Tem coisas que se dissessem de boca em
boca ninguém acreditaria e parece que só acontecem em filmes hollywoodianos mas
que os anais das histórias estão ai pra dizer que coisas inimagináveis
aconteceram em Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Como se sabe em 1935 Natal foi sede de
um governo comunistas por longas e quase intermináveis 72 horas. Nada fizeram a
não ser espalhar o terror, saquear bancos e cidades, essas coisas típicas de
comunistas.
Pois bem, os lideres do movimento
comunistas de Natal foram presos na Casa de Detenção de Natal, atual Centro de
Turismo, no alto do Petrópolis, lá ficaram trancafiados como presos políticos.
Ocorreu que em 1942 esses presos
políticos enviaram telegrama ao presidente da República Getúlio Vargas, que os
prendera, em que tal telegrama os presos políticos do Estado manifestavam apoio
ao referido chefe da nação, a época reinando como ditador.
Esteve na redação do jornal A Ordem no
dia 11/09/1942 uma comissão de presos políticos composta do Sr. Wlademar Diniz
Henriques, José Costa e Mario Cabral de Lima, que foram levar uma cópia de um
telegrama de solidariedade passado ao presidente Getúlio Vargas em face dos
últimos acontecimentos. A comissão pediu ainda que acentuasse a gratidão ao
coronel André Fernandes e ao major Joaquim de Moura, atual administrador da
Detenção pela maneira solicita e delicada com lhes atenderam neste intento.
Eis
o telegrama[1]:
“[ao] presidente Getúlio Vargas - Rio. - Presos
políticos [de] 1935 recolhidos [na Casa de] Detenção [de] Natal, nunca
felizmente encontrados [em] serviço [de] espionagem contra a Pátria, vem
aplaudir entusiasticamente [o] gesto e nobiliante vossência[2] declarando guerra a
Alemanha e Itália, nações [que] terão [que] ser esmagadas [a] baionetas [pelos]
aliados e [que] estão prontos [a] atender [ao] primeiro chamado [de] vossência,
contanto [que o] Brasil não seja escravizado [pelos] traiçoeiros adeptos [do] nazismo
e [do] fascismo.
Respeitosas saudações
(as) Waldemar Diniz Henriques, José Costa, Mario
Cabral de Lima, José Francisco Alves, Luiz Salvador de Oliveira, José Paulo do
Nascimento,Antonio de Morais Campelo, Pedro Soares Monteiro, Manoel Soares,
João Pedro Ferreira, José Maria dos santos, Antônio Dionísio, João Francisco de
Oliveira, João Rosendo, Francisco, José Ciriaco de Oliveira, Luiz Antonio do
Nascimento, Eufrázio Pedro Ferreira e José Salusto (A ORDEM, 11/09/1942, p.1).
Quartel da Policia em Natal metralhado pelos comunistas em 1935
Comunistas presos no interior sendo conduzidos em trem para Natal em 1935
Foi isso mesmo que o leitor acabou de
ler.Presos políticos manifestando solidariedade pela atitude de Getúlio Vargas
em declarar guerra a Alemanha e Italia e ainda mais oferecendo apoio se
dispondo a engrossar as fileiras do combate contras os regimes totalitários do
Nazismo e do Fascismo que vigoravam em ambas as nações anteriormente citadas.
Notaram ainda caros leitores que os mesmo
presos antes do texto do telegrama pediram pra o redator do jornal A Ordem frisar
a “maneira solicita e delicada” das autoridades policiais do Estado?
Os tempos eram outros mesmo. Quem hoje em
dia concebe no seu imaginário que presos venham a público manifestar
publicamente seu apreço pelas autoridades que os prenderam, ainda mais se
tratando de comunistas?
A capital potiguar é deveras surpreendente!
[1]
Como se sabe não usa artigos, preposições e conjunções em telegramas, estes
foram inseridos no texto original para facilitar a leitura e compreensão do
leitor.
[2]
Vossa Excelência. V. Excia.
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