Criada
a diocese de Mossoró em 1934 ainda foi preciso aguardar 1 ano e 9 meses para a
noticia da nomeação e chegada do 1º bispo tendo sido eleito o primeiro bispo de
Mossoró o monsenhor Jaime de Barros Câmara, natural de Santa Catarina.
O
então bispo eleito de Mossoró enviou o seguinte despacho telegráfico: “Brusque,
Santa Catarina, 2 de janeiro.Exmo Sr. D. Marcolino Dantas, digno Bispo de
Natal.Agradecendo as felicitações de V.Excia., pela minha eleição ao
episcopado, retribuo os votos de felicidades no Novo ano e quero significar meu
desejo de continuar no Apostolado de Vossencia na Diocese de Mossoró.Mos. Jaime
Barros Câmara”. (A ORDEM, 04/01/1936, p.1).
Sagração de Dom Jaime Câmara
No dia 03/02/1936 realizou-se a
sagração episcopal de dom Jaime Câmara que havia sido recentemente eleito bispo
da nova diocese de Mossoró. A cerimônia ocorreu na catedral de
Florianopólis-SC.
A
noticia da nomeação de dom Jaime Câmara para assumir o bispado mossoroense
causou muita alegria em terras potiguares.
O
governador do estado e o bispo de Natal assim se expressaram sobre Dom Jaime
Câmara, que havia sido recentemente nomeado antistite para Mossoró.
Dom Jaime de Barros Câmara primeiro bispo de Mossoró
Rafael Fernandes
Assim
se expressou o então governador Rafael Fernandes: “ a humanidade, na ânsia
incessante de perfeição, na aquisição dos seus mais nobres elementos de
progresso como nos seus múltiplos anseios por um ideal de grandeza, encontrou
sempre dentro das normas divinas do catolicismo, esteio inestimável a sua
salvaguarda de orientação.Nele realmente, tem as gerações ‘bebido’ o leite da
ternura humana’.O bispado de Mossoró irá,d essa forma, estimular as populações
sob a sua direção, reanimando os laços espirituais inspiradores dos mais puros
sentimentos.No momento que vivemos, caracterizados por um utilitarismo
desgraçado e corruptor e por uma avassalante desagregação dos laços de
fraternidade,a s forças morais do cristianismo serão, sem dúvida, a barricada
ante a qual estacarão os exércitos da anarquia dos espíritos.Seja Dom Jaime
Câmara- primeiro bispo de Mossoró- aguardado no seio dos seus diocesanos como
tão vivas emoções de entusiasmo e de espiritualidade,
sentimento, do rebanho humano pronto a atender ao pastor que os conduzirá em
estadas reta e segura para a fraternidade e a concórdia entre os homens”.
A palavra do bispo de Natal
As palavras de Dom Marcolino Dantas
foram: “Religiosa, civil e eclesiasticamente a Diocese de Mossoró é uma grande
vitória. O novo bispo é um farol plantado na zona oeste do Estado do Rio Grande
do Norte, para guiar ao redil as ovelhinhas do Senhor. Dom Jaime de Barros
Câmara é o pasto que vai ver pela primeira vez, o seu rebanho, é o alvo de
todas as atenções, neste momento, e é a coroa dos meus esforços, em favor de
Mossoró.
Chegada de dom Jaime Câmara a Natal
Dom Jaime Câmara partiu do Rio de
Janeiro em 12/04/1936 em direção ao Rio Grande do Norte no navio Itaquicé,
tendo chegado a capital potiguar em 20/04/1936 devido a atrasos no navio.Grande
massa popular aguardava no Cais do Porto o desembarque do primeiro bispo de
Mossoró.
A bordo recebeu Dom Jaime Câmara os
primeiros cumprimentos apresentados pela comissão de recepção, do padre Luiz
Mota, cura da Catedral de Mossoró e do representante do jornal A Ordem. Em
seguida desembarcando o bispo sob aclamações do povo sendo então feitas as
apresentações protocolares.
Saudação no Cais do Porto
De
uma calçada próxima o dr. Vicente Lopes produziu uma arrebatadora saudação de
boas-vindas ao ilustre recém-chegado.Palavras fácil e penetrantes, o orador
saudando Dom Jaime, fez um histórico da formação do Brasil, da obra de
catequese, salientando a figura de Anchieta, para dizer que via no primeiro
bispo de Mossoró um continuador daquela eficiente evangelização iniciada em
nossa pátria pelos jesuítas.Em nome do governo e do povo do Rio Grande do Norte
falou o eloquente e jovem tribuno, cerca de 20minutos.
No meio do povo estava o Bispo Dom
Marcolino Dantas, o governador Rafael Fernandes, o presidente da Assembleia
Legislativa Mons. João da Mata, o Mons. Alfredo Pegado, vigário geral, o
representante do prefeito da capital, o Sr. Mario Eugenio Lyra, o chefe de
policia João Medeiros, diretor da saúde pública, Dr. Armando China, o cônego Amâncio
Ramalho, diretor de Educação, entre outras autoridades.
Terminado os aplausos e batidas várias
fotografias, formou-se um extenso cortejo de automóveis seguindo nos dois
carros da frente o governador Rafael Fernandes, Dom Jaime Câmara e Dom
Marcolino Dantas e o mons. Alfredo Pegado.O cortejo parou em frente a catedral
saltando Dom Jaime e todos os presentes.Recebido na porta central pelo cura
mons. Alves Landim o bispo de Mossoró entrou na igreja ao som de hinos
litúrgicos cantados pelo coro de Santa Teresinha.A catedral achava-se
literalmente cheia.
Na capela do santíssimo demorou-se Dom
Jaime Câmara alguns instantes, em oração, após o que deixou a Catedral
organizando-se novamente o cortejo em direção ao seminário São Pedro.
No salão de honra do Seminário São
Pedro ladeado pelo governador do estado e pelo bispo de Natal e numerosas
autoridades civis, militares e religiosas, dom Jaime Câmara foi saudado pelo
reitor Pe. José Adelino, que discursou em nome do clero e das forças católicas
das duas dioceses sendo muito aplaudido ao terminar.
Agradecimento de Dom Jaime Câmara
Em
resposta, proferiu o homenageado curto mas expressivo discurso.Referiu-se a
comovente recepção de que estava sendo alvo, disse que a sua vinda para o Rio
Grande do Norte representava como que uma restituiçao do Estado de Santa
Catarina, pois foi daqui que havia saido há tempos, para as plagas catarinenses
o seu avô materno.Vinha para a terra potiguar sem ambições ou preocupações
terrenas, mas como entviado de Deus, para a direção e governo das almas.
Dom Jaime Câmara não havia ainda
tomado posse de sua diocese mas que agradecia muito ao bispo Dom Marcolino
Dantas que por deferencia a sua pessoa permitiu que o mesmo exercesse suas
funções mesmo sem ter tomado posse na referida disocese. Agradeceu ainda ao
bispo de Natal pelo carinho e perseverança com que formou o patrimônio do novo
bispado.
Acrescentou
ainda quem desde sua sagração pertencia ao Rio Grande do Norte, a Mossoró, a
sua Diocese, sentindo-se aqui tão bem quanto em seu Estado natal.Concluiu
agradecendo a todos as atenções que vinha recebendo e prometeu tudo fazer em
bem do seu rebanho, da felicidade de sua cidade episcopal, de sua Diocese e de
todo o Estado.Recebeu muitas palmas ao terminar o discurso. ( A ORDEM,
21/04/1936,p.1).
Saudação de Dom Jaime ao povo potiguar
Por meio do jornal A Ordem Dom Jaime
Câmara fez a seguinte saudação ao povo potiguar em 20/04/1936: “Bem que já
informado do carinho com a alma nordestina costuma acolher os que por aqui
passam, jamais poderia supor que viesse a tornar-me alvo de tão simpáticas
manifestações que me deixaram o coração sumamente penhorado. Cativado por tão
afetuosa recepção, saúdo a todos e agradeço, fazendo votos pela prosperidade
dos habitantes desta legendária terra potiguar. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 25/04/1936,
p.5).
A posse de Dom Jaime
Conforme
estava anunciado o bispo Dom Jaime Câmara embarcou de avião em 26/04/1936 para
Mossoró via Areia Branca.A despedida na capital potiguar ocorreu no cais da
Tavares de Lira as 06h00 comparecendo o bispo de Natal dom Marcolino Dantas,
representantes do clero e da imprensa e autoridades.O avião partiu depois das
06h30 chegando em Areia Branca as 08h00.Nesta localidade dom Jaime celebrou a
primeira missa em território de sua diocese.O governador Rafael Fernandes foi
de Mossoró a Areia Branca encontrar-se com dom Jaime.
As classes conservadoras ofereceram uma
banquete a dom Jaime, as 13h00. Partindo o bispo em trem especial para Mossoró,
em companhia do governador do estado e das respectivas comitivas.
A chegada a Mossoró deu-se as 17h00, no
meio de indescritível entusiasmo do povo.
Realizou-se a posse solene, logo em
seguida, na Catedral de Santa Luzia, servindo de paraninfos da cerimônia o
bispo Dom Marcolino Dantas e o governador Rafael Fernandes.
Fez a oração congratulatória o padre
Paulo Heroncio, enviado especial do jornal A Ordem e antigo vigário de Mossoró.
Os bispos de Natal e Cajazeiras fizeram-se representar respectivamente pelo
cônego Amâncio Ramalho e o padre Abdon Pereira, já o arcebispo da Paraíba foi
representado pelo padre Luiz Monte.
No banquete de 100 talheres, oferecido
a Dom Jaime Câmara as 21h00, houve uma tocante homenagem ao santo padre Pio XI.
Em Areia Branca
As 11h00 depois de uma magnífica viagem
o Sr. Bispo D. Jaime Câmara chegou a esta cidade, onde foi festivamente
recebido por grande massa popular,escolas e autoridades locais, tendo tocado a
banda de música.
Depois do desembarque o bispo a frente
do povo que ansioso e alegremente o aguardava, dirigiu-se a matriz, onde foi
saudado pelo Sr. Cunha Mota, secretario da prefeitura em nome dos
areiabranquenses.
Em
seguida o bispo celebrou missa explicando o evangelho do dia.Após a missa
dirigiu-se para a residência do prefeito onde ficou hospedado e onde recebeu
grande número de visitas.As 10h00 chegou de Mossoró acompanhado de grande
comitiva composta de representantes do clero, autoridades, comerciantes, do
tido de guerra, o governador Rafael Fernandes, que foi recebido por Dom Jaime
Câmara, o povo, escolas e autoridades presentes.
Nesse mesmo dia foi inaugurada a Praça da Conceição marcar o festivo acontecimento.
As
15h00 o bispo tomou um trem especial na estação de Porto Franco que o conduziria
a cidade de Mossoró em companhia do governador Rafael Fernandes e respectivas
comitivas.
Em Mossoró
Foi
recebido na estação por grande multidão, autoridades, associações, colégios e
escolas, falando o juiz distrital dr. Epitácio Fernandes.com todos os seus
paramentos, dirigiu-se para a Catedral, fazendo entrada solene, estando
presentes, especialmente convidados o representante do bispo de Natla, o
governador do estado que foram os paraninfos da posse.
O cônego Amancio Ramalholeu as bulas
pontificais passando-se a leitura da ata pelo padre Jorge O’Grady,proferindo,
então o padre Paulo Heroncio a oração congratulatória.Seguiu-se solene Te Deum
cantado pelas alunas do Colégio Sagrado Coração de Maria.
A cidade achava-se engalanada e cheia
de escudos do Rio Grande do Norte e Santa Catarina reinando intenso entusiasmo.
(A ORDEM, 28/04/1936, p.1).
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