do SS
Sacramento, do Passos e de São João e os presidentes das associações religiosas
da cidade a fim de começar a campanha pela construção do Palácio Episcopal de
Natal.
“Vamos dar a Diocese um Palácio para o
Bispo” encerrava o jornal A Ordem. (A ORDEM, 28/01/1944, p.1).
No terreno adquirido da rua Jundiaí foi
erguido pela Arquidiocese de Natal já década de 1950 um prédio que não sei se
chegou a servir de palácio episcopal, porém no prédio foram integrados os
serviços sociais da arquidiocese durante o chamado Movimento de Natal.Atualmente
o prédio abriga a Câmara Municipal do Natal.
Câmara Municipal do Natal
O prédio atual em nada lembra o projeto original do Palácio Episcopal de Natal.
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