Os estrondos continuaram a serem
sentido em Baixa Verde no ano de 1952. Conforme se lia no jornal A Ordem “nos
últimos dias [...] fortes estrondos têm sido ouvidos em todos os recantos da
cidade de Baixa Verde, fazendo com que as casas estremeçam caindo barro das
paredes” (A ORDEM, 04/03/ 1952, p. 4). A população ficou inquieta
registrando-se novamente a saída de várias famílias da cidade. Os técnicos que
examinaram os casos de abalos sísmicos registrados anteriormente afirmaram que
a ocorrência não deveria causar preocupações na população porque eram fenômenos
explicados cientificamente (A ORDEM, 04/03/ 1952, p. 4).
Em agosto novas repetições de estrondos no Torreão.
Não há perigo de vulcão nem terremoto em baixa verde: mais uma explicação
para os abalos
eis a seguir o relatório apresentado pelo Dr. Wilhem Kegel sobre os fenômenos de Baixa Verde
dizia:
É
claro que os estrondos que neste município por vezes acontecem, assustam o povo
que não conhece as causas do fenômeno.
Sem
duvidas são produzidos por movimentos no subsolo. Não existindo, aqui galerias
e poços de minas, nem grandes pedreiras, estes movimentos devem ser causas
naturais.
Pode-se
absolutamente excluir a possiblidade, que os estrondos sejam causados por
atividades vulcânicas, agora subterrânea, mas talvez no futuro, seguidos por
extrusões superficiais em maior escala. Os vulcões são localizados em todo o
mundo, nas regiões da crosta da terra é fraca, como nos Andes, no México, no
Japão e em outros lugares. Por isso não existe nenhum vulcão no território do
país e não há motivos nenhum que no futuro esta situação possa mudar, sendo
pois, qualquer medo neste sentido de maneira alguma admitido.
A
situação é semelhante com respeito aos grandes terremotos. São muito raros
nesse país, mesmo os de pequena intensidade ao passo que nos estados dos Andes
acontecem de vez em quando de maneira catastrófica. A estrutura interna da
crosta terrestre nesta região do nordeste, a firmeza e estabilidade até grande
profundidade, excluem inteiramente a probabilidade de um terremoto
catastrófico.
Explicação
A única solução do problema é a
seguinte: ao norte de Baixa Verde estende-se a vasta região onde o subsolo até
mais de 200 metros de profundidade, consiste em calcário. Ele é depositado em
camadas horizontais e cortado por fendas mais ou menos verticais.
A
substancia do calcário é solúvel na água, motivo por que a água desta região em
geral é dura e pesada e não sempre potável. A permeabilidade das camadas
calcaria a água é maior que das demais pedras e rochas, por isso a água
meteórica inflltra-se rapidamente no subsolo, um fenômeno bem conhecido, por
exemplo, no curso do Riacho Seco. A água continua seu caminho no calcário até
um lugar muito baixo onde reaparece uma fonte. Para a região norte de Baixa
Verde, esta fonte é a de Pureza. Tal regime de água é bem conhecido em todo
mundo.
No
seu caminho através das camadas calcarias, a água dissolve muita substancia
delas, processo este observável, por exemplo, na Casa de Pedra ou na própria
fonte de Pureza. Esta perda de substancia leva à formação de buracos, de fendas
abertas, de cavernas e grutas. Em outras regiões são conhecidas cavernas e
vazios de um comprimento de muitos quilômetros.
Aqui,
a formação de grandes cavidades torna-se difícil, por causa do grande numero de
fendas verticais que cortam as camadas.
Sendo
assim, a situação subterrânea, o teto de uma cavidade não mais trazendo o peso
das camadas sobrepostas cai. Este processo é acompanhado por um barulho e as
vezes por um ligeiro abalo do subsolo.
Este
fenômeno causa os estrondos, que mostram certas diferenças da intensidade, naturalmente,
segundo a quantidade de pedras desmoronada.
Sendo
aqui as condições pouco favorável para a formação de grandes cavernas, este
processo não pode se tornar se tornar demais extenso. Entretanto é possível que
um abalo desata outro o que parece ter sido realizado no passado.
Destarte,
na superfície podem formar-se pequenas cavidades, em geral não imediatamente depois
do estrondo, mas de pouco em pouco, é o grande numero dos sumidouros, existindo
no areal calcário, deve resultar pelo menos parcialmente, deste processo.
Não há perigo
Não se tem notícia alguma, que por este
processo qualquer homem sofreu um dano. No futuro também não se dará. Em
resumo, é inteiramente excluído, que nesta região formar-se-á um vulcão ou que
acontecerá um terremoto catastrófico. Os estrondos continuarão; podem
interromper-se por anos, mas devem repetir-se. Entretanto, é totalmente improvável
que se tornem bem mais intenso que no passado.
Por
isso, o povo pode tranquilizar-se. Não há motivo nenhum de medo ou de desconfiança
no futuro.ao contrário, parece que o município, sendo as condições favoráveis,
está marchando para uma grande prosperidade”. Baixa Verde, 28 de março de 1952. Wilhem
Kegel, geólogo da divisão do Departamento Nacional de Produção Mineral.
Fonte: A Ordem, 03/03/1952, p. 4.
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