.
O
projeto do edifício destinado a Diretoria Regional do Correios e Telégrafos em
Natal foi de autoria do engenheiro Paulo Candiota e foi ele quem apresentou o
seu projeto em artigo publicado na Revista da Diretoria de Engenharia do Rio de
Janeiro (nº.5, ano 2, 1933, p.5-7).Eis o
teor do referido artigo transcrito do original apenas com correções ortográficas
que foram atualizadas conforme a normativa atual.
O
terreno destinado a receber a construção era de forma retangular e situado em
uma esquina formada por uma ampla avenida[1] e uma rua menos
importante, que ia em direção perpendicular ao cais do porto no Rio Potengi e
por onde circulava uma linha da estrada de ferro[2] medindo por aquela 34,25m
e por esta 31,15m.
Para
que ficasse a construção mais ou menos dentro dos limites da verba de
400:000$000, reservada para tal finalidade, a Diretoria do Material do
Departamento dos Correios de Telégrafos, estabeleceu previamente que fosse
fixado em 350$000 por m² de pavimento o custo provável da construção.
O
edifício foi projetado mais ou menos dentro destes limites, somando as áreas
dos dois pavimentos 627m², exceto a garagem que mediria 41m² e cuja base de
preço por metro quadrado era menor.
O projeto do edifício foi estudado de
forma a oferecer, não só ao público como aos funcionários que nele trabalhariam
o Maximo de conforto e comodidade. Assim é, que a planta foi estudada
satisfazendo plenamente a todas as exigências de distribuição para maior
eficiência de trabalho, que requeria um edifício deste gênero, que eram as
seguintes:
1º-
Completa independência da parte procurada pelo público da outra destinada aos
funcionários.
2º-Circulaçaõ
perfeita ligando entre si todas as dependências.
3º-Disposiçao
de todos os guichês ao alcance rápido do público e acesso fácil as dependências
procuradas por este.
4º-Distinção
perfeita do serviço de valor do sem valor, com ligação fácil de ambos com a
manipulação, e direta dos guichês de valor com a Tesouraria.
5º
ligação rápida dos guichês de taxa telegráfica com a sala de aparelhos e desta
para a expedição.
6º-Ligação
direta da sala dos carteiros e estafetas com a de manipulação e de expedição.
7º-
Serviço de carga e descarga da correspondência direta na manipulação e do
material no almoxarifado.
8º-Colocação
isolada da usina devido a exalação de gases das pilhas e baterias.
Quanto ao partido arquitetônico de
fachada a ser adotado, por si só a situação do terreno, indicava, pela grande
diferença de importância entre as artérias nas quais ele ficava situado. O
partido arquitetônico do ângulo, isto é, aquele no qual esta parte do edifício
dominava, fazendo-se por ai o acesso principal ao mesmo, não seria plausível,
em vista de ficar esta em posição oposta a direção da parte central da cidade.
Fachada principal e lateral
Vista aérea vendo-se o pátio de serviços
Por isso foi escolhido como partido
mais lógico o do complexo domínio da fachada da Avenida, em cujo eixo foi localizada
a entrada principal.
O acesso ao edifício seria feito por
três entradas distintas: uma destinada exclusivamente ao público, outra aos
funcionários e uma terceira aos veículos.A primeira, localizada na fachada
principal dando para a grande Avenida, se faria por uma espaçosa porta de ferro
batido, que abriria-se diretamente, sobre o grande hall do publico, para o qual
dava todos os guichês.A segunda seria feita pela fachada lateral que daria
sobre a rua onde transitava a estrada de ferro, dando logo acesso ao hall de
serviço.A terceira, também pela Avenida, seria feita por um grande portão que
daria aceso ao pátio de serviço, para onde daria as plataformas de carga da
conferencia e almoxarifado e aonde se acharia localizada a garagem.
Tanto a entrada principal como a de
veículos tiveram que ser pela mesma Avenida por que não poderia ser de outra
forma em vista do tráfego da estrada de ferro pela outra rua.
Aproveitando, no entanto, o trânsito da
estrada de ferro por esta rua, foi prevista a entrada de serviço que daria para
ela bastante espaçosa, a fim de facilitar, por um pequeno ramal por meio de
vagonetes, a carga e descarga da correspondência dos vagões diretamente na
plataforma da sala de manipulação.
No grande hall do publico estariam
localizados todos os guichês; em frente as portas de entrada estaria a caixa de
coleta, a sua esquerda os guichês de valor como os de venda de selos, taxa
telegráfica, emissão de vales, pagamento do pessoal e saldo de agências e
registro sem valor; a direita os sem valor como aérea, expressa, registro sem
valor, posta restante e colis posteuax.
A direita de quem entrava no grande
hall do público e dando para este localizaria um dos corpos laterais da fachada
principal desenvolvendo-se a escada principal de aceso do público ao segundo
pavimento e assim como também o serviço de informações, um pequeno depósito e
portaria.
Esta
última ficaria junto a escada comunicando-se o exterior por uma pequena porta
de emergência, que facilitaria o acesso direto a sala de aparelhos,
independente de passagem do grande hall.Teria por fim esta entrada facilitar o
serviço noturno do telegrafo com dispensa de porteiro e sem despesa de
iluminação do grande hall, atingindo-se esta entrada que ficava próxima, pelo
portão de veículos que dava para a Avenida.
No corpo lateral da esquerda, também
dando diretamente para o grande hall do publico estava localizado o serviço de
assinantes compreendendo: a manipulação, o guichê de entrega de registrado e as
caixas de assinantes.
A parte de serviço estava dividida em 5
grupos: Diretoria Geral, serviço econômicos, tráfego telegráfico, tráfego
postal e linhas e instalações.
No 1º pavimento a direita de quem
entrava dando para o pátio estava localizada a tesouraria para onde davam todos
os guichês de valor, o arquivo, a casa forte e o compartimento de registrados
com valor.
A
esquerda, dando sobre a fachada lateral estava localizado o serviço de tráfego
postal, que compreendia um amplo salão de manipulação tendo em uma das
extremidades, a dependência do chefe do tráfego e auxiliares e na outra a de
manipulação dos carteiros ligados diretamente ao hall de serviço, tendo este
salão ligação direta com a sala de conferencias, que dava com a plataforma de
carga sobre o pátio, assim como também com os diversos guichês sem valor, e
compartimentos destes, como: o de registrados sem valor, collis postauex, entrega de registrados e assinantes e ainda com a
manipulação, caixa de assinantes, caixa de coleta e tesouraria.
Planta do 1º pavimento
Planta do 2º pavimento
Dando sobre o pátio estavam localizados
as salas de conferencia postal, de expedição do serviço telegráfico e de
estafetas e carteiros com ligação rápida com o hall de serviço, e ainda os
vestiários e aparelhos sanitários para homens e senhoras, dado para a galeria
de circulação.
Nos
fundos estaria situados o Hal de serviço que dava sobre uma área de entrada
para a fachada lateral e o almoxarifado, com plataforma de carga para o pátio. No
hall, estava localizado o monta cargas, que também serviria diretamente o
almoxarifado, facilitando desta forma a subida ou descida de qualquer carga do
hall do 1º pavimento para o do 2º ou para o almoxarifado e daí rapidamente para
o exterior ou interior do edifício.Ligando todas estas dependências haveria uma
galeria de circulação que daria para o
hall de serviço.
No
2º pavimento se localizaria a Diretoria Geral que ocuparia a fachada principal
do edifício, com acesso rápido pela ampla escadaria do hall do público, e que
compreendia a sala do contínuo, sala de
espera, gabinete do Diretor e auxiliares, sala do protocolo e expediente,
seguindo-se a contadoria seccional, biblioteca e abrangendo parte da fachada
lateral os serviços econômicos e arquivo.
O serviço de tráfego telegráfico separado
pela galeria de circulação da Diretoria Geral e dando sobre o pátio, também com
acesso rápido pela escada do grande hall do público, compreendia a sala do
chefe de tráfego telegráfico e auxiliares, a grande sala de aparelhos e suas dependências,
arquivo do dia e uma pequena oficina com ligação direta por meio de tubos com o
guichê da taxa telegráfica e com a sala de expedição no 1º pavimento.
Nos
fundos, dando sobre a fachada lateral, tinha-se as dependências do serviço das
linhas e instalações e rádio que eram: a sala de inspetores e guarda-fios, sala
de praticantes, rádio e por último a usina elétrica que daria para o pátio de
distribuição que se compunha de salas de bateria e do quadro de
distribuição.Dando para o pátio estariam localizados: um avarandado para café e
na mesma posição que os de baixo, os vestiários e aparelhos sanitários para
homens e senhoras.
Como
no 1º pavimento todas as dependências davam para uma galeria de circulação, que
ai, ligava o hall de serviço com a escada de acesso do hall do público,
estabelecendo uma ligação perfeita entre todas as dependências.
Detalhes da fachada principal e lateral
Fundo do edifício pela av. Duque de Caxias
Detalhes do edifício em 3d
Detalhes da fachada principal
Fotos: Google Earth, 2019. |
[1]
Atual Esplanada Silva Jardim, na Ribeira.
[2]
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.Era a linha de contorno que
dava até a Estação central da Esplanada Silva Jardim, atual sede do DNOCS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário