Prolegômenos
Como
se sabe a cidade de Natal teve sua vida transformada pelos acontecimentos que
se seguiram a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial quando a capital
potiguar passou a sediar uma Base do Exercito dos EUA no então distrito de
Parnamirim a partir de 1942.
A
posição estratégica de Natal foi de fundamental importância para a escolha norte-americana
para abrigar sua base de abastecimentos de aviões que partiam para a Europa
onde se dava o teatro da grande conflagração bélica.
Inúmeros
trabalhos e livros foram feitos sobre a presença americana em Natal e de como a
cidade foi transformada pela estadia desses soldados na capital potiguar.
Nossa
contribuição hoje ao debate sobre o tema traz os exercícios realizados em Natal
para instruir a população para a defesa ativa e passiva da capital. A defesa
ativa diz respeito ao que era feito pelas forças militares aquarteladas em
Natal e na Base Aérea de Parnamirim, já a defesa passiva diz respeito aos
cuidados que os civis deveriam tomar para se protegerem em caso de ataque
aéreo.
Por
orientação das forças militares a população de Natal foi incentiva a construir
abrigos subterrâneos nas residências capazes de suportar ataques aéreos, assim
como também era a população instruída por meio de exercícios realizados durante
a noite, os chamados ‘blackouts’, quando as luzes da cidade toda eram
desligadas geralmente das 20h00 as 00h00 para simular um ataque real das forças
inimigas. Durante esse período a cidade era vigiada pela esquadrilha antiaérea
que sobrevoava a capital.
Base Aérea de Parnamirim
Sobre os Blackout de Natal
Os exercícios de desligamentos das
luzes da cidade eram divulgados previamente pelos jornais locais para que os
cidadãos natalense pudessem se preparar para participar ativamente dos
exercícios.
Um desses exercícios foi registrado
pelo jornal Diário de Natal onde segundo o mesmo a população de Natal foi
submetida na noite de 26/03/1942 a novos exercícios de defesa passiva da cidade
(DIÁRIO DE NATAL, 28/03/1942, p.1). A tropa aquartelada em Natal estava a
postos, em experiências de defesa ativa, sendo o ‘black-out’ extensivo também a
Macaíba e São José de Mipibu, cidades situadas apenas a poucos minutos de voo
da capital.
Esses exercícios tinham a finalidade de
verificar a eficiência da defesa pela tropa e comprovar o cumprimento das
medidas determinadas ao povo para a defesa passiva, assim como o regular
funcionamento dos serviços auxiliares e de socorros, tanto do Exército como da
administração civil.
Segundo o referido jornal todos esses
objetivos foram alcançados com brilhante sucesso (DIÁRIO DE NATAL, 28/03/1942,
p.1).
A
simulação de ataque aéreo de Natal era feita pela a aproximação de aviões “inimigos”,
o posto telefônico central recebia a comunicação, oriunda de um posto
telefônico situado a grande distância da cidade.Dali partiu imediatamente o
sinal.Ao soar as sirenes apagavam-se totalmente as luzes não só em Natal como naquelas
outras cidades, ficando o trânsito na capital completamente paralisado, onde os
pedestres e os motoristas de veículos deveriam tomar todas as necessárias
precauções.
Os refletores entravam em ação, ao
mesmo tempo que se aproximava o ruído dos aparelhos atacantes, que iam sendo,
um a um, localizados perfeitamente, a medida que se aproximavam de objetivos
militares.Nos pontos visados pelos aviões “atacantes” a tropa demonstrou
achar-se nas melhores condições para a defesa conforme o citado jornal (DIÁRIO
DE NATAL, 28/03/1942, p.1).
Repercussão dos exercícios de blackouts
em Natal
O comandante da Guarnição Militar de
Natal não pode esconder sua satisfação pelo resultado animador do exercício de
extinção e disciplina de luzes realizado na noite de 02/03/1942.
Em grande parte deveu-se o êxito dos
exercícios a compreensão patriótica da grande necessidade de tal exercício por
parte da disciplinada, laboriosa e ordeira população de Natal que num gesto tão
louvável cooperou de maneira muito eficiente, atendendo aos conselhos que lhe
foram dados (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942, p.4).
Ainda segundo o referido jornal as
unidades do Exército, além do Grupo de Artilharia Antiaérea que teve parte
destacada no exercício, num espírito de exemplar cooperação e disciplina,
tiraram partido do exercício para instruir a sua tropa nesse setor de
atividade.
A policia civil e militar, sob a
orientação do seu chefe conseguiu que fosse a realização do exercício feita
dentro do mais louvável ambiente de ordem e eficiência.
Já a Companhia Força e Luz cooperou com
uma dedicação invulgar, dando demonstração do seu grande empenho em bem servir (DIÁRIO
DE NATAL, 04/03/1942, p.4).
A aviação sob o comando do Major
Turner, muito fez em proveito da noite de exercício e concorreu com a sua
colaboração, para tão bons resultados na prática da defesa antiaérea.
As pequenas falhas havidas, foram
fáceis de serem eliminadas, longe de constituírem fator de desanimo, deram
margem a observações de grande utilidade, donde os melhores ensinamentos.
O
corpo médico da capital distribuiu-se nos setores previstos, dando mostra da
sua intenção patriótica de sincera cooperação.
O
auxilio dos escoteiros também foi imprescindível “os meninos de hoje, grandes
homens de amanhã”. (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942,p.4).
O
que ficou provado, segundo o jornal Diário de Natal, foi que o exercício realizado
em Natal mostrou a digna população da capital a certeza de que podia está
confiante, que a Guarnição de Natal estava alerta como verdadeira atalaia em
defesa do Brasil. (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942,p.4).
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