O novo edifício dos Correios e Telégrafos
de Natal teve sua construção iniciada em 07/04/1934, data em que o engenheiro Aldo
Castella, representante da firma construtora Dolabela Portela se apresentou
para o inicio dos trabalhos.
Dois anos antes o Diretor Regional
oficiou a Diretoria do Material dos Correios e Telégrafos solicitando para o
Rio Grande do Norte a construção de um prédio nos moldes em que se fazia em
outros Estados.
O jornal A Ordem conseguiu em cópia
desse documento, o qual constava dos seguintes termos:
Diretoria Regional dos Correios e
Telégrafos
29 de junho de 1932
Nº 262
Sr. Diretor do Material dos Correios e Telégrafos.
Tendo o Sr. Ministro da Viação
autorizado a construção de prédios para as repartições postais-telegraficas do
interior deste e de outros Estados do Nordeste, medida qe de par com o aspecto
humanitário de auxiliar os flagelados da seca, proporcionando-lhes trabalho e
ganho da subsistência, é da alto alcance para os interesses da União, pois que,
com ela cessarão os pagamentos de aluguel de prédios particulares e , ainda, terão
os serviços instalação correspondente as suas necessidades e conveniências,
esta Diretoria Regional pensa terem oportunidade as sugestões que , com a venda
devida, passe a submeter a vossa apreciação.
Os
Correios e Telégrafos nesta capital, como é do vosso conhecimento, tem os
serviços de sua sede instalados em prédios diferentes, funcionando o tráfego
postal no prédio da antiga sede da Administração dos Correios, bem assim a
Tesouraria, as seções de expedientes em parte do prédio da estação da Estrada
de Ferro Central do Rio Grande do Norte, com parte do depósito de material, do
departamento de que uma outra parte está ocupando um dos salões do prédio
antigo da Alfândega de Natal.
Poupo-me a entrar em considerações
sobre as inconveniências de uma tal
divisão de trabalhos.Além do mais, não pode ter uma instalação de serviços que
convenha ao próprio andamento destes, instalados como se acham em cômodos inapropriados,
de dimensões apoucadas, alguns dos quais até falhos da segurança devida.
Está designado para chefiar o serviço
dessas construções no interior do Rio Grande do Norte, o engenheiro Romeu Albuquerque
Gouveia e Silva, Chefe de Linhas e Instalações da diretoria Regional do Ceará.
E é tendo em conta ocasião tão azada,
que esta Diretoria vos vem sugerir a construção de um prédio, nesta capital,
para sede dos Correios e Telégrafos.
O Governo da União dispões em Natal de
alguns terrenos em magnífica situação para um prédio dessa natureza. Pode-se
citar como estando neste caso o local ora ocupado pelo antigo edifício da Alfândega,
repartição que em breve terá todos os seus serviços instalados na nova sede que
vem de ser construída. Além deste há outros pontos onde essa construção pode
ser levada a efeito e que preenche amplamente todas as conveniências do
serviço, qualquer que seja o ponto de vista por que se considere.
Posso informar com segurança essa
Diretoria de que o Governo do estado não será indiferente a uma iniciativa
nesse sentido, que viesse dotar esta Repartição de uma instalação condizente
com os seus fins.
Esta Diretoria Regional se prontifica a
prestar ao próprio engenheiro chefe do serviços de construções no interior, ou
a essa Diretoria do Material, todos os informes e toda a cooperação necessários
para se conseguir a efetivação das medidas que, caso julgueis razoáveis, vos dignásseis
de encaminhar para consecução desse desiderato.
Confiante de que encontrarão eco na
vossa operosidade as sugestões que tenho a honra de vos fazer, aguardo o vosso
pronunciamento sobe as mesmas, para meu governo.
Saúde
e Fraternidade.
(a) José
Lucas Garcia Filho.
Diretor Regional.
Como delegado do
governo federal, fiscalizou as obras o engenheiro da Seção de Edifícios do
Departamento dos Correios e Telégrafos, Dr. Juvino Ramos.
O contrato com a
firma foi feito por 420?448$700, mas o preço total montou a 618:538$700,
motivado o aumento pelas alterações nas fundações, pelos moveis adquiridos,
mudança de traçado e instalações internas.
O prédio apresenta no primeiro pavimento as
seguintes salas: tesouraria, seção de registrados, 4ª seção, seção de expedição
de malas, seção de expedição de registrados, almoxarifado, posta-restante,
serviço aéreo, hall público servido por artísticos balcões de mármore.No
segundo pavimento: secretaria, chefia do tráfego telegráfico,seção econômica,
chefia de linhas e instalações, sala de aparelhos, protocolo, conferencias da
recita e despesa, estação de rádio, sala de espera, oficina e sala de motores,
sala de café.Nos dois pavimentos há aparelhos sanitários modernos e confortáveis.
Fonte: A Ordem,1936. |
Todas as seções internas eram servidas por
aparelhos telefônicos automáticos, os primeiros, aliás que foram montados no
Estado.Custaram 20 contos.
O edifício foi construído
em estilo cubista, com toda a estrutura em concreto armado.Possuindo amplas
janelas metálicas com áreas de iluminação e ventilação tecnicamente
calculadas.Na iluminação artificial interna foram empregados 27 mil velas.
Existia também um
grande tanque de água com capacidade de 24 mil litros, do qual era elevado para
um tanque menor, no pavimento superior, com capacidade de 10 mil litros. Ali
era feita a distribuição por gravidade.
Os móveis foram
adquiridos nas grandes fábricas “indústrias Reunidas de Madeiras” de Jorge
Zeperrer, de Santa Catarina e custaram 108:090$000.
Prédios iguais ao
que foi erguido em Natal existiam em Vitória, Aracaju, Maceió, São Luis e
Teresina. (A ORDEM, 06/11/1936, p.1).
Conforme indicava o
jornal A Ordem em 06/04/1936 as 16h00 foi entregue a Diretoria Regional dos
Correios e Telégrafos o novo e confortável prédio destinado ao funcionamento
dos Correios e Telégrafos da capital potiguar, situado nas proximidades do Cais
do Porto.
O prédio, que era de
estilo cubista, foi construído pela companhia “Indústrias Brasileira Portela
S.A” que encarregou o serviço o engenheiro Aldo Catella.
Por parte da
Diretoria dos Correios foram os trabalhos fiscalizados pelo engenheiro Julio
Ramos, a que, foi feita a entrega do prédio, passando este ao Diretor Regional,
Sr. José Lucas Garcia.
As despesas com a construção
ascenderam as soma de 40 contos de réis.
Foi aberta concorrência
pública para o fornecimento dos moveis necessários ao aparelhamento da repartição.
(A ORDEM, 07/04/1936, p.1).
Em 02/02/1936 o
jornal A Ordem fez uma visita as instalações do novo prédio dos Correios de
Natal e constatou que já estavam muito adiantados os trabalhos de instalação,
estando prontas alguma seções.Para o serviço aéreo haveria uma rede especial,
com caixa perfurada no próprio balcão, que era revestido de mármore.Também o
serviço “Coli-Postal” poissuiria sua seção em sala especial sendo muito amplo
os cômodos destinados a distribuição de correspondências recebidas.
Os serviços telegráficos,
por sua vez, mereceram toda a atenção, ocupando várias salas desde a taxação,
no andar térreo, até a dos aparelhos, no andar superior.
A Diretoria Geral já
havia posto a disposição do Sr. José Lucas Garcia, diretor regional, a importância
necessária a instalação de todos os serviços no novo prédio.
Provavelmente no dia
07/09/1936 seria oficialmente inaugurado o novo edifício dos Correios e Telégrafos
de Natal. (A ORDEM, 02/08/1936, p.4).
A
inauguração
A inauguração do
novo prédio dos Correios e Telégrafos de Natal só ocorreu em 03/11/1936.
A cerimônia realizou-se
as 14h00, presente o mons. João da Mata, Governador do Estado, Dom Marcolino
Dantas, Bispo Diocesano, Gentil Ferreira, prefeito da capital, comandante Josué
Freire, Enock Garcia, chefe de policia interino, comandante Barroso Magno,
Bruno Pereira, procurado geral do estado, mons. Alfredo Pegado, Vigário Geral
da Diocese, irmãos maristas, entre outras autoridades.
Por solicitação do Sr.
José Lucas Garcia, diretor regional, o governador interino do Estado, mons. João
da Mata, considerou inaugurado o edifício, proferindo algumas palavras alusivas
a ao ato.
A seguir a
senhorinha Judith Landim, funcionária dos Correios, passou a ler a seguinte
portaria assinada pelo Diretor Regional:
Meus amigos
convoquei esta reunião em que vedes a presença honrosa do exmo governador do
estado, de magistrados, de outras distintas autoridades e de representante da
imprensa, de todas as classes enfim, para nela solenizar-mos embora de maneira
não suntuosa como se fazia mister, a inauguração do novo edificio, sede da
Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte e de suas moderníssimas
instalações, edifício esse mandado construir pelo eminente Sr. Presidente
Getúlio Vargas,nos termos do Decreto n° 22.193 de 8 de dezembro de 1932.
E assim, depois de
tantos e tão longos anos, em que afagamos com carinho de quem vela por um ideal
esse desejo de termos uma sede própria, condigna com a nossa Repartição, vemos
afinal, realizado com a inauguração desse edifício amplo,moderno e bem
localizado, onde de alguns dias a esta parte vimos executando nossa atividade
profissional.
Na inauguração que
ora solenizamos justo é que esta diretoria regional ponha em destaque o modo
digno dos melhores elogios com que se houve o Delegado da Diretoria do
Material, inspetor técnico, Dr. Jovino da Silva Ramos, engenheiro civil,
ilustrado, honesto e modelismo, que foi de uma dedicação e operosidade inexcedíveis
na fiscalização da construção do prédio e como executante de todas as suas
instalações.
Para bem nos
guiarmos Dora em diante e correspondermos ao carinhoso interesse do Sr. Diretor
Geral em beneficio de serviço postal telegráfico desta Região, carecemos e
careceremos muitos de união, de fraternidade, de amor ao trabalho e de porfia
sincera e espontânea no cumprimento exato dos nossos deveres de burocratas
postais telegráficas e de cidadãos.
O momento é de exortação
em bem do engrandecimento da pátria e da República e por isto eu vos concito, meus caros colegas
a realização individual estrita das nossas obrigações, em prol do público, para
que nossa repartição possa, assim, preencher sua elevada finalidade.
Esqueçamos,
lealmente, quaisquer ressentimentos passados e afastemos de nossos cérebros e
de nossos corações quaisquer ideias de vinganças, para nos preocuparmos
exclusivamente com o bom nome de nossa repartição. O ódio é um sentimento
aviltante, inadequado aos caracteres bem formados e por isto não vos deveis
deixar levar pelos que porventura se
queiram tornar semeadores de intrigas e de vinganças!
Hosanas aos
compahneiros de valor, aos companheiros que trabalham, aos companheiros que
produzem!
Hosana aos bem
intencionados!
José Lucas Garcia
Filho
Diretor Regional dos
Correios e Telégrafos.
Percorridos os
vários compartimentos do prédio e servidas champage e cerveja aos presentes,
foi encerrada a solenidade.
Durante a inauguração
do novo prédio dos Correios e Telégrafos estava de serviço na sala de aparelhos
a turma chefiada pelo telegrafista dr. Raimundo França e composta dos funcionários
Oswaldo Moura, Arthur Villar, Murilo da Cunha Melo e João Leite Cordeiro, morsistas,
João Alves Correia, Baudatista, José Alecrim, colante, mensageiros José Felismino,
Luiz de França Morais e Reinaldo Galhardo e na intervenção o telegrafista José
de França Coelho. (A ORDEM, 05/11/1936, p.1, p.4).
O prédio ainda
exerce funções dos Correios atualmente.
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