sábado, 4 de maio de 2019

NATAL EM TEMPOS DE II GUERRA MUNDIAL


Prolegômenos
Como se sabe a cidade de Natal teve sua vida transformada pelos acontecimentos que se seguiram a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial quando a capital potiguar passou a sediar uma Base do Exercito dos EUA no então distrito de Parnamirim a partir de 1942.
A posição estratégica de Natal foi de fundamental importância para a escolha norte-americana para abrigar sua base de abastecimentos de aviões que partiam para a Europa onde se dava o teatro da grande conflagração bélica.
Inúmeros trabalhos e livros foram feitos sobre a presença americana em Natal e de como a cidade foi transformada pela estadia desses soldados na capital potiguar.
Nossa contribuição hoje ao debate sobre o tema traz os exercícios realizados em Natal para instruir a população para a defesa ativa e passiva da capital. A defesa ativa diz respeito ao que era feito pelas forças militares aquarteladas em Natal e na Base Aérea de Parnamirim, já a defesa passiva diz respeito aos cuidados que os civis deveriam tomar para se protegerem em caso de ataque aéreo.
Por orientação das forças militares a população de Natal foi incentiva a construir abrigos subterrâneos nas residências capazes de suportar ataques aéreos, assim como também era a população instruída por meio de exercícios realizados durante a noite, os chamados ‘blackouts’, quando as luzes da cidade toda eram desligadas geralmente das 20h00 as 00h00 para simular um ataque real das forças inimigas. Durante esse período a cidade era vigiada pela esquadrilha antiaérea que sobrevoava a capital.
                  Vista aérea do bairro do Tirol 
                                                 
                                                   Base Aérea de Parnamirim


Sobre os Blackout de Natal
         Os exercícios de desligamentos das luzes da cidade eram divulgados previamente pelos jornais locais para que os cidadãos natalense pudessem se preparar para participar ativamente dos exercícios.
         Um desses exercícios foi registrado pelo jornal Diário de Natal onde segundo o mesmo a população de Natal foi submetida na noite de 26/03/1942 a novos exercícios de defesa passiva da cidade (DIÁRIO DE NATAL, 28/03/1942, p.1). A tropa aquartelada em Natal estava a postos, em experiências de defesa ativa, sendo o ‘black-out’ extensivo também a Macaíba e São José de Mipibu, cidades situadas apenas a poucos minutos de voo da capital.
         Esses exercícios tinham a finalidade de verificar a eficiência da defesa pela tropa e comprovar o cumprimento das medidas determinadas ao povo para a defesa passiva, assim como o regular funcionamento dos serviços auxiliares e de socorros, tanto do Exército como da administração civil.
         Segundo o referido jornal todos esses objetivos foram alcançados com brilhante sucesso (DIÁRIO DE NATAL, 28/03/1942, p.1).
A simulação de ataque aéreo de Natal era feita pela a aproximação de aviões “inimigos”, o posto telefônico central recebia a comunicação, oriunda de um posto telefônico situado a grande distância da cidade.Dali partiu imediatamente o sinal.Ao soar as sirenes apagavam-se totalmente as luzes não só em Natal como naquelas outras cidades, ficando o trânsito na capital completamente paralisado, onde os pedestres e os motoristas de veículos deveriam tomar todas as necessárias precauções.
         Os refletores entravam em ação, ao mesmo tempo que se aproximava o ruído dos aparelhos atacantes, que iam sendo, um a um, localizados perfeitamente, a medida que se aproximavam de objetivos militares.Nos pontos visados pelos aviões “atacantes” a tropa demonstrou achar-se nas melhores condições para a defesa conforme o citado jornal (DIÁRIO DE NATAL, 28/03/1942, p.1).

Repercussão dos exercícios de blackouts em Natal
         O comandante da Guarnição Militar de Natal não pode esconder sua satisfação pelo resultado animador do exercício de extinção e disciplina de luzes realizado na noite de 02/03/1942.
         Em grande parte deveu-se o êxito dos exercícios a compreensão patriótica da grande necessidade de tal exercício por parte da disciplinada, laboriosa e ordeira população de Natal que num gesto tão louvável cooperou de maneira muito eficiente, atendendo aos conselhos que lhe foram dados (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942, p.4).
         Ainda segundo o referido jornal as unidades do Exército, além do Grupo de Artilharia Antiaérea que teve parte destacada no exercício, num espírito de exemplar cooperação e disciplina, tiraram partido do exercício para instruir a sua tropa nesse setor de atividade.
         A policia civil e militar, sob a orientação do seu chefe conseguiu que fosse a realização do exercício feita dentro do mais louvável ambiente de ordem e eficiência.
         Já a Companhia Força e Luz cooperou com uma dedicação invulgar, dando demonstração do seu grande empenho em bem servir (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942, p.4).
         A aviação sob o comando do Major Turner, muito fez em proveito da noite de exercício e concorreu com a sua colaboração, para tão bons resultados na prática da defesa antiaérea.
         As pequenas falhas havidas, foram fáceis de serem eliminadas, longe de constituírem fator de desanimo, deram margem a observações de grande utilidade, donde os melhores ensinamentos.
O corpo médico da capital distribuiu-se nos setores previstos, dando mostra da sua intenção patriótica de sincera cooperação.
O auxilio dos escoteiros também foi imprescindível “os meninos de hoje, grandes homens de amanhã”. (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942,p.4).
O que ficou provado, segundo o jornal Diário de Natal, foi que o exercício realizado em Natal mostrou a digna população da capital a certeza de que podia está confiante, que a Guarnição de Natal estava alerta como verdadeira atalaia em defesa do Brasil. (DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1942,p.4).

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