domingo, 19 de maio de 2019

O GRANDE HOTEL DE NATAL


O Grande Hotel de Natal foi um empreendimento do governo do estado por meio da prefeitura do Natal que marcou a paisagem da Ribeira na década de 1940/50.O então interventor federal Rafael Fernandes quis demonstrar por meio do Grande Hotel de Natal que a capital potiguar havia superado o episódio da Intentona Comunista quando a cidade esteve sob domínio comunista por 72 horas ao passo que resolvia um problema estrutural da capital que era a falta de hotel para os viajantes e transeuntes de passagem pela terra potiguar.
Sua história se inicia ainda no ano de 1935 com a aquisição do terreno pelo governo do estado no entorno da Praça Leão XIII no bairro da Ribeira em Natal.No ano seguinte foi aberta concorrência pelo governo do estado para empresas interessadas em tocar a obra e arrendar o Hotel porém nenhuma empresa se interessou e o estado teve que tocar a obra por conta própria.
O projeto arquitetônico foi encomendado ao engenheiro francês radicado no Recife George Henry Munier que havia também elaborado o projeto da nova catedral de Natal em estilo neogótico em 1933. 
Com a presença do então governador do estado e demais autoridades realizou-se em 15/08/1936 a cerimonia do lançamento da pedra fundamental do Grande Hotel que seria erguido na Praça Leão XIII, na Ribeira.Na ocasião falou o dr. Renato Dantas sobre a significação do ato. (A ORDEM, 13/08/1936, p.4).
Em seu discurso disse Dioclécio Duarte:
Inicia-se hoje o edifício do Grande Hotel de Natal.Será um prédio moderno adaptado as condições da nossa capital e que resolve um problema que vinha exigindo inadiável solução, dada a carência de um estabelecimento desse gênero a altura do desenvolvimento de Natal, “cais da Europa”, como a chamou o ex ministro da Viação, Sr. Victor Konder.
Trata-se de um empreendimento que o Estado vai realizar através da Prefeitura da capital para que se objetive no terreno material esse surto novo de reerguimento que a política do atual governo do Rio Grande do Norte implantou.
Se na hora presente sob os céus potiguares há garantia para todos os direitos, reina nos lares a tranquilidade, nas cidades e nos campos, respeitada a lei, se respira a plenos pulmões a liberdade, nas oficinas há o império da ordem, no governo predomina a constante e perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, no sentido romano da justiça, sua operosidade e o seu deSejo de servir a nossa terra.E para isto conta em primeiro lugar, com o apoio integral da opinião pública, dos que se alegram com o progresso da nossa querida terra, e em seguida com o concurso entusiasmático, o zelo e a dedicação a toda prova dos seus auxiliares entre os quais o jovem e competente profissional a quem se vai entregar a construção desta obra.
Essa parte do discurso diz respeito ao acontecimento ocorrido no ano anterior da Intentona Comunista em que a cidade de Natal esteve sob domínio comunista por 72 horas e o caos instalado pelos mesmos no interior do estado.
E se dirigiu ao governador dizendo:
Peço a V. Excia que proceda ao assentamento da primeira pedra deste melhoramento que Natal vai dever à sua patriótica  e esclarecida visão de estadista a quem o destino reservou a missão histórica de inaugurar uma nova fase para o Rio Grande do Norte.  (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 15/08/1936, p.10). 
Projeto do Grande Hotel exposto no jornal Diário de Pernambuco em 1936
Fonte: Diário de Pernambuco, 19/09/1936, p.3.
           Abaixo o arquiteto George Henry Munier (sentado de terno) o idealizador do edifício do Grande Hotel de Natal em entevista ao jornal Diário de Pernambuco.

                              Fonte: Diário de Pernambuco, 19/09/1936, p.3.

Em 20/01/1937 prosseguiam os trabalhos de construção do Grande Hotel de Natal estando o edifício com a conclusão da sub-fundação. Toda a alvenaria era de embasamento, assegurando assim a solidez do prédio. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 24/01/1937, p.2) e em 06/05/1937 foi concluída a cobertura do pavimento térreo do Grande Hotel de Natal.
A construção esteve sob a direção do engenheiro e prefeito da capital Gentil Ferreira que em 29/07/1937 concluiu a segunda placa de cimento armado do Grande Hotel.Segundo o Diário de Pernambuco reinava a satisfação em todos a cidade pelo andamento dos serviços desta obra que estava sendo efetuada pelo governo do estado (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 29/07/1937,p.5).
No mesmo ano de 1937 o prefeito da capital potiguar havia adquirido um elevador com capacidade para 600 km para ser instalado no edifício do Grande Hotel de Natal.
Em 1938 o governo do estado abriu edital de concorrência para o prosseguimento das obras e exploração do Grande Hotel que seria inaugurado em outubro daquele ano. O arrendamento seria de 5 a 15 anos.O edifício seria entregue com todo mobiliário e instalações necessárias e teria um fiscal permanente do governo para fiel cumprimento do contrato.
Projeto do Grande Hotel apresentado no jornal Diário de Noticias em 1937
Fonte: Diário de Notícias, 29/04/1937,p.3.

As obras prosseguiram até que em 1939 foi inaugurado e ao que tudo indica em 1938 já havia sido concluído, pois em 01/01/1938 as 08h00 o prédio do Grande Hotel esteve exposto a visitação pública para “quantos queiram percorrer suas dependências”.
(A ORDEM, 31/12/1938, p.1).
Conforme se lia no jornal A Ordem em 13/05/1939 “hoje, o prefeito Gentil Ferreira fará a entrega solene do majestoso prédio do Grande Hotel, construído pelo Governo do Estado, sob a sua direção técnica, ao Departamento de Agricultura e Obras Públicas”.O prefeito Gentil Ferreira fez uma exposição dos trabalhos realizados até aquele momento no Grande Hotel.O prédio foi entregue a Dioclécio Duarte, diretor do Departamento de Obras Públicas.(A ORDEM, 13/05/1939, p.4).
Conforme o Diário de Pernambuco o Grande Hotel de Natal era um estabelecimento que muito vinha contribuindo para o melhoramento da capital potiguar, “pois, o forasteiro pode encontrar um estabelecimento em nada inferior aos melhores do gênero” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 10/08/1941, p.5).

                      O Grande Hotel na década de 1940



Em 1944 o governo abriu concorrência para o arrendamento do Grande Hotel pelo prazo de 5 anos, devendo os interessados fazer uma caução de 10.000 cruzeiros em moeda ou apólices.
O Grande Hotel foi durante a II Guerra Mundial o ponto de encontro de altas autoridades civis e militares que transitaram por Natal e pelos soldados que estavam em serviço na Base Aérea de Parnamirim, frequentando os bailes e o cassino que lá havia.


                      O Grande Hotel na década de 1940/50

Fonte: Revista Fon fon, 1948.

Fonte: Revista Careta, 1954.



O Grande Hotel atualmente















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