A Arquidiocese de Natal (Archidioecesis Natalensis) é uma
circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no estado do Rio Grande do Norte.
É a Sé Metropolitana da Província Eclesiástica de Natal, tendo duas dioceses
sufragâneas: Caicó e Mossoró.
Sua
criação ocorreu em 29 de dezembro de 1909 pela Bula Apostolicam in Singulis do Papa Pio X por meio do desmembramento da
diocese da Paraíba. A elevação a Arquidiocese ocorreu em 16 de fevereiro de
1952 pela Bula Arduum Onus do Papa
Pio XII.
Tem
como padroeira Nossa Senhora da Apresentação, também padroeira da cidade de
Natal.
Quando
foi criada a diocese a igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação na Cidade
Alta foi elevada a dignidade de igreja catedral, condição que vigorou até 1988
quando foi inaugurada a nova catedral na Avenida Deodoro da Fonseca, na antiga
praça Pio X.A Catedral Metropolitana de Natal (também conhecida como Catedral
Nova ou Catedral Nova Cidade), dedicada a Nossa Senhora da Apresentação.
História
É
a atribuída ao Pe. João Maria, considerado o santo de Natal, a vontade de se
construir uma igreja maior para se adequar ao crescimento da capital potiguar,
essa seria a futura catedral de Natal, porem o padre viveu e morreu sem que a diocese
houvesse sido criada. O padre João Maria promovia procissões as praias de Natal
para recolher pedras para a construção dessa nova igreja que seria num futuro a
nova catedral de Natal.
Em
1929 tomou posse o terceiro bispo da diocese de Natal, Dom Marcolino Dantas,
tendo em sua missão episcopal dois grandes projetos: abrir o seminário e
construir uma nova catedral. O seminário de São Pedro foi aberto no ano
seguinte, já o projeto para a nova catedral foi mais complicado e teve vida
longa até ser inaugurada como veremos a seguir.
A majestosa catedral gótica
O
projeto inicial da nova catedral de Natal foi um projeto do arquiteto francês
George Munier em estilo gótico inspirado na catedral de Colônia na Alemanha e
semelhante as catedrais de São Paulo e Fortaleza, esse projeto foi engavetado,
a diocese havia adquirido o terreno para a construção da nova catedral, na
praça Pio X, na Cidade Alta, dom Marcolino chegou a dá a benção solene da pedra
fundamental no dia 03/10/1933, porém os trabalhos de construção não avançaram.
A catedral monumento em estilo neoromano
Com
a nomeação de Administrador Apostólico da Arquidiocese de Natal Dom Eugênio
Sales em 1954 a ideia voltou a ser discutida dessa vez com um novo projeto a
fim de atender as circunstâncias da época relacionada ao custo da construção.
Desta
vez o novo projeto apresentado substituiu a arquitetura gótica pela neorromana,
com capacidade para acomodar até 5 mil pessoas.
Esse
projeto para a nova catedral de Natal coube a Calixto de Jesus Neto, o mesmo
que havia projetado a Basílica de Aparecida, assim, foi abandonado o estilo
gótico do primeiro projeto e em seu lugar surgiu um novo em estilo neorromano.
A catedral em estilo neorromano
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Em
18/09/1955 o arquiteto autor do projeto da nova catedral esteve em Natal para
apresentar numa conferencia os detalhes do projeto e justificando as
modificações introduzidas na planta original.
As
obras se iniciaram na comemoração do cinquentenário de morte do Pe. João Maria
em 16/10/1955 com a benção da pedra fundamental, nos dias seguintes o material
foi encostado na praça Pio X para dar início as obras de fato. A catedral era
considerada uma obra majestosa para Natal.
De acordo com o projeto do arquiteto
Calixto de Jesus Neto a catedral seria construída em forma de cruz ornamentada
com duas torres, jardins laterais, com capacidade para 2.000 pessoas sentadas e
4 mil em pé tendo sido orçada em 100 milhões de cruzeiros e sem prazo definido
para a conclusão, sendo a mais otimista das possibilidades em uma década.
Foram
construídas a sacristia, arquivo da cúria, expediente, biblioteca capela
particular do arcebispo, igualmente foram levantados os alicerces e subiram as
paredes, faltando o revestimento e o piso.
Dessa
vez as obras se iniciaram rapidamente, porém, foi interrompida porque a
Arquidiocese assumiu outras prioridades em sua ação pastoral[1].Ademais
o estilo arquitetônico foi considerado obsoleto frente ao que preconizava as
novas ideias do Concilio Vaticano II.
A “catedral balcão-galpão”
Ao
tomar posse como arcebispo de Natal em 1967, dom Nivaldo Monte, reavaliou o
projeto da nova catedral, foi uma fase polemica pelo elevado número de projetos
apresentados, um desses projetos era semelhante ao Palácio dos Esportes
localizados na Praça Pedro Velho, essa ideia foi de pronto contestada pela
opinião pública e arquitetos.
Nesse
projeto a nova catedral seria construída em estruturas metálicas medindo 40
metros de largura por 60 metros de comprimento e teria capacidade para 3 mil
pessoas.
A
concepção arquitetônica desse projeto se assemelharia a três dunas como
panorama de fundo se encaixaria na paisagem da cidade. Seria constituído de
três estrutura metálicas com três vitrais na frente de forma a permitir o
máximo de ventilação. Inicialmente no lugar dos vitrais seriam colocados
combongôs. Entre as entradas da frente haveria 12 colunas de cimento
significando os 12 apóstolos. Além das três entradas frontais haveria três nas
laterais.
Projeto dos alunos do curso de engenharia
Projeto dos alunos da faculdade de engenharia. Fonte: Diário de Natal,
1968, p.1.
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As dimensões seriam: o primeiro bloco
e o posterior teriam 40 metros de largura por 35 de comprimento e 18 de altura;
o segundo 30 metros de altura por 20 de comprimento e 13 de altura e o menor
que seria a frente da igreja 10 metros por 10 de comprimento e 8 de altura.
Esse projeto foi elaborado pro estudantes da escola de engenharia
Tal
projeto foi aprovado pelo arcebispo e pelos padres da arquidiocese e
esperava-se que fosse aprovada pela comissão de leigos dentre os quais estavam
o governador do estado, Associação Comercial e de Diretores Lojistas.
Criticas
O
projeto foi criticado de antiestético e apelidado de catedral-balcão, para o
arquiteto João Mauricio “dentro do aspecto técnico a diocese vai construir
apenas um galpão” (DIÁRIO DE NATAL, 1967, p. 8), ainda segundo ele, construir
uma catedral provisória não resolveria o problema da diocese. O arquiteto era
da opinião que a construção e uma catedral era uma obra de arte e que poderia
até demandar séculos “ o importante não é o tempo e sim a construção de algo
que permaneça para todas as gerações” (DIÁRIO DE NATAL, 1967, p. 8), terminou a
sua crítica reafirmando que construir um Palácio dos Esportes em estilo de Igreja
era além de inconsequente antiestético.
Nem balcão nem galpão
A arquidiocese procurou aclamar os ânimos do
debate sobre a nova catedral por meio do padre Manoel Barbosa, que apelava para
o espirito do Concilio Vaticano II que preconizava construções de igrejas
pobres, sóbrias, mas belas e digna de culto, para ele, a mentalidade do povo
não se adequava a templos suntuosos, sendo assim quanto mais simplicidade e
sobriedade houvesse melhor seria. Para o padre Barbosa o ideal seria uma
catedral moderna, sóbria e bela como Natal merecia.
Subterrânea e sem ventilação: O projeto de Luciano Toscano
Um anteprojeto para a nova catedral
foi apresentado a arquidiocese por Luciano Toscano, nesse projeto a obra seria
dividida em três pavimentos, sendo o primeiro a uma profundidade de 1,40m, onde
na parte da frente seria construída a cúria metropolitana, ficando a igreja
propriamente dita na parte de trás, o segundo pavimento compreenderia um platô
em cimento armado a 2, 60m acima do solo e o terceiro compreenderia a torre ao
estilo da catedral de Brasília, com altura de 26 metros e uma cruz de 7 metros
sobre ela plantada.
A Catedral subterrânea. Projeto de Luciano Toscano
Projeto de Luciano toscano. Fonte: Diário de Natal, 1973. |
O
projeto foi orçado em 2 milhões de cruzeiros, dos quais 700 mil só de cimento
armado. Esse projeto foi vetado pela prefeitura que justificou que a ocupação
de todo o terreno da praça Pio X prejudicaria a visão urbanística da cidade.
O anteprojeto da nova catedral se
assemelhava a catedral de Brasília, porém sem os raios com a cúpula, achatada,
feia, além disso, esse projeto não previa sistema de ventilação perfeito onde
ameaçava sufocar os féis.
Outra
crítica ao projeto era de que as salas destinadas a cúria metropolitana se
assemelhariam a biombos, contrariando a moderna arquitetura, acrescente a isso
que o projeto foi elaborado por um desenhista e não arquiteto, fato esse que
estaria preocupando dom Nivaldo Monte.
A catedral Pirâmide. Mais um projeto rejeitado
A
arquidiocese não se interessou pelo projeto mostrado a baixo o qual foi
considerado como sendo o melhor para ser executado, a maquete sequer foi
mostrada como o foram os desenhos do “ projeto galpões”, a justificativa da
arquidiocese era de que o projeto seria muito caro.
De
autoria do arquiteto João Mauricio Miranda. Os padres constataram o alto custo
da obra avaliado em NC$ 1 milhão e o projeto teve que ser interrompido ainda na
primeira etapa fazendo-se a opção pelos
galpões (Diário de Natal, 1968, p.
8), estilo que os arquitetos consideravam inadequado para o
tipo de construção que deveria ser uma catedral.
De
acordo com o projeto a catedral seria construída em concreto armado com uma
cúpula sextonada de 17 metros de altura. Ao lado da entrada principal ficaria o
batistério e um recinto para a administração dos serviços religiosos, nas
laterais ficariam capela para a padroeira, outra para o santíssimo e outra para
celebrações menores como batizados, casamentos etc. Haveria ainda um salão para
festas religiosas, além das sacristias. A baixo ficaria a cripta para
sepultamento dos bispos da Arquidiocese e outras autoridades religiosas.
A Catedral pirâmide. Projeto de João Mauricio Miranda
Projeto de João Mauricio Miranda. Fonte: Diário de Natal, 1968, p. 8. |
A catedral teria três entradas, sendo a
principal em rampa, a nave central ficaria com cota menos de 3 metros. No
interior haveria apenas uma mesa de mármore e um crucifixo situado em
semicírculo em torno do altar.
O
arquiteto João Mauricio criticava os projetos escolhidos pela arquidiocese por
se assemelhassem a estruturas de fabricas e ginásios esportivos em estruturas
de arcos, segundo ele arquitetura de uma catedral seria arte e como tal deveria
ser um marco de uma geração, por isso não entedia o porquê de um projeto ser
aceito sem nenhum valor artística como o fora o escolhido pela arquidiocese
externando sua opinião sobre o assunto.
[1]
Era o Movimento de Natal, em que a arquidiocese se voltou para a construção da
Igreja Povo, notadamente na ação social e engajamento dos leigos na vida
pastoral e ação política no cotidiano.
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