quinta-feira, 30 de maio de 2019

O NOVO EDIFÍCIO DOS CORREIOS DE NATAL




         O novo edifício dos Correios e Telégrafos de Natal teve sua construção iniciada em 07/04/1934, data em que o engenheiro Aldo Castella, representante da firma construtora Dolabela Portela se apresentou para o inicio dos trabalhos.
         Dois anos antes o Diretor Regional oficiou a Diretoria do Material dos Correios e Telégrafos solicitando para o Rio Grande do Norte a construção de um prédio nos moldes em que se fazia em outros Estados.
         O jornal A Ordem conseguiu em cópia desse documento, o qual constava dos seguintes termos:
         Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos
         29 de junho de 1932
         Nº 262
         Sr. Diretor do Material dos Correios e Telégrafos.
         Tendo o Sr. Ministro da Viação autorizado a construção de prédios para as repartições postais-telegraficas do interior deste e de outros Estados do Nordeste, medida qe de par com o aspecto humanitário de auxiliar os flagelados da seca, proporcionando-lhes trabalho e ganho da subsistência, é da alto alcance para os interesses da União, pois que, com ela cessarão os pagamentos de aluguel de prédios particulares e , ainda, terão os serviços instalação correspondente as suas necessidades e conveniências, esta Diretoria Regional pensa terem oportunidade as sugestões que , com a venda devida, passe a submeter a vossa apreciação.
Os Correios e Telégrafos nesta capital, como é do vosso conhecimento, tem os serviços de sua sede instalados em prédios diferentes, funcionando o tráfego postal no prédio da antiga sede da Administração dos Correios, bem assim a Tesouraria, as seções de expedientes em parte do prédio da estação da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, com parte do depósito de material, do departamento de que uma outra parte está ocupando um dos salões do prédio antigo da Alfândega de Natal.
         Poupo-me a entrar em considerações sobre as inconveniências de  uma tal divisão de trabalhos.Além do mais, não pode ter uma instalação de serviços que convenha ao próprio andamento destes, instalados como se acham em cômodos inapropriados, de dimensões apoucadas, alguns dos quais até falhos da segurança devida.
         Está designado para chefiar o serviço dessas construções no interior do Rio Grande do Norte, o engenheiro Romeu Albuquerque Gouveia e Silva, Chefe de Linhas e Instalações da diretoria Regional do Ceará.
         E é tendo em conta ocasião tão azada, que esta Diretoria vos vem sugerir a construção de um prédio, nesta capital, para sede dos Correios e Telégrafos.
         O Governo da União dispões em Natal de alguns terrenos em magnífica situação para um prédio dessa natureza. Pode-se citar como estando neste caso o local ora ocupado pelo antigo edifício da Alfândega, repartição que em breve terá todos os seus serviços instalados na nova sede que vem de ser construída. Além deste há outros pontos onde essa construção pode ser levada a efeito e que preenche amplamente todas as conveniências do serviço, qualquer que seja o ponto de vista por que se considere.
         Posso informar com segurança essa Diretoria de que o Governo do estado não será indiferente a uma iniciativa nesse sentido, que viesse dotar esta Repartição de uma instalação condizente com os seus fins.
         Esta Diretoria Regional se prontifica a prestar ao próprio engenheiro chefe do serviços de construções no interior, ou a essa Diretoria do Material, todos os informes e toda a cooperação necessários para se conseguir a efetivação das medidas que, caso julgueis razoáveis, vos dignásseis de encaminhar para consecução desse desiderato.
         Confiante de que encontrarão eco na vossa operosidade as sugestões que tenho a honra de vos fazer, aguardo o vosso pronunciamento sobe as mesmas, para meu governo.
Saúde e Fraternidade.
(a)  José Lucas Garcia Filho.
Diretor Regional.
Como delegado do governo federal, fiscalizou as obras o engenheiro da Seção de Edifícios do Departamento dos Correios e Telégrafos, Dr. Juvino Ramos.
O contrato com a firma foi feito por 420?448$700, mas o preço total montou a 618:538$700, motivado o aumento pelas alterações nas fundações, pelos moveis adquiridos, mudança de traçado e instalações internas.


  O prédio apresenta no primeiro pavimento as seguintes salas: tesouraria, seção de registrados, 4ª seção, seção de expedição de malas, seção de expedição de registrados, almoxarifado, posta-restante, serviço aéreo, hall público servido por artísticos balcões de mármore.No segundo pavimento: secretaria, chefia do tráfego telegráfico,seção econômica, chefia de linhas e instalações, sala de aparelhos, protocolo, conferencias da recita e despesa, estação de rádio, sala de espera, oficina e sala de motores, sala de café.Nos dois pavimentos há aparelhos sanitários modernos e confortáveis.


Fonte: A Ordem,1936.

  Todas as seções internas eram servidas por aparelhos telefônicos automáticos, os primeiros, aliás que foram montados no Estado.Custaram 20 contos.
O edifício foi construído em estilo cubista, com toda a estrutura em concreto armado.Possuindo amplas janelas metálicas com áreas de iluminação e ventilação tecnicamente calculadas.Na iluminação artificial interna foram empregados 27 mil velas.
Existia também um grande tanque de água com capacidade de 24 mil litros, do qual era elevado para um tanque menor, no pavimento superior, com capacidade de 10 mil litros. Ali era feita a distribuição por gravidade.
Os móveis foram adquiridos nas grandes fábricas “indústrias Reunidas de Madeiras” de Jorge Zeperrer, de Santa Catarina e custaram 108:090$000.
Prédios iguais ao que foi erguido em Natal existiam em Vitória, Aracaju, Maceió, São Luis e Teresina. (A ORDEM, 06/11/1936, p.1).
Conforme indicava o jornal A Ordem em 06/04/1936 as 16h00 foi entregue a Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos o novo e confortável prédio destinado ao funcionamento dos Correios e Telégrafos da capital potiguar, situado nas proximidades do Cais do Porto.
O prédio, que era de estilo cubista, foi construído pela companhia “Indústrias Brasileira Portela S.A” que encarregou o serviço o engenheiro Aldo Catella.
Por parte da Diretoria dos Correios foram os trabalhos fiscalizados pelo engenheiro Julio Ramos, a que, foi feita a entrega do prédio, passando este ao Diretor Regional, Sr. José Lucas Garcia.
As despesas com a construção ascenderam as soma de 40 contos de réis.
Foi aberta concorrência pública para o fornecimento dos moveis necessários ao aparelhamento da repartição. (A ORDEM, 07/04/1936, p.1).
Em 02/02/1936 o jornal A Ordem fez uma visita as instalações do novo prédio dos Correios de Natal e constatou que já estavam muito adiantados os trabalhos de instalação, estando prontas alguma seções.Para o serviço aéreo haveria uma rede especial, com caixa perfurada no próprio balcão, que era revestido de mármore.Também o serviço “Coli-Postal” poissuiria sua seção em sala especial sendo muito amplo os cômodos destinados a distribuição de correspondências recebidas.
Os serviços telegráficos, por sua vez, mereceram toda a atenção, ocupando várias salas desde a taxação, no andar térreo, até a dos aparelhos, no andar superior.
A Diretoria Geral já havia posto a disposição do Sr. José Lucas Garcia, diretor regional, a importância necessária a instalação de todos os serviços no novo prédio.
Provavelmente no dia 07/09/1936 seria oficialmente inaugurado o novo edifício dos Correios e Telégrafos de Natal. (A ORDEM, 02/08/1936, p.4).
A inauguração
A inauguração do novo prédio dos Correios e Telégrafos de Natal só ocorreu em 03/11/1936.
A cerimônia realizou-se as 14h00, presente o mons. João da Mata, Governador do Estado, Dom Marcolino Dantas, Bispo Diocesano, Gentil Ferreira, prefeito da capital, comandante Josué Freire, Enock Garcia, chefe de policia interino, comandante Barroso Magno, Bruno Pereira, procurado geral do estado, mons. Alfredo Pegado, Vigário Geral da Diocese, irmãos maristas, entre outras autoridades.
Por solicitação do Sr. José Lucas Garcia, diretor regional, o governador interino do Estado, mons. João da Mata, considerou inaugurado o edifício, proferindo algumas palavras alusivas a ao ato.
A seguir a senhorinha Judith Landim, funcionária dos Correios, passou a ler a seguinte portaria assinada pelo Diretor Regional:
Meus amigos convoquei esta reunião em que vedes a presença honrosa do exmo governador do estado, de magistrados, de outras distintas autoridades e de representante da imprensa, de todas as classes enfim, para nela solenizar-mos embora de maneira não suntuosa como se fazia mister, a inauguração do novo edificio, sede da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte e de suas moderníssimas instalações, edifício esse mandado construir pelo eminente Sr. Presidente Getúlio Vargas,nos termos do Decreto n° 22.193 de 8 de dezembro de 1932.
E assim, depois de tantos e tão longos anos, em que afagamos com carinho de quem vela por um ideal esse desejo de termos uma sede própria, condigna com a nossa Repartição, vemos afinal, realizado com a inauguração desse edifício amplo,moderno e bem localizado, onde de alguns dias a esta parte vimos executando nossa atividade profissional.
Na inauguração que ora solenizamos justo é que esta diretoria regional ponha em destaque o modo digno dos melhores elogios com que se houve o Delegado da Diretoria do Material, inspetor técnico, Dr. Jovino da Silva Ramos, engenheiro civil, ilustrado, honesto e modelismo, que foi de uma dedicação e operosidade inexcedíveis na fiscalização da construção do prédio e como executante de todas as suas instalações.
Para bem nos guiarmos Dora em diante e correspondermos ao carinhoso interesse do Sr. Diretor Geral em beneficio de serviço postal telegráfico desta Região, carecemos e careceremos muitos de união, de fraternidade, de amor ao trabalho e de porfia sincera e espontânea no cumprimento exato dos nossos deveres de burocratas postais telegráficas e de cidadãos.
O momento é de exortação em bem do engrandecimento da pátria e da República  e por isto eu vos concito, meus caros colegas a realização individual estrita das nossas obrigações, em prol do público, para que nossa repartição possa, assim, preencher sua elevada finalidade.
Esqueçamos, lealmente, quaisquer ressentimentos passados e afastemos de nossos cérebros e de nossos corações quaisquer ideias de vinganças, para nos preocuparmos exclusivamente com o bom nome de nossa repartição. O ódio é um sentimento aviltante, inadequado aos caracteres bem formados e por isto não vos deveis deixar  levar pelos que porventura se queiram tornar semeadores de intrigas e de vinganças!
Hosanas aos compahneiros de valor, aos companheiros que trabalham, aos companheiros que produzem!
Hosana aos bem intencionados!
José Lucas Garcia Filho
Diretor Regional dos Correios e Telégrafos.
Percorridos os vários compartimentos do prédio e servidas champage e cerveja aos presentes, foi encerrada a solenidade.
Durante a inauguração do novo prédio dos Correios e Telégrafos estava de serviço na sala de aparelhos a turma chefiada pelo telegrafista dr. Raimundo França e composta dos funcionários Oswaldo Moura, Arthur Villar, Murilo da Cunha Melo e João Leite Cordeiro, morsistas, João Alves Correia, Baudatista, José Alecrim, colante, mensageiros José Felismino, Luiz de França Morais e Reinaldo Galhardo e na intervenção o telegrafista José de França Coelho. (A ORDEM, 05/11/1936, p.1, p.4).
O prédio ainda exerce funções dos Correios atualmente.



















Maquete do novo edifício da sede dos Correios de Natal.
Revista Vida Domésica, 1933, N.183,  p.17.




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